Reflexões do Leopardo: "O Amor é Lindo... Porque Sim!"

"O Amor é Lindo... Porque Sim!", título desta edição do blog, é o título de um filme em cartaz, que fui ver por três razões: primeiro, porque é um filme de um realizador português, Vicente Alves do Ó, com actores portugueses, uma delas Maria Ruef, actriz que muito aprecio (e, nalgumas coisas, sigo o conselho do Governo, "prefira os produtos nacionais"...) ; segundo, porque é uma comédia, e não um daqueles experimentalismos bacocos, à Manuel de Oliveira, que nos fazem adormecer de aborrecimento na poltrona (eu ressono mesmo); terceiro, porque imaginava a tese verdadeira de que o Amor é Belo por ser inexplicável e, portanto, um milagre,
pois, se tentarmos racionalizar os argumentos de adesão ao Amor, é talvez mais difícil do que encontrar argumentário a favor do Ódio, dado que na nossa vida tropeçamos com muito mais frequência em acontecimentos que nos proporcionam desprazer que o contrário. No fundo, no fundo, a nossa adesão ao Amor é um abraço à Vida e ao seu desenvolvimento, e a aderência ao Ódio, um esponsal fúnebre com a destruição... e a Morte.

Xutando pr'á lá as filosofices (perdoem-me a "brasileirada", más agora tá tão em voga o Brasiú que uma péssôa não risiste, né!?...), entrando propriamente no filme: é uma comédia a traço grosso de uns embates de classe entre o círculo restrito dos ricaços - em algumas das suas sub-espécies - e a arraia miúda (de novo a crescer) dos que sobrevivem.
Não esperemos subtilezas. Todos os personagens são bastante caricaturais: a ignorância ousada, descarada, disposta a enfrentar o inferno terreno da "upper-class" da mãe, a Gigi, ( Maria Ruef
) a fim de promover e defender as filhas ( uma delas, namorada traída, cantadeira de fados, pivôt da narração do enredo, Inês Patrícia ), o ex-namorado traidor ( João Maria ), a "tia", viúva, ganadera da "upper class", "riquérrima" ( Sílvia Rizzo ), a falsa psicanalista, burlona e homicida ( Ana Brito e Cunha ), o "paparazzo" à força, pai solteiro que tem que sustentar dois filhos ( André Nunes ), o "graffiter" ( Nuno Pardal ) que acaba por arrecadar - Porque Sim! - a traída cantadeira de fados Amélia Rodrigues, a Carolina Serrão que não sei que personagem interpreta porque as fichas artisticó-técnicas são mui pouco explícitas (o que aqui teclo bom trabalho me deu investigá-lo no Google).
Todos os outros actores que me perdoem não os citar, como o excelente namorado-advogado do olho preguiçoso, mas, pelas razões pa'trazmente expostas, não consigo fazê-lo, e, na minha modestíssima opinião de espectador avulso, são todos óptimos. Óptimos de Óptimos.

Notas finais: - Maria Ruef, já lhe disse que sou seu "tiffoso", mas aquela sua personagem, na Rádio Pública, Antena 1, do taxista já não faz rir, não está à sua altura. O texto traduz quase colado o real, sem a necessária distância sarcástica ou irónica. Percebe-se que a minha amiga despacha a rábula com aquele ronco produzido entre o palato e a narina, o que não é suficiente.
- Ana Brito e Cunha, ainda devemos ser parentes pelo lado de um ex-colega meu há décadas atrás, oficial fuzileiro, que não me era nada na árvore genealógica...

- Ah, o senhor primeiro-ministro foi à estreia do filme (lá me ia esquecendo!...)

- Os leitores deste blog, terão oportunidade de constatar que existe uma relação entre o que hoje aqui escrevo e o que teclarei na segunda-feira sobre Nicolau Breyner, passada que será uma semana de luto sobre a sua morte. Segundo prevejo, não me irá carrear mais amigos nem mais leitores, mas só a Verdade, ou o que julgamos que ela seja, é Amiga do Homem.

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