Reflexões do Leopardo

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quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

Lutos, Pi- linha

Não pensava voltar ao Defunto, mas Amigos, grandes escritores, porque torna e porque deixa, quão saudosos estavam das minhas fala-duras, insistem que regresse ao proscénio, que lance mais luz sobre os defuntamentos, que esclareça que túmulos são aqueles. Por outro lado, não é todos os dias que falece um refundador da Democracia, quiçá de uma nova Humanidade, um Pai da Pátria.

Tal como as coisas escorrem, eu sugeria mesmo que se construísse uma Paternidade, à semelhança da Maternidade Alfredo da Costa, pois candidatos a Pais da Pátria fazem bicha pirilau. E uma Paternidade sairia muito mais barata, dado que este género de Pais produzem acima de tudo Ideologias e as Ideologias não exigem blocos operatórios, garrafas de oxigénio e a panóplia de aparelhos cirúrgicos necessários para extrair do útero materno os fetos, filhos sabe-se lá de quem.

Na canhota linguisticamente mais radical que se pode inventar destacou-se o Diácono  Outra-Loiça, invidioso das levitações ideológicas das Donas Catarã Catarim e Mariana Mortágua Alcoforado.
E o diácono, naquele seu estilo insinuante de confessionário, revelou-nos que o Defunto era de facto Enorme - pequenas divergências entre-comas - : tratava toda a gente por Tu, conhecesse ou não conhecesse ( forma hábil de iludir os muitos que não reconhecemos ou que nunca conhecemos ) ; batia a Sesta mesmo nas situações mais críticas; orgulhava-se de que toda a gente já tinha estado do seu lado e contra Ele ( o diácono não enxergava nisto nenhuma variabilidade de opiniões oportunista nem mais uma navalhada na verdade ). Fiquei a pensar que o Diácono - talvez Remédios - afinal quererá um lugar sentado à mesa dos Partidos bem-comportados do "arco da governação".

Comentadeiro omnisciente e omnipresente em qualquer "mírdia" que se preza, o dr. Marques Dentes, acalmado por uma caixa inteira de Xanax's e uma poltrona "bordeaux", metralhou interminavelmente não se sabe sobre o quê, pois já ninguém tem pachorra para o ouvir.

O emblema do MRPP- PóPó original, o Educador do Povo, Arnaldo-To-Mates, aquele que tem assento e amesendamento na Fundação do Defunto, ainda não se pronunciou, mas aguarda-se a todo o instante as suas respeitosas condolências e mais um decálogo de máximas do Educador do Povo, decerto flanqueadas pelas dos Carlucci's dos "States".

O eminente escritor de "Equadores" sem meridianos, Miguel Tonto Tavares, adverte quem nunca leu o Defunto a lê-lo para se aperceberem da sua gigantesca Estatura. E, já agora, se encontrarem a "caixa negra" que roubaram do seu computador, que lha devolvam, com as centenas de romances que lá jazem, esforçadamente teclados pelos seus etilizados dedos.  

Os "mírdia" concentrados no Cemitério dos Prazeres - derradeira morada do Pai da Pátria -  não enxergavam  descortinar mais que umas dezenas de condolentes ( em desiludidas ânsias de rigor, não estariam  a ser exactos, dado que com a Família e as Eminências do PS, talvez lá se ajuntasse uma centena - tirante as inúmeras bandas e guardas de honra dos Comandos, dos Fuzileiros, da Força Aérea, das Polícias).
De forma que os "mírdia" filmaram e escutaram , bisando "ad nausea" a pintora Graça Morais, que se considera da família do Defunto, esclarecendo que até lhe tinha ofertado, à  borla, um quadro ou dois do seu pincel. 

Palavras justificáveis de facto só a dos filhos do Defunto, João e Isabel, pois, por mais afastadas do que verdadeiramente ocorreu, todos os filhos têm direito à memória que guardam dos seus Pais. Talvez seja esse o único tesouro que os defuntos legam.

Discurso sucinto o de Jerónimo de Sousa, secretário-geral do PCP. Discurso a restabelecer a verdade do acontecido. A saudar a oposição do Defunto ao salazarismo, a sublinhar a discordância constante entre o PCP e o Defunto em todos os outros acontecidos, antes e depois do 25 de  Abril .

Uma "gaffe" da entrevistadora nos Prazeres confundiu Miranda Quando Calha - histórico fundador do PS, deputado na AR da I à XI Legislatura, actual vice-presidente da AR, vice-presidente da Assembleia Parlamentar da NATO - com Maldonado Gonelha  - ex-electricista, sindicalista "rachado", hoje cooptado a membro da Trilateral -  confusão que agastou o Miranda. Todavia, esta talvez seja uma característica do número Pi, número cuja divisão nunca dá resto zero por mais que se prossiga a dividir. O que quer significar, que Pi divido por si mesmo não restabelece a Unidade,  eterniza, sim, a Divisão.

Quanto aos túmulos reproduzidos na edição anterior são os de D. Afonso Henrique, Don Nuno Álvares Pereira e do Rei D. Pedro I.

O primeiro, filho de um migrante da Borgonha à cata de um feudo, partiu uma perna para tentar matar a mãe Dona Tareja, ofereceu ouro para libertar as jovens dioceses lusas da diocese de Toledo. Investigadores modernos destas matérias, julgam que o nosso primeiro rei era mais pequeno do que se pensava.
  
Nuno Álvares Pereira, fidalgo de linhagem não tão elevada, não se bandeou para Castela, foi arvorado Condestável do Mestre de Aviz - ou seja, o seu chefe das Forças Armadas - usou técnicas militares da infantaria inglesa ( arcos e flechas, lanças, fossas com espetos aguçados contra a cavalaria castelhana), acabou como um dos terra-fundiários mais ricos de Portugal.

Dom Pedro I, o Crú, amador de Dona Inês, o que mandou arrancar o coração pelo peito e pelas costas aos assassinos da amante, dançava nas ruas com o Povo, bêbado, de azorrague enrolado na cinta, protegido por guarda-costas.

Talvez, os túmulos merecidos para os hodiernos Pais da Pátria.  


Saudações confiantes do

Leopardo    

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