Reflexões do Leopardo

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quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Delírios robóticos e a im-pertinência dos "offshores"

Acordei ontem de manhã, 22 de Fevereiro.2017, a ouvir, na RDP/Antena 1, a imponderável Edite Estrela - militante destacada do PS , ex-presidente da Câmara de Sintra, ex-vice-presidente da Junta Metropolitana de Lisboa, chefe da delegação dos eurodeputados socialistas portugueses no Parlamento Europeu desde 2004 - a preconizar a aposta na produção de robôs ( em cuja investigação os cientistas portugueses se têm distinguido ), a garantir que os robôs poderão substituir dois terços da força de trabalho humano, que estes robôs poderão reprogramar-se a si mesmos, aprender, evoluir, e que se deve elaborar uma Carta dos Direitos dos Robôs, impedindo que os seres humanos os possam desligar ou travar a sua auto-aprendizagem. Também questionava a senhorita se os ditos robôs desse futuro-praticamente-presente deverão pagar impostos e poderão votar.

Ou seja, a notável Estrela , da constelação nebulosa PS , não está preocupada com os milhares de milhões de seres humanos do planeta Terra que passam fome, estão afastadas de cuidados elementares de saúde, são salpicadas por uma escolaridade estropiada, entram no mercado de mão-de-obra miserável ou semi-escravo ainda crianças, não fazem a mínima ideia  de que existem Direitos Humanos que lhes deveriam ser aplicados e, é óbvio, a última das suas premências é exercer o direito de voto. Não, não, a preocupação da Estrela é garantir uma Carta dos Direitos dos Robôs!... Como trauteava um extinto cantor "olh'ó róbôt, olh'ó róbôt !"

Mas a inefável Estrela, chefa da delegação dos deputados socialistas portugueses no PE , não é parca em propostas controversas : advoga a "liberalização já" do acesso ao aborto na UE ; e já propôs, por duas vezes, o ensino da educação sexual nas escolas primárias, em termos e com linguagem tais que as propostas foram recusadas por unanimidade das duas vezes.

A inesgotável Estrela, "boss ou bossa" europeiísta, também não é amena com os seus colegas da bancada socialista no PE: apodou-os de "insuportáveis", crismou Ana Gomes de "descabelada que só arranja problemas", assegurou que Vital Moreira foi "uma má escolha, que lhe iria fazer a vida negra", ponderou que Costa Campos "não fazia sentido para o cargo", subiu a parada reponderando que Elisa Ferreira "é uma fingida com a agravante de ser amiga de Vital e Ana Gomes".
Os colegas de bancada retorquiram-lhe à altura. Ana G. e Elisa F. tirotearam mais rápido que o Lucky Luck que os "afectuosos" comentários de E.Estrela "as faziam rir à gargalhada e não eram outra coisa senão foguetório desesperado de uma estrela cadente". Vital M. deixou pingar sucinto que as considerações da colega "não impediam que o grupo euro-parlamentar agisse em uníssono". Costa C. declarou "no comments", à maneira do Departamento de Estado norte-americano quando embaraçado.
Todo o acidulado tric-e-tric euro-parlamentar socialista foi divulgado pela pérola dos pasquins jornalísticos bons para cartuchos de tremoços que dá pelo nome de "Correio da Manhã"cujo qual matinal assegurava tratar-se de "uma conversa telefónica entre a Estrela e Armando Vara", telefonema fungado e refugiado no distinto pasquim. Em suma curta e grossa: o PS em todo o seu esplendor... 

Na manhã de hoje, quinta-feira 23 de Fevereiro.2017, a RDP/Antena 1 agraciava-nos com a entrevista conduzida por Maria Flor Pedroso - jornalista das "esquerdas" (?) -  a Pedro Filipe Soares. Não sabem quem é o sr. PFS?... Nem eu sabia (eu, Leopardo, com escutas em todas as árvores mais altas destas nossas florestas). Porém, o BE , hábil em tirar coelhos da sua cartola mágica, brindou-nos com mais este líder (poucos, mas infindáveis). O cujo qual sr.PFSoares extraiu de uma outra sua cartola pessoal (ou a mesma cartola, porque as cartolas são tantas que uma pessoa se perde) vários ovos da Páscoa, entre os quais que o BE é absolutamente contra a obrigação de revelar os SMS's pessoais, todavia se António Domingos os tem, e admite que os pode mostrar, então que os mostre lá!... Admirável sinuosidade do radical BE que não se cansa de nos encantar com os seus truques de cartola...

E, no ainda hoje, o País, estupefacto, embate-se com a notícia de que desapareçam para parte incerta as gravações originais de Zeca Afonso - o da "Grândola, Vila Morena" e dos "Vampiros" que comem tudo, entre tantas muitas outras - e de Adriano Correia de Oliveira - o das "Trovas do Vento que passa", entre tantas muitas outras. E o País , chocado, indignado, interroga-se se a obra destes poetas-cantores não deveria ser considerada Património Nacional e estar resguardada destes furtos selvagens.

E as surpresas e maravilhas têm sido tantas que os "mírdia" consideraram despiciendo deixar-nos lobrigar o Diálogo entre o PCP, dinamizado pelo seu próprio secretário-geral Jerónimo de Sousa, e Simpatizantes do Partido, realizado no Centro de Trabalho Vitória em Lisboa, no seu salão maior, no dia 22 de Fevereiro do corrente.
Diálogo que tinha por objectivos ajudar a explicitar as conclusões nodais do XX Congresso do PCP e escutar atentamente os comentários e críticas de Amigos do Partido.

Com o salão à cunha, Jerónimo de Sousa sublinhou que tudo indica que o pior ainda está para vir, isto é, a intenção expressa da Administração Norte-americana com a sua face nazi e inúmeros focos de guerra acesos em numerosas regiões da Terra, impor o seu comando imperial ao planeta. Intenção ditatorial que os sinais vindos da Holanda, da França, da Alemanha só reforçam.
Jerónimo de Sousa pôs em evidência que quer nas instâncias internacionais, quer nas instâncias nacionais e "fora" sociais internos - deu como exemplos os últimos resultados eleitorais em São João da Madeira, nos quais para a AR obteve 300 votos e para a autarquia alcançou 1200, e o facto de não existir praticamente nenhuma comissão de utentes onde não existam comunistas envolvidos - , o Partido em todos se tem empenhado num esforço patriótico e internacionalista de resistência e combate ao imperialismo dominante. JS evidenciou que o prestígio internacional do Partido é inquestionável entre os Partidos Irmãos e mesmo entre os seus inimigos de classe, porém, o PCP tem a dimensão que tem e não uma dimensão imaginária. A sua acção internacionalista mede-se não por um virtual passaporte para atravessar fronteiras, mas pelas lutas internacionalistas em que se empenha.

Os comentários e críticas dos Amigos também não se fizeram de modas, girando bastante em torno do que um deles clarificou de forma inusitada e paradigmática:
- os jovens abaixo dos 40 anos estão cansados de discursos políticos padronizados;
- os jovens querem "uma democracia de micro-ondas", "embalada em pacotes de plástico, prontos para as incineradoras caseiras";
- é preciso melhorar a comunicação gráfica, "o pacote de leite tem que estar de acordo com o leite que lá vai dentro", "os jovens querem reconhecer pelo figurino que é um comunista que lá vai dentro".

Relevei estas críticas porque empatizei pessoalmente com elas, pelo seu brilho, porque julgo que traduzem exemplarmente o desejo da quadratura do círculo. O que outras intervenções críticas reafirmavam em estilo mais prosaico, menos contundente: "as eleições de 2016 parecem exigir um novo 25 de Abril, porém isso seria quase um milagre, é preciso romper com calma".

Jerónimo de Sousa recordou neste diálogo sem conclusões, com o alto e urgente projecto de recolher outras vozes, que nada do que se alcançou, pouco ou um pouco mais, se alcançou sem uma luta colectiva, organizada, dialogada, estrategicamente priorizada, nas quais o económico, o social, o cultural, o artístico interagem uns nos outros. Confidenciou, por exemplo, que António Costa , enganado pelo seu logro de propagandear umas eleições para 1º ministro, mas, de facto, umas eleições para a Assembleia da República, a correu a felicitar o PSD pelo seu triunfo eleitoral. Foi o PCP que lhe recordou o elementar e que lhe mostrou que a correlação de forças na AR se tinha modificado, abrindo a possibilidade de ser eleito um presidente da Assembleia da área do PS.
Contudo, apesar do mais e do menos conseguido pela "Geringonça" ( termo que tipifica bem as suas fragilidades ), mais e menos que o PCP valoriza pelos resultados atingidos e pelo valor de conscencialiazação alcançado na luta, o secretário-geral lembrou que quem domina domina igualmente na Comunicação Social e contou o caso de uma jornalista, dependente de uma rede balsemónica, que o entrevistara com um elenco de perguntas dirigidas para "tutti quanti": Coreia do Norte e o seu arqui-arsenal nuclear, República Popular da China e o seu crescente capitalismo de Estado, o putinismo e a ameaça populista russa, o estalinismo, o estalinismo, o estalinismo.
A jornalista-entrevistadora regressara contente ao controleiro balsemónico que lhe perguntou de imediato que tal correra a entrevista. A jornalista disse que "bem, pois Jerónimo até cedera, não falara apenas a matérias de agricultura, como se propunha, e se navegara  em todas as enseadas que lhe tinha proposto". O balsemónico controleiro, que já visionara a entrevista, comunicou-lhe que o seu contrato estava suspenso "sine die", dado que ela não era paga para criar, mas para cumprir ordens. A jornalista, depois de meses sem trabalho distribuído, e portanto sem salários pagos, acabou por se despedir...

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Aqui, o mero Leopardo, trepador de árvores altas,  finda por ora, 

apelando á luta colectiva, debatida, organizada,

confiante em Sociedades Novas mais Progressistas      

          

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