Reflexões do Leopardo

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sábado, 24 de dezembro de 2016

"Les Noces"

Caros Amigos e Camaradas,

Quero encerrar por tempo indeterminado o meu blogue para me dedicar a trabalhos meus de ficção que considero prioritários agora que já dobrei várias vezes o Cabo Bojador dos dezoito anos e que não faço a mínima ideia do tempo útil que me resta de vida (facto que todos desconhecemos).
Não o quero encerrar, porém, sem agradecer a todos aqueles que me enviaram palavras amigas de apoio: Manuel Diogo, insigne declamador, leitor infatigável do meu blogue, sempre a endereçar-me reforços de motivação; Tavares Marques, poeta, encenador e actor, que brindou o blogue com um dos seus belíssimos poemas; José Oliveira, editor progressista, militante da causa palestina, que lamenta o fecho do blogue e aguarda a sua reabertura; Domingos Lobo, um dos mais notáveis escritores portugueses contemporâneos, homem de teatro (escritor, encenador, actor, declamador) que me tem incentivado a continuar na frente das letras; Colaço Barreiros, tradutor - galardoado pelo Estado Italiano - de italiano-português, português-italiano, inter-dialectos italianos, poeta, que escreveu comigo, a duas mãos, mini-peças que foram representadas por um efémero grupo teatral "Boinas & Cartolas", grupo teatral que deverá ser ressuscitado ; João Monge, letrista notável, de expressões lapidares mais explosivas do que cargas de trotil, que me promoveu súbita e demasiado generosamente ao galarim dos poetas; aos camaradas Rui Alves, músico, Rui Silva e Rogério das Seguranças, Fernando Silvestre, escritor, que gostam de mim e me apoiam porque sim; ao artista gráfico, desenhador, pintor, Luís Rodrigues, com o qual elaborei uma banda desenhada (ele, os bonecos; eu, o texto), banda que infernizou durante uns tempos a autocracia do estupor do psd Telmo Correia, no concelho de Óbidos; ao Peixoto, director e encenador do Teatro dos Aloés - onde faísca a Sofia de Portugal, uma das maiores actrizes do teatro português actual - , Peixoto com o qual venho debatendo há anos o que é teatro e o que é a venenosa indústria do entretenimento; aos camaradas Carlos Carvalhas, Rui Rosa,  Rui Fernandes que afirmam a inteligência e o interesse dos meus escritos; ao camarada Joaquim Judas que me abriu o postigo de uma possível publicação de uma das minhas obras; à amiga Luísa Lourenço, ao maestro Giovanni Andreoli - do Teatro de São Carlos -  à farmacêutica Joana Bispo que gostam de ler o blogue; a Marcello Sacco, crítico de Ópera e meu professor de italiano, com quem tanto discuti Verdí e Wagner, que tem acompanhado regularmente as edições do blogue; aos meus mestres de pintura e desenho Jaime Silva e Gonçalo Ruivo que me vão alimentando o ego afirmando que poderei vir a desenhar/pintar se laborar mais uma década com o afinco que nunca usei; à minha colega Luísa Caprichoso que certas feitas gosta do blogue quando não carrego demais no pedal da militância; à Federica Fiasca e ao João Farraia que trabalham no TMJB  , em Almada, e que gostam do blogue vá-se lá saber porquê; aos meus camaradas Filipe Diniz, Filipe Carvalho, João Bernardino e Miguel Soares que vão acompanhando as edições do blogue e as vão apoiando porque faz parte do pacote da sua militância; à minha camarada Margarida Vicente que joga comigo um jogo de golpe de vista e rapidez, enfiando-me de quando em quando umas cabazadas exemplares; ao meu amigo e camarada Fernando Seixas, tenor lírico, que já cantou com a Maria Callas ( ele no Coro; ela no proscénio), Seixas que, nos seus eternos cinquenta anos e olhos garços, continua a encantar as donzelas do Porto com dois CD's editados à sua custa onde canta "os teus olhos castanhos de encantos tamanhos".   

Agradeço ainda mais aos que nunca leram o meu blogue, apesar de os ter convidado pessoalmente, pois se tivesse dado atenção ao ensurdecedor silêncio deles, há muito me teria reformado da minha carreira de bloguista e me teria empenhado em empresas ficcionais de meu maior comprazimento.

Decerto observaram que esta edição final, de contumélias, do blogue  vai sob o lema de "Les Noces", obra maior ( se é que as tem menores ) do grande compositor, pianista e maestro russo Ígor Fiódorovitch Stravinsky, o qual embora afastado, por vontade própria, da URSS durante meio século ( Nikita Krutschev convidou-o pessoalmente a regressar ) tão bem interpretou a alma russa.
Sabem que "Les Noces" interpreta musicalmente um matrimónio ortodoxo russo, música na qual soa o alegre guizalhar dos sinos dos possantes cavalos russos, da chilreada dos pássaros, do chiar dos trenós no gelo, da alegria dos noivos. Ora, o Natal e Ano Novo expressam, em espírito - não mais que em espírito ... - um desejo de harmonia, de matrimónio universal.

Assim, pois, me despeço sob a auréola de "Les Noces".

Hasta siempre

Leopardo 

                                     Resultado de imagem para fotos ou imagens da obra de Stravinsky "Les Noces"


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