Reflexões do Leopardo

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terça-feira, 11 de outubro de 2016

Trampas

Creio que a 7 de Outubro do ano em curso, portanto há 5 dias atrás, Condolezza Rice retirou o seu apoio ao candidato à presidência dos EUA, Donald Trump, por considerar que o candidato se tinha excedido para além do que era admissível, insultando toda a condição feminina.

Desta postura política de Condolezza Rice extraiem-se vários significados:
- por um lado, significa que, até àquele momento, nenhuma das afirmações tonitruantes, trauliteiras, do político norte-americano mais abertamente nazi (mesmo mais que o defunto Barry Goldwatter) a tinha chocado;
- por outro lado, significa que foram as convicções de Trump , ao nível da cueca, nomeadamente os seus "mimos" de que "sempre que tinha na assistência umas carinhas larocas que se desejavam aproximar do Poder aproveitava para as beijar, desejando em seguida saltar-lhes para a "rata", e ao negar o direito ao aborto mesmo a mulheres que tivessem sido violadas por entender que "as mulheres podem sempre fechar as pernas se o quiserem" , foram estas "pérolas" regurgitadas da concha trumpesca que levaram a personalidade republicana Condolezza  a reconsiderar e a pensar que Trump tinha ultrapassado a linha vermelha que separa o que poderá ser pensado do que deve ser dito.

Como é público, Condolezza Rice não é uma figurante política de segunda fila. É uma "notável" do Partido Republicano ("os Elefantes"). Foi a 66º Secretário de Estado ( o equiparável ao nosso ministro dos Negócios Estrangeiros ) - entre 2005 e 2009, com George W. Bush - e Conselheiro da Segurança Nacional ( o equiparável ao nosso ministro da Defesa Nacional ) novamente com George W. Bush, em 2011, sendo o segundo afro-americano a deter o cargo, depois do varão Colin Powell.

Condollezza Rice pode apresentar a desculpa de ser portadora de uma cabeça apatetada, propênsica à palhaçada como Trump ?... Não senhora, antes pelo contrário. Muito consciente do seu estatuto de mulher negra, filha de um pastor presbiteriano, na sociedade estado-unidense,  determinou-se a ser a melhor aluna nos cursos onde investiu desde criança. "Terei que ser sempre duas vezes melhor que os outros" confessou nas sua notas pessoais.   O que alcançou com pleno êxito. Foi a melhor aluna do ensino liceal. Bacharelou-se em Direito em Denver, em 1974, doutorou-se em Denver, em 1981.

Talvez por influência parental ( o seu nome é uma corruptela do "nick name" Condi, pelo qual era conhecida, e de "dolcezza", palavra italiana que significa "doçura" ) , CondollezzaCestudou piano desde criança, já apareceu ao piano no Constitution Hall, em 2002, projecta tocar, nos meses próximos, uma sonata para violino de Brahms - um dos paradigmas dos músicos românticos - , transcrita para piano, no Carnegie Hall, acompanhada pelo violoncelista Yo-Yo Ma. É obra!... 
Não imaginamos uma personalidade tão cerebral a marcar um concerto de tal envergadura, com um acompanhante de tal peso, numa sala tão carismática para o Povo Norte-Americano, para o transformar num enterro político-musical.

Curiosamente, sendo considerada bonita e elegante por muitos, Condollezza vive sozinha com um gato ( traços que partilha com Irene Flunser Pimentel, personalidade tão distante geograficamente ), não lhe sendo apontados namorados/as na devassa imoral dos "mírdia" cowboys. Talvez traços de personalidades dos que sonham aos poderes terrenos supremos...

Faz muito que defendo que a personagem Donald Trump é uma personagem de laboratório, criada a comando da mioleira do Grande Capital com o intuito de representar a personagem Hillary Clinton como uma democrata credível ( sem negar a Trump a sua contribuição pessoal de "clown" irreverente, arruaceiro, femeeiro, nazi ). E isto, porque estou convencido que o Grande Capital não é estúpido, entende que o Povo Norte-Americano não aceitará um Presidente obviamente nazi.

E quem é Hillary Clinton ? A actual candidata do Partido Democrático ( os "Burros" ) é, tal como Condollezza , uma mulher cerebral, que tem conduzida a sua carreira de acordo com o seu ideário ferozmente anti-comunista e de acordo com as suas ambições pessoais.

Hillary inicia o seu percurso político militando voluntariamente no Partido Republicano , denuncia uma fraude eleitoral cometida contra Richard Nixon ( o Ricardinho dos Truques Sujos, na gíria popular norte-americana ), integra a campanha eleitoral para a Presidência dos EUA  de Barry Goldwater (!), o predecessor de Trump num nazismo entusiasmado, Goldwater que perdeu as eleições, em 1964, por uma das maiores margens de distância da História Norte-Americana nas corridas eleitorais à Casa Branca, contra o "democrata" Lyndon Johnson ( o mítico e charmoso John Kennedy tinha acabado de ser assassinado em Dallas, assassínio que, até hoje, sempre surge enevoado nas versões mais contraditórias, assassínio que foi acompanhado por dezenas de assassínios sequenciais que restam ainda por esclarecer cabalmente ).

Hillary troca o Partido Republicano pelo Democrático (os "Elefantes" pelos "Burros") em 1968, afirmando que considerava que "eram mais os Republicanos que a abandonavam a ela, que o contrário" , e sempre se tendo demonstrado uma anti-comunista assanhada.

Os dados biográficos da actual candidata à Casa Branca montam-se nestes carris: natural de Chicago ( 26 de Outubro de 1947 ), formada em Direito, doutorada pela Faculdade de Yale, casa-se com Bill Clinton em 1975, depois de o ter recusado umas 5 vezes, declarando que "o momento não era oportuno" (embora, já vivessem juntos há vários anos); apoiou as campanhas militares contra o Afeganistão e o Iraque. Opôs-se a uma parte das políticas externas e internas de George W. Bush. Foi eleita Senadora em 2000.

Como Secretária de Estado de Barak Obama defendeu as "primaveras árabes", o golpe militar na Líbia . As acusações do "hacker" australiano Julian Assange, acusações realizadas a partir da correspondência de Hillary , confirmam o que era óbvio e acrescentam que Hillary , enquanto  Secretária de Estado de Obama aprovou a venda de armas ao Daesh - o denominado "Exército de Salvação Islâmico" , Exército terrorista, que mui recentemente a Casa Branca assevera não poder conter (afirmação que provoca uma hilariedade generalizada).

O que demonstra esta confrontação entre as carreiras políticas de Condolezza Rice  e Hillary Clinton ?

Que apesar das diferenças apresentadas como ciclópicas pelos "mírdia" , a linha de diferenciação entre "os Elefantes e os Burros" é tão ténue que, a todo o momento, mudam de campo e se confundem.

Nos entretantos, a nível nacional, Sua Excelentíssima Excelência o Primeiro Absoluto nos Patamares do Estado Português , afivelando a sua máscara mais grave, toma posição disfarçadamente a favor da UBER, gigantesca rede transnacional do sector dos transportes, contra as redes nacionais de táxis, médias, pequenas e minúsculas, argumentando que a UBER é um desafio para a modernização do sector, que não podem ser erguidas barreiras à livre concorrência e ao empreendedorismo, insistindo que as posições dos táxis nacionais violam a lei e obstruem as forças policiais que a defendem. E, quando os táxis nacionais rumarem ao Palácio de Belém, decerto serão recebidos por um representante da Presidência da Republica. Ficou por explicitar qual a razão porque os representantes da UBER foram recebidos pelo próprio Presidente da República. Mas, serão mistérios aos quais apenas os Grandes Deste Mundo têm acesso, e têm compreensão para os abraçar... 

Sua Excelência Excelentíssima o Primeiro Logo a Seguir na Escadaria do Poder, com a máscara habitual de uma tranquilidade oleosa e sorridente, garante que está tudo nos conformes, que nada ainda foi definido em definitivo sobre a sobre-taxa do IRS, que é tudo uma questão de "timing", que o mundo não acaba amanhã, que está contentinho com os minúsculos passos dados a favor da Arraia Miúda nas matérias da Saúde, da Educação e Escolaridade, das Reformas. Contentamento ministerial completamente ao arrepio do entendimento das Organizações Sindicais , que prometem continuar as suas lutas a favor dos trabalhadores portugueses reais. No quadro sindical, exceptua-se, claro está, essa "coisa" que dá pela sigla UGT , puxada pela trela do sr. Carlos Silva , grupelho divisionista, sempre pronto a lamber as mãos do Grande Patronato

Ambas as Excelentíssimas Excelências se regozijam com a presença de um português à frente da ONU. Em relação à eleição de António Guterres para a Presidência da ONU, apenas o Partido Comunista Português confronta prudentemente Guterres, não com o seu passado ( onde não existe lugar para a confiança ) , mas com as suas responsabilidades imediatas a nível mundial. 

Ou seja, as forças políticas "do arco da governação" no rectângulo nacional (onde, claro está, não está incluído o PCP, por mais que se esforce o BE ) são um eco que replica, em fado menor, as grandes forças políticas da social-democracia estado-unidense - mais fascizante ou mais revisionista.   

  
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Amplexos, confiantes na luta de massas, 

do Leopardo 

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