Reflexões do Leopardo

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sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Segunda parte do último debate em directo "Todos Contra Todos" na RTP 1, a 19.Janeiro.2016


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Já expliquei que a minha gripe e a extensão da notas registadas me impediram de reflectir sobre a totalidade do frente a frente de uma só vez . Inclusivamente peço desculpa a Sampaio da Nóvoa por aparecer ao lado de candidatos que não estão ao seu nível moral nem de probidade de intuitos.



O candidato Vitorino da Silva, ou Tino das Rãs ou Tininho das Arrãs, conforme prefere chamar-se segundo a hora, o local, o público ou o humor do momento, encabeçou o painel da sua campanha com o bombástico "Todos os seres humanos deviam ter asas" ( E riu-se... Ri-se muito.).
Depois da bomba eleitoral com asas, Tino, ligeiramente menos risonho, acrescentou que os reformados não devem trabalhar mais de 35 horas, porém, para os outros admite 35 ou 40 horas (deixa assim mais ou menos claro - porque com ele nada é nunca inteiramente claro ! - que os reformados continuarão a trabalhar, e que os trabalhadores da função pública e das empresas privadas não são contemplados).
E larga uma nova bomba eleitoral (que mergulha os outros candidatos e os pivôt's do frente na grande perplexidade): "Economicamente é preciso explicar o que é o zero!" (sic!)
Esta bomba termonuclear eleitoral fica envolta no mistério dos intrincados matemáticos.

E Tininho das Arrãs desce às raízes genealógicas da sua família: "Sou filho e neto de emigrantes. A minha família começou a emigrar no fim do século XIX, logo sei melhor que nenhum outro candidato o que é que os portugueses que estão lá fora pensam, e tenho uma experiência internacional de gerações. E os portugueses no estrangeiro abstêm-se, não votam. Ora conta tanto um voto em Bruxelas como em Rãs. (Involuntariamente, Tino deixa perceber que o problema dele é caçar votos).
E Tino adianta-se: "O PR tem que saber relacionar-se com a Europa (obviamente está implícita uma vantagem da sua parte que lhe deve vir da árvore genealógica...). Portugal deve ser mais reivindicativo em Bruxelas. No dia em que for eleito o povo português vai deixar de ser roubado ! (modéstias à parte, graças ao músculo reivindicativo do Tininho.)

Resumindo e arquivando, o candidato Vitorino da Silva pratica um populismo oco, sem sombra de moral e de vergonha, que cativará eleitores da sua região e cidadãos/ãs tão desiludidos com as políticas do PS, PSD, CDS que poderão ser atraídos pela oportunidade de ter um palhaço na Presidência.


Resultado de imagem para fotos ou imagens de Jorge Sequeira  

O candidato Jorge Sequeira afirma-se independente. Licenciou-se em psicologia na Universidade do Porto, estagiou no Hospital Psiquiátrico de Bromham, em Inglatera. É professor universitário, orador motivacional (as suas afirmações subsequentes ajudarão a tentar perceber o que isto seja). Diz-se investigador. Exerceu funções em vários programas europeus, entre os quais destaca o NOW, New Opportunities for Women (Novas Oportunidades para Mulheres). Trabalhou com Jesualdo Ferreira no Sporting Clube de Braga.

As suas declarações são, porém, mais esclarecedoras acerca das ideias que o animam (muito dificilmente se lhe pode chamar um programa de candidatura presidêncial).

Sequeira afirma que o que interessa é a "felicidade interna" dos cidadãos/ãs e que esta "não pode ser medida pelo PIB": "Existe gente cheia de dinheiro e muito infeliz". (Não posso deixar de parafrasear um amigo meu : entre um infeliz com dinheiro e um infeliz sem dinheiro, o primeiro está sempre mais defendido).

Segundo Sequeira, "o mais importante não é trabalhar muito, mas trabalhar bem". Assim, propõe-se ser "um auditor da população", "um vigilante da acção do Governo". "O PR precisa ser ágil, flexível, possuir enorme capacidade de adaptação" (atributos que, está pressuposto, reunirá em grosas, resmas, paletes).
Sequeira pronuncia-se decisivamente contra uma "partidocracia" (Talvez, queira falar directamente com os cidadãos á boa maneira dos ditadores de todos os tempos).
E, finalizando numa farândola de demagogia, assegura que "mais que corrupção o que há é incompetência; ele está ali com o seu dinheiro, ao contrário dos outros candidatos que realizam campanhas faustosas; e ("the last but not the least") os cidadãos deviam ser tratados como clientes".

Espremendo esta espuma de ideias - mas não de intenções - estamos perante um candidato com experiência psiquiátrica, sem experiência política, que em termos de propostas presidenciais se propõe saltar por cima dos partidos constituídos e dirigir-se não a um país, a uma nação, a seres humanos, mas a um mercado de consumidores.
Como se pode observar pela sua carreira profissional, está habituado a salários ou contractos "confortáveis" e busca decerto acrescentar ao seu currículo a candidatura à Presidência da República Portuguesa com os previsíveis reflexos na venda dos seus livros, nos futuros contractos e avenças.   


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O candidato Marcelo Rebelo de Sousa, (que todas as sondagens encomendadas dos "mírdia" dominantes dão como o vencedor antecipado, à primeira volta. A unanimidade é tanta que alguns se interrogarão para que servem as eleições...) interrogado, foi taxativo : "A mentira não é admissível".
Poder-se-á considerar que esta afirmação de entrada é um tiro no coração vinda de um candidato reconhecidissimamente do PSD (para já não falar do passado marcello-caetanista), que apoiou e é apoiado pelo PSD e CDS, e que simultaneamente se diz "independente e transversal". Porém, para o profe, esta mentira sobre a mentira, deve ser considerada uma mentirita, nada que faça perder o sono.
Novamente questionado, Marcelo assevera que "o OE, com a sua fronteira dos 3%, deve ser viabilizado. Quanto aos direitos sociais - as 35 horas de trabalho - devem ser restituídos... pelo menos parcialmente... desde que não exista derrapagem no OE... 
No que concerne às "pensões vitalícias, o profe considera que são difíceis de "defender". 

 Colocada a prazenteira questão (que tem sido um dos "leit- motifs" da campanha, e da vida, de MRS) se situa à Esquerda ou à Direita, Marcelo assegura que o PR "é um poder arbitral, um factor de consenso, de coesão social, não deve ser um contra-poder, deve ser um poder coadjuvante" o que, em sua opinião inclui que "um Governo deve chegar ao fim da legislatura".
Afirmações difíceis de sustentar democráticamente, quando um Governo gere em prejuízo e contra a vontade do Zé Povinho.
O profe considerou ainda que "a actual campanha tem sido de uma enorme riqueza, uma das mais ricas, o que foi proporcionado pela riqueza dos debates e de todas as intervenções, e ainda porque foi mais barata que as anteriores" (sic!)

Marcelo recordou que "foi contra a quota a atribuir às mulheres na AR, nas Autarquias, nas diversas comissões e contra um OE que viabilizasse novos rendimentos sociais.

Sobre aquela incómoda pergunta porque não cumprira o serviço militar, Marcelo, solícito mas empergaminhado, retorceu-se borbotando que estava quase, quase a cumprir o serviço militar, quando aconteceu o 25 de Abril. Os registos oficiais do Estado-Maior das FA's rezam outras coisas, todavia nem merece a pena metermo-nos por esses sendeiros.

Perguntado como classifica o Governo  da Hungria e o seu fechar de portas aos refugiados da guerra, MRS afirma que é um "homem de pontes, de convergências". O que consiste numa elíptica forma de dizer que não condenaria o Governo da Hungria e tornaria Portugal conivente de um erguer de muros contra os refugiados.

Em síntese, Marcelo revelou não se sentir à vontade num clima de contraditório, o seu género são mais "as conversas em família" à maneira do padrinho Marcello Caetano, e a sua imagem resultou ainda frouxa devido à ganância de pretender arrebanhar votos à Esquerda e à Direita, em Cima e em Baixo. Pode ter corrido o risco de perder votos em todos os quadrantes.


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 Questionado pelos "pivôt's", o candidato António Sampaio da Nóvoa afirmou que "não conseguia perdoar que tivesse sido retirada a liberdade às pessoas e às empresas".
E que "não aprovará nenhum documento sem o conhecer, nomeadamente o OE; será um PR exigente", "todavia não antecipa cenários".
Quanto ao horário de trabalho da Função Pública ser reduzido para as 35 horas, "ele deve ser de facto reequacionado".
Em relação a Marcelo, salientou que o dito candidato há 3 semanas atrás considerava um escândalo o que os candidatos a PR gastavam, agora diz que se moderaram. O mesmo ocorrendo com outras afirmações de MRS que se alteraram num ápice.

Nóvoa julga que entrámos num tempo novo de compromisso, mas igualmente de conflitualidade. O PR deve ser um factor de união.

Importunado por um outro candidato - de que darei a reflexão mais sucinta que puder, dado o carácter grosseiro, mentiroso e provocatório que assumiu - Nóvoa esclareceu que realizara de facto uma licenciatura em teatro, mas que, entretanto a legislação mudara e a licenciatura deixara de ser uma licenciatura. Portava consigo uma brochura que documentava o acontecido e que o outro candidato se recusou grosseiramente a pegar. De resto, acrescentou Nóvoa, é público que toda a sua acção académica se passou no âmbito das Ciências da Educação (licenciatura, mestrado, doutoramento e investigação, ajunto eu).

Interpelado se a sua candidatura se perfilava na linha de Cavaco Silva, como o apoiante de Nóvoa, general Eanes recentemente considerara num elogio equívoco, Nóvoa rectificou "que o que tem dito e proposto se situa exactamente nos antípodas da Cavaco; quem surge na esteira cavaquista é Marcelo.

Sintetizando, Nóvoa goza de um prestígio académico inegável, terá boas intenções, mas não é conhecido da população, experiência política não possui, e candidata-se ao mais alto cargo político do País, que inclui a liderança das FA's, a decisão final sobre o envolvimento da população portuguesa na Paz ou na Guerra.    


Resultado de imagem para fotos ou imagens de Paulo de Morais

O candidato Paulo de Morais considerou que António Costa tem cumprido os seus compromissos, porém devemos avaliar o que isso custa no próximo OE. Costa assumiu compromissos - como não aumentar os impostos -, mas não os está a cumprir. Por outro lado, Costa já devia ter apresentado o OE (que esteve empanchado pela falência do BANIF). Por exemplo, os livros escolares deviam ser grátis, mas o mercado livreiro é dominado pela Leya, Bertrand e outra editora, e o Governo Costa dobra-se às grandes editoras.

Morais julga que o problema fulcral do país é a Corrupção. Não que todos os políticos sejam corruptos, apenas uma minoria o é, todavia estes são dominantes e os outros são cúmplices. Simultaneamente afirma que nem toda a gente tem um preço, principalmente os mais humildes. 

Ou seja, o candidato "de Morais", diz-se e desdiz-se, contradiz-se a si mesmo. Ele um colaborador estreito e filhote ideológico de Rui Rio (PSD de tintas negras), autarca duro da Câmara do Porto, posteriormente deputado pelo PSD na AR, com vários cargos importantes na Assembleia, pretende fazer-se passar por "independente", mas não é mais que um psd "low profile", cuja tarefa na campanha eleitoral é denegrir a área do PS e fazer aparecer, por contraposição, o profe Marcelo como um candidato mais ao centro, tendencialmente transversal.

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 O candidato Cândido Ferreira também se pretende "independente".

Nos entretantos, os dados confiam-nos que é de Cantanhede, é médico, tem 66 anos e foi presidente da federação distrital do PS e deputado municipal pelo PS.
Assevera candidatar-se contra "o sistema" (que é, já vimos, uma das afirmações mais vagas e dúbias do léxico político). Afirma ser o candidato da esquerda em melhores condições de passar à segunda volta, porém, entrementes queixou-se de tratamento discriminatório na elaboração dos debates e enviou uma "Carta Aberta" aos outros candidatos no sentido de se solidarizarem com ele ("Carta" que, pelo tom recriminatório, não recolheu adesões).

Gabou-se de ser o único dos candidatos presentes que tratava António Costa por "tu" (sic!), que trabalhara com ele estreitamente, embora discordasse dele com alguma frequência.
Foi este o candidato que provocou Nóvoa pela sua licenciatura em teatro e que, depois, grosseiro, arrogante, nem para a documentação de Nóvoa olhou.

Resumindo o resumo deste ser humano resumido: o Ferreira, para além do narcisismo óbvio, dos propósitos de promoção pessoal, tentará captar descontentamentos internos no PS que não se revêem em Nóvoa, e captar aqueles cidadãos a quem a truculência sempre agrada e toma por sinal de força. 

Como a missa se alongou, termino. Atirai as pretensas sondagens para as urtigas ! Creio ter-Vos fornecido o necessário em informações e reflexões críticas para poderem votar na intimidade das Vossas consciências.  "Orate frates !"       

  
   
        

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