Reflexões do Leopardo

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segunda-feira, 8 de maio de 2017

Dois filmes & as eleições francesas

Enquanto aguardava os resultados das eleições francesas fui ver dois filmes.
O primeiro, incluído na categoria dos "dramas", "O Jardim da Esperança" é uma obra notável, que recomendo vivamente, baseada em acontecimentos reais, onde nos é contada uma parte da muito corajosa resistência polaca à ocupação hitleriana, com o seu planeamento racional de um genocídio brutal a quem quer que se lhe opusesse, de uma crueldade sem limites.
Um casal de polacos, que geria um jardim zoológico em Varsóvia, decide e consegue salvar 300 judeus do extermínio, correndo os riscos inerentes de serem eles próprios presos, torturados e mortos.
Realizado pela neozelandesa Niki Caro, a partir de uma versão em poema de uma inglesa, o elenco de actores reúne um número de nacionalidades impressionante (norte-americana, alemã, belga, irlandesa, israelita, sérvio-bósnio).

Lamentável que o filme pague os favores dos "mírdia" e a sua candidatura para os Óscares com uma sugestão final de que foram as forças armadas da URSS que, em 1945, arrasaram Varsóvia ( numa altura em que todas as grandes potências em conflito sabiam que a Wermacht e as SS tinham ordens explícitas para "apagar" as provas visíveis das atrocidades cometidas ). Porém, os favores têm um preço...
Não obstante, "O Jardim da Esperança" é uma película excelente, que não deve deixar de ser vista, especialmente nos tempos que vivemos, em que o retorno do nazismo recauchutado parecia impensável .

Isto teclado, um bom camarada meu, de graça Silvestre, por favor, por favor, que não me venha repetir a argumentação de que o espírito teutónico não pode ser reduzido `as hordas hitlerianas e ao seu gauleiter . Sei que me citará de imediato Marx, Beethoven, Goethe. Eu poderia somar a estas pessoas uma lista extensa: a família Bach, Kant, Hegel, Lessing, Mozart , etc, etc. Porém, as excepções não fazem a regra e a regra é que uma pesada herança do espírito e da crueldade racional prussiana há séculos determinam a história da Alemanha. O êxito da família Le Pen não representa um acaso : 35 % dos alemães escolheram Marine . E, aliás, é caso para indagar. de que lado colocaria o meu bom camarada a chanceler Merkel ou o prolixo Shauble ?... Em dias da minha vida, eu, um rude leopardo dos Hermínios, jamais esquecerei a segunda guerra mundial e o papel dos Alemães nela. 

O outro filme é "Amigos, Amigos, Telemóveis à Parte", incluído na categoria das "comédias", explora, com o humor tipicamente italiano, que alia o riso ao choro, a seriedade à sátira, a nossa dependência actual dos telemóveis, verdadeiras "caixas negras" do que nos habita o subconsciente.
A história é construída em torno de um jantar habitual de casais amigos, que naquele jantar decidem pôr os telélés em cima da mesa e atendê-los em voz alta quem quer que chame do outro lado da comunicação.
Rapidamente começam a saltar as situações embaraçosas, mesmo escabrosas, as pequenas e as grandes traições que existem no interior do grupo de casais amigos.
O "divertimento" conhece "un finale felice" porque o "direttore" Paolo Genovese assim o quis. Sendo uma película de excepção, poderia bem e facilmente ser representada em teatro. Entre os actores, todos excelentes, seria injusto destacar este ou aquele : Giuseppe Battiston, Anna Foglietta, Marco Giallini, Alba Rohrwacher, Edoardo Leo, Valerio Mastandrea, Kasia Smutniak .  



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                            Resultado de imagem para fotos ou imagens do filme "Amigos, Amigos, Telemóveis à Parte"


Despeço-me à italiana

entre o sério e a sátira

o Leopardo


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