A Actualidade da Traviata

Tinha em carteira uma nova edição do meu blogue, porém, ontem, fui ver a Traviata  - que como uma grande maioria sabe, ou suspeita, é um dos "drammi per musica" mais famosos de sempre, e é a abreviatura de "La Traviata" do compositor Giuseppe Verdi , para mim, objectivamente subjectivo, o maior compositor de Óperas da História da Música - e a reflexão que tinha em carteira foi completamente atropelada ( a ela regressarei "dopo" ) pela actualidade escaldante ( "boliente" ) da "Traviata".

A estória desta obra é simples, como são usualmente os acontecimentos da vida real ( se é que a "realidade" da Vida é claramente identificável ou ela não passa de uma pesquisa da Ciência, da Arte, dos meios de Comunicação Humanos, isto é, da Imaginação Humana ; como escreveu Lope da Vega "toda la vida es sueño" ).

Na "Traviata" a estória não passa de um acontecimento de faca e alguidar que se pode resumir como segue : uma cortesã ( nos idos, "barregã" ou "rameira", no século XIX actualizado para "prostituta" - que o cds-pópó pretende legalizar à pála de "trabalhadoras do sexo" e de poderem constituir "cooperativas de prostituição" ( sic !... ) - mais recentemente, "alternadeiras" ou "bailarinas do varão ; evoluções etimológicas que traduzem modificações das condições sociais e das relações entre as classes sociais ) , dizia, então, uma cortesã de sucesso, célebre pela sua beleza e elegância, que transitara por muitos homens, mas nunca conhecera o Amor, conhece-o por fim na pessoa de um filho da classe possidente, abandonando o seu salão de Paris - onde amealhara uma razoável fortuna em "luízes", jóias, presentes variados, caleches - para ir viver para o campo francês, inteiramente dedicada ao filho da grande burguesia, aparentada à pequena nobreza. 
Inevitavelmente a cortesã de sucesso - o seu nome é "Violeta", fonemas ligados à delicada flor símbolo da Morte e dos cemitérios - sofre de tuberculose ( o cancro da época ! ) que se começam a manifestar em hemoptises, palidezes e desmaios cada vez mais frequentes. O ascendente "Pater Familia" do jovem burguês, que ama deveras a Violeta e quer casar com ela, pondo de acordo o Amor e a moral católica apostólica do Vaticano, procura Violeta no seu ninho de Amor campestre e usa a mais antiga das tácticas das classes possidentes : apela à generosidade, ao espírito de sacrifício, à honra ... das classes despossuídas ! E vence ! Violeta acabará por morrer nos braços do seu Amor, num laço que só a Morte Social torna possível ...

Querem mais actual ?!... Puxem pelos neurónios. A Administração Trampas apela à desnuclearização da Coreia do Norte ( mísseis nucleares abençoados directamente pelo Divino só os "cowboys" : matam os Maus do lado esquerdo do caminho e deixam incólumes os Bons do lado direito desse mesmo caminho... ).

No reduzido rectângulo nacional de praias à beira Atlântico plantadas, Sua Excelência Excelentíssima, o Senhor do Martelo apela a cumprir os deveres lusos com a NATO/Pentágono/CIA e a olvidar os exacráveis cantos de sereia dos Vermelhos...

Ainda num círculo mais reduzido, o pequeníssimo gnomo do Zepoorting apela aos futebolistas a que votem no verdadeiro líder legal do Clube ou que rescindam o contracto, sem direito a indemnizações, possibilidade de regresso e que vão... para o Diabo que os carregue !!!

Portanto, que Viva Verdi ! Que Viva " La Traviata" ! Que Viva esta encenação da "Traviata" em cena no Teatro de São Carlos, em Lisboa ( ainda têm mais três récitas a 14, 16 e 18 de Junho.2018 ) . 
Para além, dos já famosos espectáculos na esplanada em frente ao São Carlos, onde podem apreciar "ao vivo" o maravilhoso Coro do São Carlos, dirigido pelo seu Maestro, o meu Amigo Giovanni Andreoli.

Eu sei, eu sei, que me faltou fazer um breve giro pelos interpretes, sobre os cenários, os figurinos, etc, etc, mas esses são bons pretextos para retornar à matéria.    




 

 


Assim, "a presto"

Saudações "amichevole" do

Leopardo