Reflexões do Leopardo

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sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Lixos e Amores Impossíveis pendentes

O realizador com Victória Guerra e José Mata
"Amor Impossível"

Esta minha reflexão destina-se a aclarar aspectos que o não foram suficientemente.

Nunca cheguei a dizer o nome do último filme de António-Pedro Vasconcelos: "Amor Impossível". E, de facto, a estória real na qual se inspira era um amor impossível, porque não se tratava de amor, mas de uma obsessão violenta que termina com o assassínio da jovem mulher e a prisão do matador obsecado.                                                                                   Porém, o filme, não obstante as óptimas interpretações, é também um amor impossível, dada a carga de referências e citações intelectualóides e os rodriguinhos de que está atuchado. Que a Paz estenda o seu manto sobre todos os amores impossíveis...

No que respeita à prosa a que dei o título de "Os meus lixos" constatei por comentários que ela não era suficientemente explícita. Disse eu que os sonhos engendrados a partir do real, em certas condições, poderão por sua vez modificar o real. O que quero significar é que se os sonhos reflectirem com exactidão, na sua essência, a realidade, poderão posteriormente modificá-la se incorporarem dela o que representa um avanço para os seres humanos e a desembaraçarem do que entrava o seu progresso.

Ainda quanto ao personagem dessa estória, o vendedor ambulante fugidio, que vive confortavelmente numa penumbra, num lusco-fusco de vida e afectidade, o que pretendo é metaforizar nele uma espécie de seres humanos ( que, creio, não muito frequentes) que não pedem mais à vida que sobreviver tanto do ponto de vista material como emocional. Julgo invulgar, que qualquer ser humano não pretenda ser, nem que seja por momentos, para um círculo familiar ou um grupo de amigos restricto, um foco de atenções que dá e recebe prazer.

Este ser humano que não aspira a mais que sobreviver, que julgo invulgar, tem o meu respeito, contudo penso que a sociedade actual lhe sonega justamente a capacidade de sonhar ser mais.                                                                                                                                                                      E, dado que temos andado a falar em eleições, onde votará um homem/mulher assim? Provavelmente em candidato nenhum, ou então talvez num qualquer para onde tiverem corrido as nuvens desse dia. Talvez exactamente para um dos quais ele não é um ser humano, mas apenas um voto.          


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