Reflexões do Leopardo

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domingo, 6 de maio de 2018

O "meu" 1º de Maio de 2018

Fui direito à Alameda D. Afonso Henriques, enorme relvado onde encerram as comemorações do Dia do Trabalhador, porque o excesso de desporto de competição que pratiquei "in illo tempore" ( box, judo, remo, karaté, "jogging" ) me arruinou a coluna, os joelhos, as articulações ( salvou-se o toutiço... até ver... ) e poisei o assento fundamentalmente em dois pequenos pavilhões : a Associação de Amizade Portugal-Cuba e a Associação de Amizade pela Libertação da Palestina.

Na Portugal-Cuba fui magnificamente tratado pelo Camarada Augusto, bebi uns "moguitos" ( rum com ervas, gelo ; ao rum com coca-cola, vulgarmente designado de "cuba libre", os cubanos reaccionários da Florida, nos "States", caluniam de "mentirita" ), ajudei a vender "moguitos" a outros entusiastas, comprei um famoso charuto "Cohiba" ( quem nunca fumou um "Cohiba" não sabe o que é fumar "tabaco" ... Churchill nunca os dispensou durante a 2ª guerra mundial  ... com os londrinos a morrerem sob as bombas da aviação nazi ... ) , ajudei a vender outros "Cohibas" .

Na Libertação da Palestina fui carinhosamente tratado pela Elena Pabst, também mecenas do TMJB em Almada, e ajudei a vender umas rifas que davam de prémio uma réplica de uma notável gravura ( é claro que não me saiu a mim, pois a minha sorte ao jogo é zero ).

E fui espraiando as vistas por uma multidão de Camaradas e Amigos que me desfilavam defronte : o Pádua e a Lena, que insistiam em convencer não sei quem que parecia mais que convencido, o João que gargalhava com toda a gente como se fosse o primeiro dia da sua vida... e etc, etc, dado que, entretanto, o Camarada Arménio iniciara o seu heróico discurso perante as vagas de trabalhadores afectos a Abril ; também lá estavam uns camaradas velhotes - que devem ter sobrado do 1º de Maio de 2017 - que nunca interromperam a sua interminável partida de sueca, mas cantaram a Internacional e o Hino Nacional de punho erguido, fechado... e cartas na mão ! Como não posso estar orgulhoso do "meu" Povo ?!!...

De facto, não posso deixar de assinalar que Sua Excelência Excelentíssima, o Senhor do Martelo , umas 3 semanas antes, na RDP/Antena 1, o "nhanhas" reaccionário do costume, palavreara que compreende a ansiedade dos trabalhadores precários, isto é, a recibos verdes, mas, que "a precariedade não se pode resolver de um dia para o outro". De facto percebo que Sua Excelência não compreende pêvas de precariedade , ele que veio ao colinho do carro presidencial e da tutela do "padrinho" o fascista Marcello Caetano para o Portugal democrático do 25 de Abril e foi deslizando subrepticiamente para as tetas acolhedoras do psd/paf  e, portanto, nunca experimentou o que é o terror de não saber se o "guito" ( o" carcanhol", o "arame", "aquilo com que se compram os melões" ) chega para a própria pessoa e a "famelga"  comer no dia seguinte ... 
É igualmente repelente tomar conhecimento antecipado que a Excelência Excelentíssima está, hoje, na Sede da ONU, em Nova Iorque, no Dia da Língua Portuguesa e da Cultura, a saudar "o notável dinamismo do Português, língua falada por mais de 260 milhões de pessoas, língua do futuro", quando é declarado e notório que o que predomina é o brasileiro , variante derivada da língua portuguesa do século XVI, o que é uma forma enviesada e safardana - ao estilo da Excelência - de apoiar o anti-patriótico AO/90 do senhorito Malaca Casteleiro . O Povo Português, tem vindo a perceber, é verdade que a velocidades diferentes, que o desnaturado des-Acordo/90 , que não foi implementado por mais nenhum dos países que o assinaram, outra coisa não constituiu senão uma via para o Estado Brasileiro penetrar nas ex-colónias portuguesas, nomeadamente em Angola, Moçambique , districtos de Goa, Damão e Díu na Índia, em Taiwan e Macau na República Popular da China. Em resumo, um esplêndido negócio para uns poucos, uns pratos de lentilhas para o senhorito Malaca-Castelo-do-Queijo , agora, para o seu cúmplice Excelentíssimo . Que importa que uma geração de milhares de alunos e professores  portugueses tenham ficado massacrados e desorientados para o resto da vida ?!... Mas, a invasão de um Povo, no seu cerne mais profundo, faz-se exactamente através da sua Língua, placenta da sua Cultura e História !!! Perguntem-no ao antigo Império Romano e ao uso que deu ao latim ...

É no mínimo divertido que os EUA de Trampas e a França de Macron , tentando replicar, a nível de imagens, o êxito do desanuviamento entre as duas Coreias , resolveram plantar nos relvados da Casa Branca uma árvore com terra e água dos dois países. É ainda mais divertido, que o simbolismo do acto não durou 24 horas, pois, no dia seguinte, o actual inquilino da Casa tinha mandado retirar o embrião da árvore do relvado... Deve preferir mandar lá colocar uma águia norte-americana, devidamente acorrentada...

Prolongo esta parlenga, que já deve ter ultrapassado as fronteiras da Vossa pachorra, com algumas notícias e umas reflexões que têm a pretensão de apanhar nós essenciais de todos Nos :

- morreu o chefe da Renamo , o tristemente famoso terrorista Afonso Dhlakama , que provavelmente terá assassinado mais compatriotas moçambicanos que militares das tropas coloniais. O asssacanado do Ramos Horta , líder oportunista, desnaturador do processo timorense - decerto por isso, prémio Nobel da Paz em 2014 - declara que, pense o que se pensar da actividade passada do Dhlakama , uma forma menos abonatória de tratar as exéquias do terrorista defunto "poderá ter consequências negativas no processo de paz em Moçambique". Ou seja, por um lado, uma morte mais que mal adiada, e, por outro, o ensaio para recuperar a memória de um infame ...

- o atleta japonês amador Yuki Kawauchi , de 31 anos, tornou-se o primeiro japonês, desde 1987, a vencer a maratona com um tempo de 2 horas, 15 minutos e 54 segundos. Em segundo lugar ficou o queniano Geoffrey Kirui, descendente de uma cultura que há séculos atravessa  a correr as terras desoladas do seu País, o que alongou as tíbias, alteração morfológica que passou a ser transmitida geneticamente ( de acordo com as investigações dos cientistas que se dedicam a estas sabenças ). Mas eu reproduzo estas notícias, atónito de admiração, porque o Yuki Kawauchi é de facto um amador, funcionário publico a viver do seu salário em yenes, sem patrocinadores . Em 2017 correu 17 ( !!! ) maratonas, em 2018 já vai em 4 !!! É bom ter presente que este tipo de atletas, em média, não correm mais de 3 maratonas por ano... A determinação e o trabalho humano vão rompendo todas as fronteiras e eu desbarreto-me entre o orgulhoso e o admirado.

E então vamos lá às minhas pretensiosas reflexões. Cá em casa ( mesmo os Leopardos têm um abrigo... ) vive quem seja "tiffoso" do Cristiano Ronaldo. Por mim tudo bem, reconheço que este futebolista é decerto o melhor futebolista actual a nível mundial, levou o conhecimento do nosso País aos quatro cantos do planeta, não se droga, não se tatua  ( ainda me assaltam os neurónios as tatuagens dos nossos militares que mostravam a tinta azul, invariavelmente, um coração, uma data, o nome de uma das colónias, e "amor de mãe" ... ), é dador de sangue e de generosas ofertas para causas humanitárias ( que entrega discretamente ). Quando o clube do CR7 ( a Selecção Nacional, o Real ) vence, todos Nos vencemos com ele. Ele faz-nos sair da nossa vulgaridade, do nosso anonimato e partilhamos a vitória dele como se nossa fosse. Ou seja,  o Cristiano transporta-nos para uma grandeza sonhada ( Calderon de la Barca escreveu que "la vida es sueño" ) ou para uma grandeza que se calhar já foi nossa ou que poderá vir a ser a nossa.

Regressando a uma conversa e a uma questão suspensas com o Arthur Miller da "Morte de um caixeiro-viajante", encenada por Carlos Pimenta no TMJB, em Almada, o que vende o "caixeiro-viajante" ? O "caixeiro-viajante" vende sonhos. É uma tragédia optimista, pois o caixeiro-viajante - que somos todos Nos - só se assume em toda a sua íntima grandeza quando compreende que está pronto para oferecer, quando a situação histórica o exige, o que tem de mais valioso : a sua própria vida .

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Voltarei decerto a estes tema s

Até então, abraços confiantes do

Leopardo        








  

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