Reflexões do Leopardo

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terça-feira, 9 de agosto de 2016

Grunhos, Patéticas e Heroínas

Esta edição do meu blogue é laborada na praia de Moledo.

Na praia de Moledo , o campeão dos grunhos distingue-se por andar na casa dos sessenta e tantos, possuir um metro e sessenta e tantos de altura, ostentar um corpo trabalhado a ginásio e pelo iodo de Moledo, sem meio grama de lípidos, cara vincada, cabelos crespos, fortes, pigarços, cortados à rapazola (rapados nas têmporas, longos e oleados no topo). Desloca-se como se fosse o galo alfa da capoeira e tivesse avistado galinha nova.
Para quem olha? Para mulheres?... Não, para mim ! Não se precipitem, não avaliem erradamente, não se trata de bichanice serôdia. O que o impressiona é eu ser mais alto dez centímetros, pesar 100 quilos de músculos e gordura em demasia, ter, talvez, o ar truculento de quem já deu e levou muita tapona.
Dou com o grunho a mirar-me de soslaio uma e outra volta. Enfim, o olhar é livre, é filho do 25 de Abril ... e a parvoeira também o é. 

Grunho concorrente: bastante mais novo, casa dos quarenta, igualmente baixote, iodado, musculado em ginásio. Os ombros estão enfiados do mesmo jeito num cabide. Circunvaga umas arrogâncias de quem não topa competidor à altura. Todavia, pelas Santas do Olimpo, alguém acredita num galaroz  de óculos graduados?...

Estou inclinado para desistir da Humanidade (os meus exageros), ou atirar-lhes à mona uns tabuleiros de alumínio (o que consideraria posteriormente um exagero, mas perfeitamente justificado).

Quando, eis senão, aprochegam-se as minhas heroínas.
Uma belha muito belha, com uma cotoveleira de apoio, um pulso elástico e uma canadiana, tudo apetrechos hiper-modernos. A belha muito belha é acolitada por uma jovem mulher que a sustenta, lhe empurra a cadeira de rodas na qual acabará esparramada. O conjunto é, ou parece, tão periclitante que salto súbito para agarrar o que quer que seja.
Porém, não é preciso. Chegam ao seu destino sãs e salvas, dez metros adiante, onde assentam arraiais.
A belha a cair de podre arrasta outra ao lado, ligeiramente menos podre, também apetrechada de canadianas e uma cadeira.
A jovem mulher acolitante cuida ainda de uns ganapos, decerto produção artesanal.

O registo patético pode ser sintetizado numa idosa que poisou na esplanada da praia: é um selo em tons de cera antiga que olha sem ver o horizonte por onde a sua vida se escuou.

Todavia, a minha mais bela heroína foi, é, será a TELMA MONTEIRO. 
Vítima de um erro grosseiro do árbitro, que se deixou enganar pela judoca mongol - primeira do "ranking" - a Telma conseguiu depois mais difícil : ganhar a "repescagem" frente a uma francesa excelente; a cipriota que se lhe seguiu foi um ai que lhe deu. O "bronze" era da Telma , que, de lágrimas em corropio, o dedicou a Portugal.

Fecho aqui, antes que eu próprio me desmanche em choradeiras.


Resultado de imagem para fotos da praia de moledo Resultado de imagem para fotos ou imagens de velhas de cadeira de rodas

Não me é possível apresentar fotos de Telma Monteiro, pois os patrocinadores - Expresso, Facebook, etc - não o facultam.


Amplexos de luta,

confiantes,

do Leopardo









   

  

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