Reflexões do Leopardo

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terça-feira, 1 de março de 2016

Rebobinando Teatro

Não será apenas por anemia de imaginação que torno a empregar o termo "bobine", é também porque a peça de teatro (?) "Dramas de Princesas: a Morte e a Donzela" começa exactamente pela projecção numa tela, durante uns intermináveis 20 minutos, por um longo longo monólogo repetitivo repetitivo, debitado pela face, ora lacrimosa ora sorridente, de uma jovem mulher, que fala, que fala, sobre, sobre ... não sei o quê. Talvez a tónica dominante seja que os homens são maus e fazem sofrer sofrer as mulheres (seria isto, porém não juro porque parte do tempo passei pelas "brasas").

Até hoje o Teatro Municipal Joaquim Benite  (TMJB/Almada)  - que foi onde entrevi sonolento a peça (?),  - não tem publicado os textos que teclei sobre as obras a que lá assisti - durante o Festival ou extra-Festival - justificando que eu digo "excessivamente bem" dos trabalhos lá representados, o que não é condicente com a sua necessária modéstia. Tem congelado os meus textos numa honrosa e submersa pasta da Imprensa, que fará parte do historial do TMJB.

Este texto também o não publicará decerto por razões inversas (mas, garanto, não foi por isso que o escrevi, embora uma vez  por outra me ocorra que esta discriminação de que sou objecto será de natureza honorífica...).

Ora, a questão é que a obra "Dramas de Princesas..." , da austríaca Elfriede Jelinek não é uma peça de teatro, mas um texto filosofante - entumecido de "eufrásias" à procura de Sócrates (o filósofo grego) -, debitado ora numa histeria cénica, ora numa morbidez de casa mortuária. E um texto filosofante que pretende defender a condição feminina colocando-se na perspectiva errónea de que entre homens e mulheres se trava uma verdadeira luta de classes.
A perspectiva está errada e provoca mais que provavelmente efeitos adversos para a condição social feminina, até por que as mulheres da alta, média alta e média burguesias não se identificarão entre si e muito menos com as mulheres do proletariado e do "lumpen". E não se identificarão porque a fronteira da luta de classes não é aí que se situa.

As actrizes e actores ( Alexandra Viveiros, Alexandre Pieroni Calado, Gustavo Salinas Vargas, Paula Garcia, Sandra Hung, Sofia Dinger), "co-criadores", são co-responsáveis pelo que se passa na cena? Só na medida em que assumiram representar o texto, pois julgo mesmo que, uma vez dentro do espírito e do ritmo do texto ( que rapidamente se torna previsível) desenvolvem interpretações excelentes.
     
Falta-me acrescentar que eu - amante desde a tenra infância da Ópera, espectáculo que desde o seu parto sempre se pretendeu ser um espectáculo global, envolvendo todas as outras formas de Arte - nada tenho contra a concatenação numa peça de teatro do vídeo, do canto, da declamação, das vozes "off", mas o resultado final deve-nos entrar primacialmente pelos sentidos, pela emoção, pelo coração, não por via da Razão, caminho por excelência da Filosofia e da Ciência.

Não pensem que tenho em vista com esta reflexão crítica uma finalidade destrutiva. Mas, aos Amigos, só devemos oferecer o que julgamos que seja a verdade. 



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