Reflexões do Leopardo

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quarta-feira, 7 de março de 2018

Os Varela Gomes: o Capitão-Coronel e o Escritor & sempre a Escumalha, as Incertezas, as Vitórias

Confesso que tenho tido dificuldade em continuar a crónica anterior até porque ela vai resultar num confronto entre os Varela Gomes, pai, capitão-coronel, e filho escritor-romancista, também até porque tenho à beira do meu computador uma revista com a foto do "meu" "1º capitão-coronel de Abril" - envelhecido, papos nos olhos, atitude sempre determinada - e ela "mexe" emocionalmente comigo.
Em relação ao pai João Varela Gomes creio que escrevi o essencial para uma foto "à la minuta". Valerá a pena corrigir uma ou outra tolice que surgem nas wikipédias e revistas disponíveis, as quais dão o "meu" coronel, na fase final da sua longa vida, associado à UDP ou ao MRPP. Julgo que terá sido uma colheita pouco criteriosa de informações. O Partido do qual João Varela Gomes esteve mais próximo foi do PCP - e daí a sua relação comigo, militante a pender para o sectário - , mas nunca se iria aliar a Partidos com muito menos miolo político e militante que ele próprio, ele que só aceitava directivas dele mesmo, cabeça autoritária, porém muito estudiosa e questionadora.
E para rematar estas linhas breves sobre o insigne revolucionário "1º capitão de Abril " e coronel líder da 5ª Divisão, após o 25 de Abril, é de facto penoso registar as palavras míopes do Sua Excelência Excelentíssima o sr. Presidente da Repúbica , o cujo qual apenas enxerga algum mérito na actividade"antifascista anterior ao 25 de Abril"  do João. Creio que são erros de visão  ideológica que nem com lentes "varilux" ou lupas vão ao sítio...

No que respeita ao Paulo Varela Gomes a Wikipédia, a "Visão", a "Esquerda", o "Obituário", a "Wook" desbordam-se generosamente : que foi crítico literário, escritor, historiador de arquitectura, professor do ensino secundário e universitário, que faleceu em 2016 de um cancro na otofaringe diagnosticado em 2012; que foi militante da UEC e do PCP, antes de fundar, com Miguel Portas, a "Democracia XXI", a qual integrou durante um período curto o BE ; que viveu vários anos em Goa como representante da Fundação Oriente; que escreveu diversas obras de ficção - "Hotel" (em 2014), prémio PEN do Clube Português de Novelística ; "O Verão de 2012" (em 2014) ; "Era Uma Vez em Goa" (em 2015) ; "Passos Perdidos" (em 2016) ; "A Guerra de Samuel e outros contos (publicada postumamente) - , obras de ficção todas editadas pela "Tinta da China" ; que colaborou em diversos jornais e revistas, designadamente no "Público" ( do "boss" Balsemão, aquele que afirmou que "os meus jornalistas possuem toda a liberdade para escrever aquilo com que estou de acordo" ... ) que apresentou documentários de televisão ; que foi pai de 2 filhos e avô de 1 neto.

Convivi muito mais tempo com o Paulo do que com o João . Juntamente com ele, e uma catrefa de outros, tomámos de assalto o simulacro de Sindicato dos professores fascista que existia e fundámos o revolucionário SPGL ( que hoje repousa nas mãos revisionistas do Avelãs ...) 
Como era o Paulo para além da hagiografia oficial ? De uma magreza e autocracia semelhante à do pai (acertava umas lambadas à bela T. , com a qual vivia então num "ménage à trois", quando ela não guiava o 2 cavalos no trânsito lisboeta como ele pretendia...), senhor de uma memória espantosa e palavra fácil que tinha o condão de tornear opiniões capturadas a outros e retransmiti-las como se elas fossem originais, talentos que lhe valiam a cobiça de muitas jovens da "Sedes" - carinhas larocas que, uma parte, anos após, se foram alojar no BE ou no PS (para grande tristeza minha, devo declarar) - as quais, para diminuir as intervenções dos militantes do PCP, o crismaram de "Ajax" , pois os seus discursos irónicos e contundentes viravam as votações das assembleias de professores. Curiosamente ( ou não... ) a abundante hagiografia em torno do Paulo omite esta actividade sindical, talvez como se a actividade sindical estivesse manchada de um pecado mortal que desfigura todos os humanos...

Era inteligente o Paulo ? Era sim senhora e redigia com brilho, porém a sua volatilidade ideológica e política assemelhava-se à das marés : um vai e vem constante ! O fim da sua vida confirmou essa volatilidade.
Teclou a respeito de si mesmo : "Tenho um cancro de grau IV. De cada vez que abro o teclado do computador na intenção de escrever, ocorre-me a frase, já mil vezes repetida "quando estiverem a ler estas linhas, é provável que o autor já não esteja vivo" ; "A vida é muito menos cheia de prosápia do que a morte. É uma espécie de maré pacífica, um grande e largo rio. Na vida é sempre manhã e está um tempo esplêndido. Ao contrário da morte, o amor, que é outro nome da vida, não me deixa morrer às primeiras: obriga-me a pensar nas pessoas, nos animais e nas plantas de quem gosto e que vou abandonar. Quando a vida mais vence em mim do que a morte, amo os que me amam, e cresce de repente no meu coração a maré da vida."
O Paulo já não está entre nós, assim não poderei discutir com ele aquilo em que concordo e em que discordo do que redigiu, porém considero que o dito está dito com profundidade e com elegância literária. 
O "Obituário" definiu-o como "comunista reaccionário" (sic !) "doente terminal, quis matar-se. Um raio de Sol, Deus, não deixou."
Duvido que o Paulo se revisse inteiramente neste obituário, todavia um seu amigo definiu-o como um "enfant terrible" e "troublemaker", o que julgo poderia ser o cruel epitáfio de uma vida que se recusou a crescer.
De qualquer forma, o funeral será na capela de Podentes, concelho de Penela, depois de uma missa de corpo presente...  

Compreenderão que após ter teclado o que teclei sobre os Varela Gomes sinto quase como uma traição acrescentar mais uma notas sobre realidades em curso menos edificantes.
Mas fá-lo-ei. Deixo para os meus Amigos a tarefa de os classificar em "escumalha", "incertezas" ou "vitórias". Até ao apuramento final, magicarei que prémios posso oferecer-Lhes, visto que "guito" não possuo senão o estrictamente necessário para me alimentar e umas drogas para aguentar os estragos da idade.

Sua Excelência Excelentíssima, o Senhor do Martelo agraciou Sérvulo Correia, deputado do psd na AR e Fernando Pimenta, canoísta triunfante do SLB, com a Ordem de Grandes-Oficiais da Ordem do Mérito - o que contrasta com a escassez de méritos que enxerga nos Varela Gomes - , condecorações com as quais Sua Excelência prossegue a sua promoção da Direita portuguesa e a sua campanha de afectos.

A empresa Celtejo encontra a partir de hoje novas restrições ( votadas na AR ) para as descargas poluentes que efectua no rio Tejo.

O Gabinete Central de Combate à Corrupção de Moçambique detalha hoje o seu programa estratégico.
O Centro Cultural Português no Maputo ( capital de Moçambique ) edita hoje textos do arquitecto português José Forjaz.
As autoridades moçambicanas apreenderam uns lotes de carne alimentar suspeita de propagar listeriase.

O meio-irmão de Kim Jong-Un foi morto com uma substância neurotóxica - a droga VX - sem que qualquer força política ou terrorista assuma o crime.

Pouco após a mandatária e conselheira da imagem do clown neonazi Trampas se ter demitido, demite-se igualmente o conselheiro económico do Presidente cowboy. 

O SCP de Brilho de Cascalho entregou uma queixa à FIFA reclamando que o clube Atlético Mineiro, do Brasil, lhe deve 1,9 milhões de €uros pela transferência do futebolista Elias. O raio da criatura Cascalho deve ter considerado lá no seu bestunto que já há dois dias não dava sinais de tolice. E quem adormece esquece... 

A estória de amor entre Snu Abecassis e Sá Carneiro vai aparecer em filme ( ou seja, cada País tem o "Romeu e Julieta" que merece... ).

O PCP luta na AR e em protestos de rua no sentido de acabar com contratos a prazo para postos de trabalho efectivos.

Existe ainda um caso em torno de Sergei Skripal, antigo coronel dos Serviços Secretos Russos, que muito apetite tenho de comentar - poderei mesmo vir a escrever uma peça de teatro a partir dele - , mas isso fica para outras núpcias, dado que hoje estou exausto, sobretudo com a "desatenção" prestada ao "meu" "1º Capitão de Abril".


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Saudações confiantes do

Leopardo















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