Reflexões do Leopardo

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domingo, 25 de fevereiro de 2018

Roupa Velha

Nos meus idos de criança chamávamos "roupa velha" a uma comida que as mães cozinhavam na refeição a seguir a uma alimentação de abundância, à qual era acrescentada, no fundamental, uns feijões, grão, umas "mangas de capote", também conhecidas por macarrão. Assim, na "roupa velha" podia ser encontrada, além dos restos de carne de vaca cozida, do entrecosto, de rodelas de chouriço, de farinheira, de toucinho, da morcela ou chouriço de sangue, da sua lasca de frango, muito no fundamental, farinácios - o tal do macarrão, do grão, do feijão - tudo a boiar num caldudo a atirar para a cor do feijão ou do café com leite ( conforme a imaginação ). E eu gostava desde que a "roupa velha" não durasse mais que um almoço. Comer "roupa velha" seis vezes por ano era aceitável... 

Pois, o noticiário dos "mírdia" é "roupa velha"... mas todos os dias !... Arre que é demais !!!

Hoje, Domingo, a RDP/Antena 1 ( portanto, pública e paga com os impostos dos cidadãos anónimos ) abriu logo a manhã a martelar-nos os neurónios com os testemunhos dos portugueses fugidos à Venezuela de Maduro que diziam escapar, sem um trapinho no corpo, senão morriam à fome nas ruas venezuelanas percorridas por bandos de assaltantes. 
Por acaso, estes testemunhos são contrariados por um alto funcionário da ONU, o qual garantia que não existem falta de alimentos para a população venezuelana (imagino que o dito funcionário, a estas horas, já deve ter sido transferido para posto sem acesso a microfones...).

Entretanto, recordei a minha breve passagem de 3 dias pela Caracas anterior a Chaves, na qual éramos aconselhados pelas autoridades e pelos recepcionistas dos hotéis a só andarmos nos táxis oficiais ( mais caros, porém os únicos de confiança e que traziam uma pistola no assento ao lado do condutor, os quais frequentemente não paravam nos semáforos vermelhos com medo de sermos assaltados ), a andarmos em grupo, a não transportarmos aparelhos fotográficos que chamassem a atenção, a não entrarmos em joelharias dado que o mais certo era sermos roubados à saída, e lembro-me particularmente dos portugueses residentes na dita Venezuela (boa parte originários da ilha da Madeira) , com os quais convivi umas largas horas no avião de regresso, que manifestavam um soberano desprezo pelos venezuelanos e que a vida em Caracas, capital da Venezuela, era perigosa.

Todavia, os nossos "mírdias" tinha-lhes caído um "apagão" nos arquivos, visto que nada erguiam no contraditório informativo.

Dispostíssimos, isso sim, a divulgar os tintos, os brancos e os "generosos" madeirenses, reservas de excepção para umas centenas de €uros e bolsas pejadas.

Decerto esta "solidariedade" vinhateira (e não julguem que não aprecio vinho e aguardentes velhas, dado que é exactamente o inverso...) retirou-lhes espaço para fazerem uma mençãozita, mesmo breve, ao Centenário de Karl Marx, a ser comemorado na Voz do Operário, todo o Sábado e todo o Domingo. Digamos mesmo que os afadigados "mírdias" operaram um silêncio ensurdecedor sobre Marx. "Aquele forte rapagão de Trier" que escreveu - entre muitas obras - os 3 tomos do "Capital", livrito que deu um empurrão decisivo para a transformação do mundo humano nos finais do século XIX, séculos XX e XXI... e que ainda não foi ultrapassado.



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O Presidente do México adia visita a Washington depois de entrar em divergência com o neo-nazi Trampas( zangam-se as comadres... cresce o muro da divisão... ).

A República Popular da China critica sanções unilaterais ianques à Coreia do Norte ( o que, entre outras coisas a nível bélico e de investigação científica, significa que a moeda chinesa - o "yuang" - está a ultrapassar a "nota verde", o dólar ... ).

Milhares ( ! ) de ambientalistas protestaram, hoje Domingo, em Salamanca , contra a mina de urânio a céu aberto junto à fronteira portuguesa ( pois é, tínhamo-nos esquecido que minas de urânio só representam um risco na Rússia ... ).

Mas nem só de desgraças vivem os tugas. A indústria da chapelaria de São João da Madeira exporta milhares de chapéus de belo feltro para todo o mundo. Garante o dono da indústria chapeleira que os chapéus portugueses se tornaram "um símbolo de glamour e classe", para além de uma excelente fixação de mão-de-obra e diminuição do desemprego.
Daqui lhes envio os meus sinceros votos de sucesso.

Por outro lado, igualmente somos informados que o Largo do Rato, no centro de Lisboa, vai estar em obras de beneficiação durante 2 anos ( o que já estava agendado desde 2014 sra. Dona Cristas... não se ponha de imediato com urlares de indignação ! ). Eu, pobre Leopardo avulso, é que coço o toutiço a matutar como vou chegar às minhas aulas de pintura e desenho em frente da Cinemateca, com Lisboa transformada numa gincana para condutores especialistas ... Talvez comprando um chapéu à Fernando Pessoa, "símbolo de glamour e classe"... 

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Saudações confiantes e divertidas do

Leopardo









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