Reflexões do Leopardo

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sexta-feira, 15 de setembro de 2017

A exaltante tarefa de produzir pendões

É claro que não vou teclar sobre a tarefa de produzir qualquer espécie de pendões. Por exemplo, não vou declarar exaltante a tarefa de quem elaborou a imagem gráfica dos pendões do candidatozinho à Câmara de Loures, um tal andré ventura , pois quem a concebeu teve de usar muita imaginação e displicência moral para tentar tornar minimamente aceitável uma candidatura troglodita, saída de cenários medievais.
Como vivo no arejado Concelho de Loures, sofri a desventura de ver e ouvir a.ventura reasseverar pela décima milionésima vez que "existe um problema com os ciganos e que, embora ele, a.ventura, não seja racista nem xenófobo, a verdade impõe-se ser dita" ( fica-se a pensar o que diria o senhorito se fosse racista e xenófobo como até o cds-pópó lhe chamou, depois de lhe dar o seu apoio inicial para o retirar tacticamente à última hora, ou o PNR, pela boca "mimosa" do seu dirigente José Pinto Coelho entusiasticamente o ter declarado "um dos seus" ).
Elencar a série de barbaridades fascistas - é exactamente disso que se trata ! - , racistas, xenóbofas assumidas orgulhosamente ( porque certo da sua impunidade ) pelo senhoreco  a.ventura é, só por si, uma vergonha para qualquer ser humano do século XXI, porém não deixa de ser instrutivo observar "in loco" como se pode retroceder nos raciocínios e nos sentimentos cerca de 7 décadas depois do holocausto programado e provocado a sangue-frio pelas hordas hitlerianas .
Parlapateia o desventurado a.ventura - que quiz ser padre, foi um comentador ferrenho de um dos grandes clubes nacionais pelo pasquim "Correio da Manhã" - que "os ciganos vivem quase exclusivamente de subsídios do Estado"; consideram "estar acima das regras do Estado de Direito"; e levou o descaramento e a ausência de discernimento acerca da fronteira entre o que é lícito eticamente e o que é ilícito a asseverar que mesmo o comunista Bernardino Soares , "nos seus sonhos mais íntimos, estava de acordo com ele quanto ao carácter de problema irredutível da comunidade cigana" ( afirmação hilariante, pois é completamente irrefutável ou refutável para quem não for especialista das psicanálises profundérrimas, parente da Alexandra Solnado que fala com o Além, ou um rematado mentiroso ).
Foi pena que o rapazola a.ventura se tenha "esquecido" de contar as inúmeras vezes em que tem de fugir da Universidade a correr para os alunos não o esmurrarem e fugir de táxi para não lhe apedrejarem o carro próprio. Deve ser embaraçoso para ele que o fascismo, a xenofobia, o racismo não seja aceite pelos seus alunos... e ainda mais embaraçoso passear com os olhos roxos...

Bernardino Soares, dignamente, rebentava de indignação, tentava pôr alguma ordem na peroração do a.ventura - que, impante, atropelava tudo e todos - argumentando com razão que esperava que o debate não se resumisse à questão das comunidades estrangeiras em território nacional - questão com ângulos diversos, contraditórios, aspectos positivos e negativos - e que esperava que o debate abordasse questões bem mais candentes como as económicas, as sociais, as da escolaridade, as da mobilidade entre o Concelho de Loures e os Concelhos vizinhos, nomeadamente os do enorme Distrito de Lisboa, Distrito no qual muitos dos residentes em Loures trabalham com salários parcos.

As chamadas à razão de Bernardino Soares  não surtiram qualquer êxito porque o a.ventura teve uma cúmplice, instigadora e principal responsável nos resultados obtidos em Judite Sousa, -jornalista cuja carreira tem sido pontuada pela assumpção de inúmeros casos polémicos ( deve ter perdido a carteira deontológica há muito ...), Judite que na actualidade é Directora-Adjunta da TVI - cuja Judite sempre se encarregou de levar o a.ventura ao colinho, reduzindo o debate, em curto e grosso, "à questão da ciganada". Judite que há pelo menos 1 ano conhecia as convicções de a.ventura sobre "reduzir a presença islâmica na União Europeia".

Suas Incelências don Passaralhos Coelho e o Chefe Costa não parecem incomodados com nada, não enxergam nenhuma nuvem no puro céu azul e assobiam para o lado.

A TVI e a Judite estão, assim, de parabéns, dado que manchas destas não saem nem com a aguarrás mais forte . Talvez, cortando o tecido podre... 

Portantos, portantos, os pendões de que os Vos queria falar e na produção dos quais considero exaltante participar - pois que uma parte já estava realizada - são os gloriosos pendões da CDU/PCP-Verdes.
Assim, vamos lá ver se eu acerto os parafusos da minha encanecida cachimónia - a qual sempre foi um pouco amalucada ou muito criativa, conforme as versões - e consigo descrever-Vos com um mínimo de rigor os sobreditos pendões.

Num enorme estaleiro ou sala de trabalho dos cafundós do Centro de Trabalho Vitória, na Av. da Liberdade, em Lisboa, estavam dispostos em molhos uns belos pendões, em dois tons de azul - um azul-azul, outro azul-cinza - que vão representar gráficamente a coligação CDU/PCP-Verdes até ao dia 1 de Outubro de 2017, um Domingo, dia das eleições para o poder autárquico.

Na acima referida sobre-sobre-cave do CTVitória, num dédalo de corredores empoeirados e designados pelos cartazes mais diversos, dispunha-se o nosso estaleiro/sala de trabalho, que terá no seu sentido longitudinal uns 20 metros, sentido no qual está disposta uma bancada talvez de cimento, cuja cor original é difícil perceber tantos são as tintas, carimbos, palavras-de-ordem diferentes e de cores diversas que lhe foram apostas por cima. 
Em cima da longa bancada, meia-dúzia de pendões já concluídos jaziam como modelo: duas finas hastes de madeira entre as quais é esticada uma fina tela de tecido plastificado com os tais dois tons de azul. 
A tarefa consistia em fazer dois furos, sempre à mesma distância, com a ajuda de uma máquina eléctrica de marcenaria (benditos os avanços da ténica !...) nas tais ripas de madeira que ainda não estavam perfuradas, e depois adivinhar pela palpação onde se situavam os tais furos para lhes enfiar um arame na parte superior e outro na parte inferior, arames que irão abraçar os postes, troncos de árvore onde forem dependuradas.
Este enfiar dos arames nos estreitos furos - o mais difícil, logo me calhou a mim e mais dois camaradas ... - proporcionou alguma picadelas, bastantes graçolas soezes e trocas de ideias intermináveis sobre tudo e o diabo que o valha. Quando entrava alguma camarada, o nível oratório era saneado.
Eu, dado o estado vetusto dos meus joelhos de leopardo bastas vezes massacrado pela incompreensão reaccionária, fui agraciado com uma cadeira para trabalhar sentado.
Enfim, poderá parecer difícil, mas não foi, apesar das espetadelas ( os "bifes" spekam "no pain, no gain"... ), decerto pelas descobertas feitas, pelo clima de camaradagem criado, pela atmosfera anelante pelos "amanhãs que cantam".
A partir de hoje, o Povo do vasto Distrito de Lisboa já poderá regozijar-se com uns 500 destes esplêndidos pendões (uns 50 fui eu que os acabei !...).

Após isto importa pouco que a Coreia do Norte, imprudentemente, a pressionar a República Popular da China e a Rússia no sentido de uma guerra mundial generalizada, tenha disparado mais um míssil para o Oceano Pacífico e que o Japão tenha respondido de imediato, numa atitude concertada com o Estado Cowboy .

Em todo o caso, antes de me deitar, vou consultar o último noticiário desta noite, porque, se a terceira guerra mundial tiver rebentado esta noite, esta será a última edição do blogue, do blogue propriamente dito e da minha existência.    

   


     



Até lá, porém, saudações plenamente confiantes ( 500 pendões !... )

do Leopardo

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