É claro que os meus Amigos e Camaradas compreenderam súbito que quando eu relatei as diversas opiniões de construtores da Festa sobre as melgas da Atalaia estava a tipificar várias coisas simultaneamente.
Que os comunistas possuem opiniões próprias, pessoais, que não vêm exaradas nos três volumes do "Capital", nem nos princípios do marxismo-leninismo, nem no "Manifesto", nem nas resoluções do último Congresso do PCP, nem no centralismo democrático. Isto é, estava a afirmar, a partir de um obstáculo aparentemente caricato, os milhões de melgas da Atalaia, mas que interferia fortemente na construção da Festa, que os comunistas têm necessidade como do pão para a boca de serem criativos, de imaginar soluções novas, ou seja, de serem heterodoxos - "um ortodoxo é necessariamente um heterodoxo" (Aboim Inglês "dixit").
Que essas opiniões, ao ousar inovar, correm o risco de provarem na prática ser eficazes ou o inverso, "todavia, a prova do pudim é comê-lo".
Também, na Festa, numa roda de construtores se trocaram opiniões sobre o valor imagético e ideológico da Roda gigante.
Uma camarada - Catarina - suspirava: "Tenho medo. E se aquilo se escangalha e cai?... Morro sem chegar aos "entas"..." (Eu sossegava-a: "a empresa espanhola que a colocou na Festa não arriscava a sua marca num divertimento inseguro; vais comigo, se a Roda parar um bocadinho lá no topo... tabaqueamos o assunto).
Um amigo, de passagem, pingou peremptório com murro na mesa: "É demagógico. É excessivo. Não está de acordo com a tradição de modéstia dos comunistas. Transpira esquerdismo por tudo quanto é poro."
Eu contrapunha divertido: "Eu cá gosto! Vê-se de todo o lado. Enfurece a Reacção. É assim é que "eles" se enxofram!!..."
O excelente camarada Colaço, príncipe dos tradutores italiano-português, português-italiano, com ironia sibilina comentava: "Deve-se andar na Roda. É o único sítio de onde não se enxerga a Roda..."
'Tão a languçar a riqueza da coisa ??... Enquanto destilavamos teorias sobre a Roda, a Roda elevava-se na atmosfera, abarcava toda a Atalaia, abarcava todo o Seixal, os distritos de Setúbal e Lisboa, todo o Portugal e Ilhas, sempre cada vez mais alto, a pairar sobre o Atlântico, a pairar sobre o planeta qual estrela polar do Futuro .
Muita pena, já o disse e repito, cá o Leopardo revelar-se incapaz de escorropichar umas versalhadas, mesmo de pé boto... Faz-se o que se pode. Devia ser obrigatório dar mais. Mas, o Amor é assim...
Todavia, nem tudo foram cravos vermelhos no pós-Festa.
O Primeiro Primeiro Logo A Seguir, A.Costa, - deslustrando a memória do pai, o grande poeta comunista Orlando Costa - começa a borregar gaguejando que os salários mínimos pelos quais os trabalhadores têm tão afincadamente lutado - Honra e Glória a Arménio Carlos e Ana Avoila entre muitos outros - só lá para 2018, se os deuses de Berlim estiverem nos conformes.
O Primeiro Absolutamente Primeiro na Ordem do Estado, professor Martelo, borrega igualmente, cambulhando palanfrório sobre a necessidade de compatibilizar a nossa participação na UE com as exigências salariais dos trabalhadores ( se não perceberam e pedirem explicações, ele, deliciado, tornará a tocar a cassette horas infindas ). Para rematar a discursata embrulhá-la-á em papel celofane, propondo, talvez, quiçá, lançar um referendo sobre o desgraçado (des-) Acordo Ortográfico de 90, filho ilegítimo do lado português (?) do senhorito Malaca-Castel-Queijo.
Maria Luís Albuquerque de Albuquerque e Albuquerque, Passaralhos Coelho, Cristas & Cristas, em rota de enlouquecimento, asseveram que deixaram tudo num brinquinho, que trilharam o caminho difícil, cujo é imperioso continuar. Para esta galopada sem freio para a loucura, o ridículo, o pântano social, económico e cultural, muito concorre, verdade seja teclada, a atenção que os "mírdia" lhes dispensam, estendendo-lhes os microfones e as "pantalhas", como se ainda fossem Governo.
Entretanto, o PCP prossegue a sua missão e tarefas corrigindo, por exemplo, o prémio Nobel deste Ano, afirmando que a saída, ou não, da UE, deve ser debatida a nível nacional e de acordo com os interesses do Povo Trabalhador Português.
A estrela polar da Atalaia é cada dia mais brilhante no planeta !
Amplexos radiantes, confiantes na Luta
do Leopardo
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