Reflexões do Leopardo

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quarta-feira, 16 de agosto de 2017

Lady Macbeth e a "jointventure" Ágata-Cristas

Está em exibição nalguns cinemas de Lisboa o filme notabilíssimo "Lady Macbeth".
É realizado por William Oldroyd e interpretado superiormente pela actriz Florence Pugh, acompanhada por um elenco de luxo. É uma produção de 2016 da Grã-Bretanha e da Irlanda do Norte , com 99 minutos de projecção - que parecem mais tal a sua intensidade.
A obra é notável quer pelo enquadramento e ritmo lento, obsessivo, das imagens (a recordar Karl Th. Dreyer) quer pelo conteúdo, que escalpeliza de miúdo o domínio das classes possidentes sobre as sub-classes exploradas.

É claro que os criticosinhos do periódico "Público" anematizam a película como condenam ao opróbio tudo o que lhes cheire a visão marxista da vida humana. Possuem uma concepção olfactiva da História tal como os répteis e espelham o grau de "objectividade" reinante nos "mírdias" nacionais e da estranja.

É um facto que a "Lady Macbeth" de Oldroyd/Florence Pugh não é obra que se recomende para antes ou após a ceia, sob pena de ficarmos com azia no estômago e na alma. A violência explícita do discurso verbal, ora cruel ora de um cinismo hipócrita, das imagens de paixão-sexo, dos assassínios, nomeadamente o de uma criança sufocada com uma almofada, criança estirada num sofá, a espernear até ao suspiro derradeiro, pertence às maiores violências a que já me foi dado assistir no cinema. 

Na verdade esta obra recolhe a sua inspiração histórica na peça de Shakespeare, mas recolhe de um passado mais recente, da curta novela "Lady Macbeth do Distrito de Mtsenko", saída da pena do escritor russo Nikolai Leskov, publicada em 1865.
Esta novela, por sua vez, atraiu o magnificente e polifacetado compositor soviético Dmitri Shostakovicht, o qual, a partir dela, ergueu a Ópera acima citada, que foi estreada em 1934, em Leninegrado ( hoje, num retorno ao passado czarista, de novo São Petersburgo ) com enorme sucesso. Sucesso que se repetiu no estrangeiro quase em simultâneo. Josef Vassillievitch Stálin assistiu a uma das representações no Teatro Bolshoi, em Moscovo.
A Ópera de Shostakovicht foi alvo de inúmeras polémicas, dentro e fora da Rússia Soviética, pelo arrojo e modernidade da sua textura musical, empurrando o grande compositor, posteriormente, a justificar-se compondo ainda alguma música ao "estilo" tradicional.

O meu subconsciente, obedecendo às leis mágicas do onirismo, associou-me ao belíssimo e terrível filme "Lady Macbeth" as recentes posturas de Ágata, cantora pimba em escala descendente, e de dona Cristas, maestra tresvariada do cds-pópó .
Ágata, que já conheceu tempos melhores a cantar ao lado Fernando Farinha, Max, Maria de Lourdes Resende, Tony de Matos, António Calvário, das "Doce", que emprestou a sua voz ao tema da série "Abelha Maia", nesta cava da sua carreira declarou que será candidata do cds-pópó por um círculo eleitoral qualquer, "porque mais nenhum Partido a convidou e porque de política não percebe raspas" ( declarações transparentes da própria).
Dona Cristas, que tem cacarejado num reboliço onde quer que tope palco, deve, pois, estar de crista entumescida com esta adesão ( ou abrasão ? ) canora.
Desta coligação não sortirá decerto uma Ópera dramática, todavia aviará à fartura uma Ópera "buffa". Um Mozart precisa-se!... 



Resultado de imagem para fotos do filme "Lady Macbeth" de William Oldroyd Resultado de imagem para fotos do filme "Lady Macbeth" de William Oldroyd

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Saudações encaloradas, divertidas, confiantes

do Leopardo


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