Reflexões do Leopardo

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Reflexões do Leopardo

quarta-feira, 20 de janeiro de 2016









     

Hoje, vou então tentar fazer uma síntese das declarações dos 10 Candidatos à Presidência da República Portuguesa no debate em directo havido ontem na RTP 1 a partir das 21 horas. Os pivôt's que lideraram o debate foram Carvalho dos Santos e Daniel qualquer coisa (os meus leitores que me desculpem, mas não consegui fixar o apelido), dois pivôt's conotados com a Direita, porém contidos nas questões ácidas.

Tratarei as intervenções dos candidatos não na ordem sequencial do tempo, mas como se cada uma delas fosse ininterrupta e, como habitualmente, fá-las-ei acompanhar das minhas reflexões críticas pessoais.

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                                                                                                                                                                   Henrique Neto afirmou que os partidos políticos são disfuncionais e que criaram promiscuidade entre política e negócios. (Sabemos que ele próprio foi um dos fundadores do PS com Mário Soares, é uma das referências históricas do PS, ao qual continua a pertencer, sendo simultaneamente empresário privado).

Neto asseverou também que deve existir mais do que uma estratégia para sair da crise portuguesa. Em sua opinião, EDGAR SILVA foi claro quanto a isso, porém Nóvoa e Marcelo "enrolaram", ou seja, "a mentira faz-se por acção, mas igualmente por omissão". "Nóvoa e Marcelo são os candidatos do "sistema"".

Diz-se de acordo com a reposição dos direitos dos trabalhadores, todavia em relação às 35 horas semanais de trabalho "está de acordo, mas...".
A respeito do rendimento mínimo dos trabalhadores até considera pouco a exigência da CGTP/IN, pois os trabalhadores devem estar motivados, portanto, bem pagos.

Neto criticou com dureza que as contas da Presidência da República até hoje tenham sempre ultrapassado o previsto e que não sejam retiradas consequências nem julgados os responsáveis: "É uma vergonha!" Teve a oportunidade de constatar a pobreza de muitas famílias, falou com elas, e até agora todos os PR's assobiaram para o lado, todos permitiram parcerias público-privadas.

Em síntese, Neto "arredondou" o discurso nas várias estratégias simultâneas para sair da crise, nas horas semanais de trabalho, na sua própria promiscuidade empresarial-partidária, mas deixou uma imagem televisiva forte.


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Marisa Matias pronunciou-se a favor dos litígios deverem tentar ser resolvidos pacifica, negocial, politicamente, em qualquer situação, e não através da força armada.

No entender dela, "estamos a viver um momento de estabilidade". Não lhe passa pela cabeça que os Orçamentos de Estado previstos para 2016 e 2017 não sejam aprovados na AR. Porém, o mesmo não se aplica ao OE de 2015, que deve ser devolvido à AR, pois as perdas dos bancos não devem ser pagas pelos contribuintes.

Em sua opinião, é preciso ser claro - como o foi EDGAR SILVA - em relação aos apoios partidários : todos os candidatos têm apoios partidários (excepto Jorge Sequeira)! Um PR deve mostrar a cara aos cidadãos! Não se pode simplesmente dizer, como Paulo de Morais, que o mal é a Corrupção Generalizada, é preciso apontar onde está. (Afirmação difícil de sintonizar com a  afirmação da candidata de que vivemos num período de "estabilidade". Na verdade, uma "estabilidade" que muitíssimo se assemelha a uma acesa luta de classes entre os que exploram e os que são explorados).  

Quanto à questão das "reformas vitalícias", rejeita-as e considera-as uma vergonha! (Afirmações difíceis de compatibilizar com as da líder do BE, Catarina Martins, que num comício, à tarde, asseverou que só os militantes do BE as tinham rejeitado. E são difíceis de compatibilizar por duas ordens de razões: primeiro, é uma política antiga do PCP repudiar estas "reformas vitalícias" e mais do que um dos seus representantes já apresentou propostas, em autarquias e na AR, para as "reformas vitalícias" serem eliminadas e as propostas do PCP foram chumbadas; em segundo lugar, porque estas "reformas vitalícias", uma vez atribuídas, não podem ser rejeitadas, pois são depositadas na conta à ordem da pessoa a quem foram atribuídas ).

Afirmou Marisa, como exemplo da sua resiliência, que o facto de enfrentar os poderosos complexos farmacêuticos (é verdade que estes complexos se inserem entre os 5 mais rentáveis a nível mundial, juntamente com os negócio da guerra e dos armamentos, da droga, do petróleo, do tráfico de "carne branca") até já lhe valeram ameaças de morte... pelo telefone! (A experiência tem mostrado que estes terríficos complexos, que se interligam, quando se sentem realmente atingidos não se ficam por ameaças telefónicas). 

Interrogada sobre o caso do Governo Grego e da deriva para a direita do Syrize , peça central desse governo, Marisa embaraçou-se, atabalhoou, escondeu-se atrás de generalidades vagas: "Que é preciso defender a Constituição, não só a capa, mas o que está dentro da Constituição; que é preciso combater a precariedade no trabalho".
Entende-se o embaraço de Marisa. O BE no seu todo e em cada um dos seus pólos de poder engrinaldou em arco com as vitórias do Syrise, com as suas farroncas, com as suas promessa sem consistência - chegaram mesmo a dizer que o que era preciso "era tê-los no sítio" "e avançar em frente" -, quando se tornava cada vez mais evidente que o Syrize não tinha realizado o trabalho prévio, preparatório, a nível de apoios e alianças internas e internacionais, que permitisse sustentar as promessas feitas.

Apesar das inverdades, das meias-verdades, das omissões, dos atabalhoamentos, Marisa marcou uma presença televisiva pela veemência com que defendeu as suas ideias.



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A primeira pergunta que os pivôt's dispararam sobre EDGAR SILVA foi : "Acha que um homem pode perder a Fé?  A ardilosa falsa questão portava no bojo o claro intuito de fazer resvalar a desconversa para os escorregadios terrenos da religião e de baralhar as águas entre a racionalidade da política e o irracional e subjectivo da religião.

EDGAR deu-lhes a brilhante e já clássica resposta de que a Presidência da República é um cargo laico e de que seria ofensivo, mesmo obsceno, usar o prestígio de qualquer uma das religiões para o fazer reverter em favor da sua candidatura. Mas que não renegava o seu passado de sacerdote nem a sua licenciatura e mestrado em teologia e teologia sistémica, dos quais guardava sobretudo uma aguda atenção aos trabalhadores, aos explorados, aos marginalizados da vida, aos pobres.

E entrando propriamente no tema proposto, EDGAR SILVA afirmou que lutará dentro das suas competências, atribuídas na Constituição da República Portuguesa, por uma Sociedade de Esperança, onde cada homem e cada mulher possam realizar-se. Esta dimensão de esperança é diariamente diminuída pela pobreza, pela miséria.

Interrogado sobre que atitude tomará caso o PCP não viabilize o Orçamento de Estado (OE), EDGAR SILVA asseverou que a solução deve ser assumida na AR, dado que existem lá outros partidos. Porém, deve recordar a todos que esta solução tem que ser compatibilizada com a "Dívida Social", dívida brutal que atinge, nomeadamente a Educação, o Serviço Nacional de Saúde (SNS).

Em qualquer caso, o Povo Português poderá estar seguro que, se for eleito, será sempre um Presidente de todos os portugueses e será em função disso e dos interesses que julgar maior de todos os portugueses que decidirá, mesmo que o Comité Central do PCP tenha outra posição. É apoiado pelo PCP e pela CDU, não é comandado por nenhuma das organizações políticas. PR, PCP, CDU conservam cada uma das instâncias a sua independência própria.
O PCP representa um "certificado de garantia" para a sua Presidência, dado o seu passado histórico de luta e a coerência das suas posturas e actuações, mas a Presidência da República não tem que estar confinada a um quadro partidário. Aliás, a base de apoio à sua candidatura tem vindo a crescer.

Questionado sobre qual é o seu objectivo ou objectivos, Edgar esclarece que um dos seus objectivos é informar os cidadãos/ãs dos seus direitos e deveres, mas, sobretudo, informar os trabalhadores do seu direito à Saúde, à Educação, à Cultura, ao Ambiente.

Em relação à Corrupção é muito importante apontá-la, mas ainda mais sugerir e buscar os meios para a combater - combater o branqueamento de capitais, combater a fuga fiscal.
É absolutamente contra o regime das "subvenções vitalícias" e sobre a reivindicação das 35 horas de trabalho semanal julga justíssima não só para os funcionário públicos como para os trabalhadores das empresas privadas.

Só não concluirei que as intervenções de EDGAR SILVA foram brilhantes porque o candidato já nos habituou de tal forma a elas que só nos espantaria se fugissem a esse carácter exemplar.

Aliás, o temor que a sua convivialidade e poder de convicção infundem na Direita é tal que, esta manhã, na Rádio pública, canal 1, os comentadeiros encomendados não se referiram sequer a EDGAR SILVA como se o candidato não tivesse estado presente no debate sob batuta !...

E como a missa já vai longa, embora não fosse essa a minha intenção, findo por aqui.             Orate frates !      


    

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