Milhazes escreveu a sua primeira crónica para a TSF em 1988 e no ano seguinte torna-se o correspondente do "Público" em Moscovo. Hoje, o Zé é correspondente da Agência Lusa, da SIC e da RDP. E foi condecorado com a Ordem de Mérito não sei por qual dos países.
Perante esta carreira de sucesso estonteante, então onde reside o problema?, perguntarão os meus pacientes leitores. O problema reside na mais que provável ideia que os Russos farão dos Portugueses através da voz ou dos escritos do Milhazes (se é que a suas safras não se destinam todas para exportar). Se o tipo, com 58 anos de vida, fala tão mal russo como fala português, se pensa tão mal em russo como pensa em português, então temos um problema de representatividade nacional sério, mesmo um pouco obsceno, pois a imagem do Zé Milhazes - entre o "pope" ortodoxo eslavo e o agente secreto russo do tempo dos czares - não é a de um "grunho", é a de um super-grunho, um tijolo de argúcia imóvel, um arquétipo de todos os grunhos possíveis, um daqueles que come criancinhas mesmo sem injecção atrás da orelha.
O Carlos Fino, que o antecedeu no cargo de aríete contra a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas e as concepções socialistas e comunistas, era um senhor "fino" (como o nome indica), comedido no veneno que ia instilando.
Portanto estão avisados, se comprarem o livro do Milhazes entram num dédalo que Vos deixará confusões inextricáveis e mossas na inteligência que levarão o seu tempo a sarar. Olhem, talvez seja menos atentatório da cultura e do bom gosto comprarem um disco do Toni Carreira ou dos seus filhos... e menos ofensivos para o olhar.
Sapatadas amigáveis do Leopardo
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