Reflexões do Leopardo

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segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Desporto versus Indústria do Entertainment

Eu e o Camarada Manuel Diogo temos vindo a discutir a questão do Sporting Clube de Portugal presidido pelo sr. Bronco de Carvalho e pelo seu "míster" JotaJota Jesus .
Acusa-me o Diogo de eu estar a nutrir uma obsessão paranóica em torno de dois personagens menores do cenário nacional e a descarregar sobre eles o fel da minha amargura desencadeada, no fundo, pela viragem trumpesca a nível internacional, e, com este fel apoucar a estatura do meu blogue. Tal não corresponde ao acontecido. Explicitei várias vezes as razões porque o faço, sem, contudo, lograr minimamente modificar a opinião do Diogo.

Ora, antes que esta troca de opiniões descambe numa troca de chapadas - o camarada gajo está armado em finaço, em "diseur" que só recita Camões, Baudelaire, Alexandres O'Neil, Nerudas, e só Os recita em cima de palco condigno - , nesta altura em que o Parlamento Russo legalizou a violência familiar desde que ela seja feita com amor, dentro dos muros do lar, de acordo com as tradições pedagógicas russas, legalidade que levou a benção da Igreja Ortodoxa Russa, eu, Leopardo dos Hermínios, aproveite para assentar umas patadas - com muito carinho e segundo as tradições celtiberas mais coevas - nas costelas do Diogo, amimadas por umas fisioterapias abichanadas, portantos será melhor que eu volte a pôr por miúdos as querelas em torno do Desporto.

Como se sabe o Desporto deriva da Guerra e era simultaneamente um treino para ela. O lançamento do dardo correspondia ao atirar das lanças, o lançamento do disco ao arremesso de pedras, os concursos de tiro ao arco ao atirar de flechas incendiadas ou não, o lançamento de martelo ao atirar de pedregulhos maiores ou de morrões incendiados com o "fogo grego" - que outra coisa não era senão o petróleo bruto que emergia à superfície em determinadas regiões da Grécia antiga -, as provas de esgrima uma estilização dos duelos à espada, as corridas e as provas de saltos a cavalo, o jogo do pólo aplicações dos combates a cavalo com ou sem carro, as provas de atletismo, com e sem barreiras, aos vários tipos de combates a maioria das feitas travados a pé, o salto à vara ao assalto a muros ou barreiras, etc, etc.
Sendo que os Jogos Olímpicos - que se tornaram a imagem suprema do Desporto - eram abertos e encerrados por discursos em verso, na mais bela e racional língua da época, o Grego ( Helleno ) , língua da "polis" ( isto é, da "cidade", por oposição à língua bárbara do "agros", dos campos ), discursos que marcavam a orientação política e ideológica dos tempos que se viviam. Discursos que eram pronunciados inicialmente por sacerdotes, posteriormente por "sábios", a seguir por filósofos. Não por acaso os jogos eram celebrados perto da montanha Olimpo, montanha mais alta da Hellade, montanha considerada sagrada.

Também como é sabido, as "polis" gregas formavam alianças de geometria variável, onde predominavam as regiões de Esparta ( famosa pelos seus guerreiros de educação e comando aristocrático - "aristói" significa "primeiro" ) e de Atenas ( notável pela sua marinha de guerra).
A Guerra de Tróia - para destruir a cidade de Tróia, cidade nas falésias da Ásia Menor, rival do comércio marítimo das cidades gregas, teve o seu cantor mítico em Homero e as Guerras contra o enorme Império Persa foram igualmente cantadas em verso e deram origem à corrida da "maratona", estreito nas montanhas a 42 kms e umas centenas de metros de Atenas, no qual um pequeno grupo de guerreiros espartanos travaram, morrendo, uma parte do exército persa, para que os Atenienses tivessem tempo de os derrotar no mar. 

No início do século XX, Pierre de Frédy, mais conhecido por Barão de Coubertin - pedagogo e historiador francês (ainda descendente de Fernando III de Castela) , talvez pressentindo o avizinhar da 1ª Guerra Mundial, inspirado em descobertas arqueológicas nas ruínas de Olimpo - terá tido a ideia de ressuscitar os Jogos Olímpicos, promovendo a realização de um Congresso, cujo veio a culminar no Comité Olímpico Internacional ( COI ) do qual foi o seu primeiro secretário-geral e cuja primeira edição ocorreu em Atenas.

A partir daí até aos dias de hoje, os Jogos Olímpicos passaram a ser ponto de encontro dos desportistas de todas as nações, integrando cenários da denominada "Guerra Fria", como quando uma selecção israelita foi dizimada por um atentado terrorista, ou quando um grupo de atletas negros norte-americanos, assumindo-se como ligados ao grupo terrorista "Panteras Negras", saudaram, do pódium, de luvas negras e punho fechado. Até hoje os Jogos Olímpicos jamais perderam este carácter simultaneamente de distensão e de agressividade aguda, embora camuflada.

O final da 2ª Guerra Mundial, com os Acordos a seguir Potsdam, o bombardeamento atómico das cidades de Hiroshima e Nagasaki, no Japão - bombardeamentos atómicos que significavam realmente uma ameaça à Rússia Soviética , expressando-lhe que a correlação de forças se tinha alterado - a divisão da Alemanha em duas Alemanhas  - divisão contrária à vontade da maioria dos alemães e contrária ao parecer da Rússia Soviética, verdadeira vencedora das potências do "Eixo" - , a construção do muro entre a RFA e a RDA, mais não fizeram senão agravar o clima da "Guerra Fria".

A tomada do poder nos EUA da facção do Grande Capital de pendor nazi, racista, xenófobo, no assalto ao poder imperial do planeta, representada no apalhaçado Trump, em lugar de unir a população norte-americana, cindiu-a ( pelo menos ) em dois blocos, está a cavar uma clivagem com o Canadá centrado no Quebec - onde ocorreu um atentado terrorista a uma mesquita, provocando 6 mortos - , Canadá Quebequiano que declara bem vindos todos os emigrantes independentemente da cor da sua pele e do seu credo religioso ( obviamente uma crítica obliqua à Administração cowboy ). Administração trumpesca e trampesca que destrói, mesmo na aparência, o fim do bloqueio a Cuba e uma hipotética libertação de Guantamano ( o que provoca protestos de todo o Canadá que alega prejudicadas as suas relações comerciais, e as da sua aviação, com Cuba ). Administração trampesca, com 11 dias de existência, que já provoca protestos e desacordos nas Governanças Europeias, até do inegualável professor Martelo, o qual , no seu seu estilo sinuoso, batendo as pálpebras deliquescentes, recorda docemente que Portugal sempre foi um País de emigrantes, que a todos acolhe no seu regaço.

Neste cenário mundial, tingido das cores sanguinolentas da guerra, da miséria, da fome, da doença, que afectam todos os continentes, em regiões cada dia mais extensas,  em que adenda entram o senhorzinho Bronco de Carvalho e o seu "míster" JotaJota?

São sem dúvida uma nota de rodapé, de fim de página, mas inscrevem-se no clima de violência física e verbal, de corrupção, que tem vindo a tomar de assalto o Desporto, nomeadamente o Futebol, retirando-o da honrada categoria da Cultura, para o degradar para o patamar das Indústrias do Entertainment, ou seja, indústrias viradas para a produção de juros bancários e esterilizações ideológicas. Lénine, se fosse vivo, corrigiria a sua famosa constatação de que "a religião é o ópio do povo" para "o futebolês é a droga actual do Grande Capital".

Repito-o pela enésima vez, o Sporting Clube de Portugal faz parte dos clubes desportivos portugueses mais antigos, clube ao qual o Desporto-Cultura nacionais muito devem, sempre tendo cultivado todas as modalidades desportivas, mesmo as consideradas menores. Quem não tem presente a fabulosa equipa dos "cinco violinos", do inesquecível "keeper" Azevedo (reiteradamente, enquanto jogou, guarda-redes da selecção nacional), do "back" (usava-se a terminologia inglesa) Albano ( talvez o único comunista da equipa, segundo soubemos depois do 25 de Abril ) ? Quem pode olvidar "o Senhor Atletismo", Mário Moniz Pereira, treinador do excelente maratonista Carlos Lopes, criador de uma plêiade nacional de treinadores de atletismo, inventor "sui generis" de fados ( e, já agora, deixem-me uma nesga para a minha vaidadezita pessoal de lembrar que tive a dita de ser seu amigo de casa, de o ouvir e ver, ao vivo, transformar a família numa orquestra com fantasias inventadas por ele, no momento ! ) ?

Ora, o senhorzinho Bronco de Carvalho e o seu "míster" JotaJota têm desferido navalhadas atrás de navalhadas no honrado nome do SCP e no Desporto, na Língua, na Cultura nacionais. São crimes que não prescrevem. As suas cinzas só lançadas em pleno oceano ou atiradas para o lixo tóxico de Almaraz.

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Saudações confiantes na luta colectiva organizada

do Leopardo   

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