Por qual começo? Tanto dá, quando se trata de Amigos destes , pegue-se em que ponta se pegar, 'tá-se sempre bem.
Portantos, pego no Lobo. Não, não desses que escasseiam na Serra da Estrela e que podemos observar em jaulas no Jardim Zoológico, com um olhar perdido, talvez enlouquecido por terem perdido as Serras-Mãe. Desses também gosto (pode ser mesmo que lhes dedique um blogue), mas este Lobo sobre o qual teclo é um Lobo de Domingos, um dos nossos grandes escritores contemporâneos, poeta, homem de teatro, actor, encenador, que é capaz de puxar para cima um poema onde eu não palpitava nada, "nulla di nulla", e, num golpe de magia, desvela a paixão que está lá dentro. Louvo igualmente no Lobo a paixão que porta ateada dentro de si pelo Glorioso (não, oh seu palerma do computador lá detrás, não é o Benfica, é um Glorioso muitíssimo mais glorioso que voa de foice, martelo, estrela internacionalista nas asas e nos indica o Futuro a bater à porta).
E o Monge? Aquele que usa uma fisga nos poemas e com o João Gil e o Zé Peixoto têm pronto para publicação um CD a ser cantado pelo Paulo de Carvalho. O Monge estilhaça com fisgadas secas, precisas, certeiras, janelas de preconceitos, janelas que distorcem o mundo.
Não, não louvo o PdeC, sem saber se ele está numa Lua Vermelha ou numa daquelas nebulosas noitadas em que desafora a louvaminhar Sua Excelência Excelentíssima o Senhor Presidente.
Não, no meu blogue, o PdeC não entra vestido da honrosa cor vermelha. Que faça inequivocamente por isso. Não se vive por ter acertado uma madrugada.
O José Oliveira , com "occhiali ellittici" de aros de metal fino, por trás dos quais dois olhos azuis encaram a direito as pessoas, e as arruma, quando é caso disso, com expressões curtas que terminaram antes de ouvirmos os sons dos seus disparos. É um verdadeiro Lucky Luck da ironia.
Do Manuel Diogo estou sempre a falar. É um dos meus "tifosi" (podes continuar... não te acanhes!). O Diogo é um declamador-beija-flor dos poemas: com as asas a bater a Mach 3, enfia o bico penetrante na corola das flores e polvilha o seu pólen pelo negrume da montanha. Minutos após o ruído-relâmpago das asas a Mach 3, a montanha acende-se com luzes trémulas que respondem umas às outras numa harmonia "affascinante". Foi o Diogo.
"Entonces" e O Gusmão? Não é o Bartolomeu de Gusmão, o da "Passarola", mas podia ser pois também este constrói passarolas de versos que ascendem no éter e vão iluminando os poemas de poetas como António Ramos Rosa, Francis Ponge, os seus próprios - "Contra todas as evidências" ou o libreto da Ópera, "Vozes Altas", representada no São Carlos, com a presença do histórico líder político Álvaro Cunhal, por seu lado igualmente um desenhador, um pintor, um escritor de ficções. O Manuel Gusmão, é dele que se trata, foi comigo e com outros, então, jovens ( não esquecendo o inesquecível "sénior" António Abreu, tão ou mais aguerrido que os jovens ) que fundámos o Sindicato dos Professores da Grande Lisboa - SPGL - , hoje em tão péssimas mãos, é justo dizê-lo. Pois, o Manuel Gusmão, que prossegue de voz e punho Altos, "é um príncipe de poetas", escrevem os pares.
Amigos e Camaradas
hoje fico-me por estas quebradas
pois mesmo para um Leopardo sedento
a noite já vai tarda
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