Reflexões do Leopardo

Reflexões do Leopardo
Reflexões do Leopardo

segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

Ilusões de um suposto Partido de Cidadãos

Anda por agora por aí de novo a esvoaçar a ideia de um suposto "Partido dos Cidadãos", o que quer que seja que se possa entender por isso. O gasóleo, ecológico, que move a ideia provem parcialmente de um Partido, que não se assume como partido, adoptando a sigla de Bloco de Esquerda, cujo qual (partido ou em bloco), compreende que não possui a massa crítica que lhe choveu no códradinho eleitoral das últimas eleições e resolveu para seu contento ( e de quem lhe puxa os cordéis) agregar uma notabilidade esmorecida, fazer umas afinações no tuc-tuc, buscar vontades à procura de novos protagonismos e palcos.

A personalidade acharam-na no Senhor Doutor Viriato Soromenho Marques, personalidade em deslustre, apesar de um palmarés curricular mui extenso e variegado: nato em 1957, em Setúbal, onde reside e que escolheu como região das suas investidas ideológicas quando está em Portugal; licenciou-se em Filosofia Contemporânea, em 1979, na Universidade de Letras de Lisboa, ascendeu ao grau de Doutor, em 1991, na mesma Universidade, com a tese "Razão e Progresso em Kant" ; é actualmente professor catedrático na dita Faculdade de Letras, onde rege as cadeiras de Filosofia Social e Política e História das Ideias na Europa Contemporânea, tendo coordenado mestrados em Filosofia da Natureza e do Ambiente.

VSMarques foi presidente da Quercus entre 1992 e 1995; colaborou em vários órgãos da Comunicação Social: "Jornal de Letras", "Visão", RTP 2, Rádio Renascença. Dirigiu um diário e semanário local ("Setúbal SemMais" e "Correio de Setúbal") ; colabora com a revista "Ambiente 21", é membro do Conselho Científico da revista "National Geographic" em Portugal.

Respigo de uma entrevista, dada em 2014, a Anabela Mota Ribeiro, sua hagiógrafa, algumas das ideias centrais do doutor Marques: (á interrogação da hagiógrafa "Quem é que viu os perigos do euro?") "Temos uma série de economistas que viram isto com bastante nitidez. O Krugman, o Stieglitz. Mas quem viu melhor foi Martin Fellstein, um economista conservador norte-americano, que escreveu um artigo na Foreign Affairs, em 1997, notável e premonitório".

Ou seja, VSMarques, tão preocupado em parecer isento, rigoroso, vai eleger as suas referências nas estranjas, num economista da revista trimestral "Foreign Affairs", alfobre dos "think tank" do Pentágono e da CIA. Pelas íris nunca lhe passaram as posições do PCP, de Carlos Carvalhas, do economista e investigador comunista Eugénio Rosa.

Indagado pela Mota Ribeiro sobre o que falhou na UE : "Se em vez de uma Comissão Europeia tivessemos um governo europeu, um presidente eleito por sufrágio (...), com um orçamento de cinco ou seis porcento do PIB, fazia toda a diferença." (...) "Quero uma Europa federal, com a Alemanha bem dentro da Europa."

Segundo o "Jornal I (entrevista a Ana Sá Lopes, em 07/03/2016, ASLopes que o guinda a "um dos cérebros mais brilhantes que o país tem"): "Nunca quis ser militante de um partido, (outras fontes afirmam que foi trotskista e militou no BE de Louçã) porque não gosto de ambientes com "excesso de testosterona" que me travem o pensamento crítico em favor da lealdade partidária".
Contudo, vai apresentar o livro de António José Seguro, ex-secretário-geral do PS, que lhe parece uma visão alternativa séria do PS.

Assevera que não se situa a favor do federalismo europeu nem dos euro-cépticos, mas defende o federalismo.
Predizia que o Brexit (saída do Reino Unido da UE) não aconteceria, porém aconteceu.

"Na altura do 11 de Setembro escrevi que os Estados Unidos tinham todo o direito de intervir no Afeganistão na medida em que os talibãs e a al-Qaeda estavam sedeados no Afeganistão. Mas a legitimidade terminava aí."
Isto, quando desde o início da questão afegã, era público e notório que os muhjaedines, depois talibans, eram uma criação da CIA, dos serviços secretos paquistaneses, e que o milionário líder da al-Qaeda era funcionário da CIA , e ele a sua família jogavam golfe, no "court" privado da família Bush, onde se encontravam na altura do 11 de Setembro. E que Osama bin Laden e a família obtiveram vistos de saída dos EUA sem problemas, ao mesmo tempo que qualquer suspeito de islamismo era retido em acampamentos de concentração ou atrás das grades e revistado a pente fino.

E o dr. Marques conclui que "só um milagre poderá salvar a Europa", pois, "não temos uma ética kantiana universal baseada nos princípios" (...) "hoje domina uma ética utilitarista". Como chave magistral de uma Europa melhor (não de outra Europa,  não de uma Europa dos Expoliados e Ofendidos) propõe uma Europa dos Cidadãos (decerto guiados por uma inteligência ideal e idealista equiparável à de Emanuel Kant). Proposta que fica por explicitar.

Nem vale a pena esmiuçar as concepções caricatas de Marques acerca da falta influência germânica na Europa e do seu legado histórico. Resultaria inexplicável a subida das forças nazis ou neonazis, os Le Pen, etcetera, etecetera. 

Dado que um cérebro, mesmo que seja "o mais brilhante do País" não é suficiente para lançar as bases de um Partido dos Cidadãos, quiçá de um País dos Cidadãos, o BE recauchutado, com o diácono Louçã com um pé dentro e outro fora do Bloco, enaltecendo pelo caminho as imensas virtudes do recente Defunto, Pai da Pátria, Pai de um Humanismo Novo, com as carinhas larocas Catarin Catarã e Mariana Mortágua Alcoforado todos os dias a darem tiros nos seu próprios pés e nos do Bloco, ingerindo-se nos assuntos internos do Estado soberano de Angola como se fora ainda uma colónia, abraçando os primeiros Luatis da alta classe média luandense nos quais tropecem , confundindo a família Santos com o MPLA, recusando-se a integrar a representação do grupo parlamentar português ao Estado Cubano sem dar explicações. Um fogo de artifício à altura do companheiro Viriato (os Viriatos possuem uma tradição no imaginário nacional...), num estilo popularucho, menos filosofia modernaça.

E este piqueno grupo de notáveis, apesar de selecto, compreendeu que precisa de um palco e apostou no Teatro Municipal Joaquim Benite - TMJB - em Almada... que lhe abriu os braços.
E agora entendo melhor porque o seu encenador, Rodrigo Francisco, coloca a questão insita na peça "Noite da Liberdade": com quem fazer a Revolução para uma Sociedade Nova rumo ao Socialismo-Comunismo.
Rodrigo Francisco não encontrará a resposta entre os seus actuais companheiros de ocasião, nem essa busca corresponde a um prolongamento do pensamento de Joaquim Benite.
Embora eu preferisse enganar-me na minha previsão. 


 Resultado de imagem para fotos ou desenhos de Viriato Soromenho Marques Resultado de imagem para fotos ou desenhos de Francisco Louçã Resultado de imagem para fotos ou desenhos de Catarina MartinsResultado de imagem para fotos ou desenhos de Mariana Mortágua


Saudações fraternas,
confiantes na luta colectiva organizada,
o Leopardo
     

Sem comentários:

Enviar um comentário