Reflexões do Leopardo

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domingo, 4 de dezembro de 2016

O XX Congresso do PCP

I - É difícil escrever uma síntese concisa e exacta do XX Congresso do PCP, pois a sua face unicamente focada pelos "mírdia" é a sua fase final, realizada no Pavilhão Municipal de Almada, que culmina um trabalho iniciado há mais de um ano por todo o País - trabalho muito dele público e quase sempre aberto aos órgãos de comunicação - , labor democrático colectivo que é o seu suporte, cuja finalização em Almada aparece um pouco como a ponta mais visível de um imenso iceberg de esperança, confiança e luta.

Destacarei os nós que julgo cruciais e que contrariam a imagem transmitida pelos "mírdia" de um PCP em definhamento progressivo:
a) os milhares de pessoas presentes - que transbordavam do Pavilhão apesar da chuva: delegados ao XX Congresso, militantes com e sem convite, convidados nacionais e estrangeiros, entre os quais numerosas delegações estrangeiras de alto nível. Os próprios "mírdia" confessaram, no encerramento do XX Congressso , que o enorme pavilhão transbordava pelas costuras, não cabia mais uma palha, e que aquele era de facto um Partido diferente, pois, apesar do mar de gente que se ia encaminhando para as saídas "à passo de caracol", tudo se processava num clima ordeiro de tranquilidade.
Ironizando, apeteceria dizer que se estes milhares significam um PCP a definhar, quantos pavilhões seriam necessários para um Partido em crescimento...

b) a riqueza das intervenções chegadas à tribuna - optimamente ou menos optimamente pronunciadas - porém, todas, todas, ricas no seu conteúdo, revelando grandes êxitos, pequenas conquistas, ou que revelam, tão somente, a agrura do que foi feito.

c) A solidariedade, clara , insofismável, do PCP com a Cuba de liderança personificada em Fidel, que nos lava o ânimo do massacre, constante e diário, que os "mírdia"concedem à Revolução Cubana o que seria ridículo não conceder - as conquistas cubanas nas áreas da habitação, da saúde, da alimentação, da educação, do bem estar social, do desenvolvimento económico, das descobertas científicas, da solidariedade internacional em esferas variadas - , reconhecimento, contudo, a troco do carimbo infamante e falso de que a Cuba Revolucionária é uma ditadura, ditadura tangida aos dlins-dlons do culto da personalidade.
É espantástico que homens dos meios da Comunicação Social, outrora com ópticas ideológicas diferentes das nossas mas pautadas por um certo rigor, hodiernamente alinhem no coro monocórdico da "his master voice" cowboy (como, por exemplo, o monárquico João Gobern, defensor mediático das cores benfiquistas). Esquecem que o respeito é custoso de ganhar e fácil de perder.

d) O discurso de encerramento do secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, a reafirmar o compromisso de sempre do Partido com o presente e o futuro dos trabalhadores e de todo o Povo português, com a solidariedade internacional com todos os Povos do mundo, com a renegociação da dívida pública, com a subida do salário mínimo nacional para 600 euros já em Janeiro de 2017, com o estabelecimento de condições para a saída desta Europa dos patrões, com uma política internacional de Paz e luta contra a guerra.
Palavras de esperança, de confiança, de libertação do Homem da exploração, que, até ao presente, sempre foram companheiras de posturas e lutas soldadas com elas.

II - Aparentemente em sentido inverso, julgo que faz sentido referir a nova peça de teatro do TMJB, em Almada.
"Noite da liberdade", texto de Ödön von Horváth - "um dos mais importantes dramaturgos de língua alemã da primeira metade do século XX, nascido no Império Austro-Húngaro" - ,encenado  por Rodrigo Francisco, a pretexto da República de Weimar e da sua interpretação pelos socialistas locais, coloca a questão extremamente actual, nestes tempos de Trumpetismo e de implementação de uma terceira guerra mundial generalizada - à qual é feita uma referência explícita e muito bem imaginada -, de com quem se pode fazer a defesa da Democracia.

O texto e a peça em palco não hesitam perante a mostração de situações provocantes que reflectem as tergiversações e míopias das classes médias face às invectivas neonazis, tergiversações e míopias que sossobram pela sua cobardia.
As interpretações, ainda a precisar de alguns afinamentos, acertos de ritmos, registaram logo na estreia de excelentes actuações por parte de Marques D'Arede, Maria Frade, Guilherme Faria, Maria João Falcão, João Farraia, Pedro Walter, Io Appolloni.

Em síntese, o Teatro Municipal Joaquim Benite, em Almada, tem em cena uma grande peça de teatro - atravessada por momentos de bailado e dança de uma comicidade irresistível -, cujo senão poderá ser levantado pela ausência do mínimo aceno de saída progressista. Porém, uma peça teatral não é um programa político. Se colocar adequamente questões cruciais, cumpriu exemplarmente o seu papel.


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Resultado de imagem para fotos da peça de teatro "Noite da Liberdade"

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