Reflexões do Leopardo

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sábado, 20 de fevereiro de 2016

A Commedia dell'Arte e os blocos do Bloco







         

Amigos, hoje decidi reflectir convosco sobre o Bloco de Esquerda, pois existem por aí uns aleivosos (os mesmos do costume !) que procuram reduzir o BE a uma "Esquerda Benetton". Ora isto é profundamente injusto. O que o BE clarividentemente fez foi recuperar as seculares técnicas da Commedia dell'Arte, actualizá-las e generalizá-las à sua maleável organização (Partido?... Estrutura?... De facto, talvez Bloco, que sugere um cubo Kubric, de seis faces, muitas cores, em permanente rotação. Imaginativo não é?!...).
Ora, isto é profundamente diferente de uma "Esquerda colorida" que acabaria por se tornar monótona ainda que ajudada pelos palhaços da Tété, do Chapitô, e aqueles seus falsos monges tibetanos (tão giros!) de crânios rapados, túnicas açafrão e uma espécie de rocas a produzir um zumbido que deixa toda a gente zonza.

Grandes líderes do BE são inegavelmente Francisco Louçã - com um pé sempre dentro e outro pé sempre fora do Bloco, como convém a um líder astuto a alvejar o mais alto cargo político do País, a Presidência da República. É um personagem típico da Commedia, que pode vestir a máscara do "Dottore" com um toque sacerdotal. Qualquer coisa entre as máscaras abaixo.


Catarina Martins dá murros na mesa do Bloco e diz que ela é que face externa do Partido (?), deixando dúvidas se de facto será. Talvez possa vestir a farda de "Il Capitano" - a gabar-se de ser guerreiro, conquistador do femeaço, o que não condiz com os factos. 

Marisa Matias é uma "Columbina" - inteligente, habilidosa - mas não passa de uma "zanni", uma serva servida por uma carinha laroca (veja-se em baixo, ao lado de "Il Capitano").

José Manuel Pureza é outro dos pesos-pesados do BE: presidente do Centro de Estudos Sociais (CES) e Laboratório Associado da Universidade de Coimbra, é licenciado em Direito e doutorado em Sociologia. Coordena o "Núcleo de Estudos para a Paz". Tem sido convidado por várias Universidades estrangeiras: Buenos Aires, Sevilha, São Paulo, Rio de Janeiro, País Basco.
Integra, como perito, o Painel de Árbitros para Disputas relativas a Recursos Naturais e/ou Ambiente do Tribunal Permanente de Arbitragem. É também Conciliador no quadro da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar.

Foi eleito deputado à AR pelo Bloco e líder do seu grupo parlamentar em 2009. Nas eleições de 2006  para PR foi mandatário nacional da candidatura de Francisco Louçã. Nas eleições de 2011 não foi reeleito para a AR. Voltou a ser mandatário da candidatura de Louçã para PR em 2015 (pelo círculo de Coimbra).

Entrevistado por Mª Flor Pedroso (19-02-2016), Pureza define-se como do BE numa "sensibilidade" à Louçã,  e vai dizendo aos solavancos que "não o preocupam... não o preocupam de modo nenhum... as posições e a força de A.Costa no PS".
Aquele hiato na preocupação é o equivalente a um cão cujo traseiro foi picado e que roda sobre si próprio para morder a cauda e matar a mosquita que o picou. Isto é, a força de A.Costa preocupa-o.
Na mesma entrevista acaba por concluir que o Orçamento de Estado (OE) para 2016 "respeita os acordos firmados e que isso é que é o essencial".
Em termos de personagens da Commedia, aquela de que estará mais próximo é talvez a de "Brighella" (representado acima) - trapaceiro, agressivo, dissimulado, egoísta.

João Semedo goza do privilégio ambíguo (nas praias do Bloco) de ter sido militante do PCP (ingressou na UEC/PCP em 1972 e em 1991 demitiu-se do CC do PCP e em 2003 do próprio PCP, transitando para a Renovação Comunista). Em 2004 já integrava a lista do BE ao Parlamento Europeu e em 2005 era candidato à AR pelo Bloco. Foi eleito deputado à AR pelo BE em 2006, aderindo ao Bloco em 2007 ("o seguro morreu de velho"...).
Voltou a ser eleito para a AR, pelo BE em 2009, 2011 e 2015. Com Catarina Martins foi coordenador do Bloco de 2012 a Novembro.2014.

É um outro personagem do Bloco concorrente à personagem "Brighella" da Commedia dell'Arte. Decerto mais rastejante para se fazer perdoar o seu passado comunista.   


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Fernando Rosas, formado em Direito, (de nome inteiriço, Fernando José Mendes Rosas) nasceu em Lisboa, a 18.Abril.1946 (69 anos). Rosas é uma "estrela" com um brilho crescente no Bloco. Participou na sua fundação em 1999 e integra a sua Comissão Permanente. Foi eleito pelo BE a deputado na AR em 1999, 2005 e 2009. Em 2001, apoiado pelo Bloco, foi candidato a PR.

Porém, o seu passado é bem mais ínvio que o de qualquer dos precedentes.
Em 1961, aderiu ao PCP, participou nas lutas académicas, foi preso em 1965, condenado a 1 ano e 3 meses de prisão correccional.
A partir daqui a sua trajectória torna-se nebulosa. Em 1968, afasta-se do PCP e, em 1970, ajuda a fundar o MRPP. Após a Revolução, dirige o jornal oficial do MRPP, o "Luta Popular", até 1979, altura em que é afastado do MRPP (1980), mas será várias vezes candidato independente, nas listas do PSR, a deputado à AR.
Em 1982, é jornalista do suplemento cultural do "Diário de Notícias" e, depois de 1992, colunista quinzenal no "Público". 
Nos entretantos, vai tirando o mestrado e o doutoramento em História Contemporânea (focada no período salazarista) na Universidade Nova de Lisboa, onde é guindado a professor catedrático em 2003.
Actualmente, Fernando Rosas (ex- MRPP e líder do BE)  é consultor  da Fundação Mário Soares e director da revista "História" (apoiada pela Fundação MS), Fundação onde convive prazeirosamente  (e curiosamente!) com Mário Soares e Arnaldo Matos (de facto, o fundador do MRPP e seu mentor ideológico durante anos e anos; hoje, pelos vistos, reconciliado com a social-democracia que outrora apodava de "social-fascismo").

O personagem da Commedia dell'Arte que Rosas - com a sua proeminência ventral e suspensórios - melhor encarnará será porventura o de Pantalone", que integra o grupo dos "vecchi": muito rico e avarento, só cuida de aumentar o pecúlio e cortejar, serodiamente as beldades.


Outras personalidades (o Bloco é um clube de personalidades!) interessantes de desvelar seriam, por exemplo:
- Rui Tavares - catapultou-se para o Parlamento Europeu, livrou-se do BE e fundou o "Livre", livrando-nos a todos de o aturar durante uns tempos, dado o "êxito" do "Livre".





- Joana Amaral Dias - ornamentou o BE durante uma década e tal, saiu, fundou o "Agir" em 2015, e tem agido tanto que ninguém sabe onde pára...




- Ana Drago - socióloga, 40 anos, depois de ser eleita pelo BE (onde exerceu cargos elevados) para a AR nas IX, X e XI Legislaturas, demitiu-se do Bloco em 2014, renunciou ao lugar de deputada na Assembleia Municipal de Lisboa e privou o BE de mais uma carinha laroca.


Gostaria ainda de tecer outras considerações sobre o Bloco de Esquerda - não que eu tivesse a pretensão de o desvelar inteiramente, pois o BE é um rio formado por muitos afluentes de nascentes escondidas - mas levantou-se um vento forte e frio e as personagens do Bloco esvaíram-se naquele tropicar veloz, cruzando as gâmbias, dos actores mascarados da Commedia dell'Arte...

Amplexos mui amistosos (nem sei das garras) do

Leopardo   



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