Reflexões do Leopardo

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sábado, 11 de junho de 2016

"Eu tive um sonho. Eu tive um sonho?... Pesadelo Primeiro"

Quando comecei a teclar "isto" hesitei entre colocar a afirmação antes - "eu tive um sonho" - e a pergunta depois ou vice-versa. Ou seja, hesitei entre pôr-me na esteira de Martin Luther King ou instalar uma perplexidade a partir dele. Porém, dada a maluqueira que se vai seguir, julgo que tanto dá. É que deixei-me arrastar pelas imagens que me desataram a saltar em borbotões dos neurónios e é tudo sem tom nem som, nunca bate a bota com a perdigota. Um pandemónio.

Creio que tudo começou mais ou menos assim (já não estou certo de nada): saltou-me na "pantalha" da televisão ou do computador (não importa porque a fonte donde jorram é sempre a central de desinformação dos "mírdia") a imagem do pequeno Portas. Que o piqueno tem negócios com a Mota-Engil, que os negócios não são ilegais, mas são imorais (a legalidade é uma matéria fácil de manipular: basta colocar os crimes mais atrozes dentro da lei e eles passam a ser legais), que os negócios já acontecem desde 2013 e, então, a coisa terá sido ilegal entre 2013 e 2016, pois o piqueno nesse período exercia funções de deputado na AR e assim podia-se mais que supor que havia prosmicuidade obscena entre o público e o privado.

Que o nanico andava de mota, de mercedes de vidros fumados, de avião ou de submarino, com tanto que não seja o rapazola a pagar o fuel, a malta já sabia.

E o nanico, rápido, trocou os bonés por um capacete de plástico amarelo, botou umas "geans" azuis, arregaçou as mangas da camisa branca de bela popeline inglesa, microfonou que "vai fazer sete coisas ao mesmo tempo" (o que mete medo a qualquer pessoa porque é tudo merda - desculpem o vernáculo, porém nos sonhos a língua fica sem peias) e pôs-se a passear no meio de estaleiros... E não é que parecia quase um home?... Pr'áí um filho de um pato-bravo armado em capataz finaço a vistoriar as obras. Ganda malandro!

Ora logo os tambores começaram os seus retans-tans-tans na selva. Faz parte das práticas das aldeolas selváticas retransmitirem as coscuvilhices locais como se de fenómenos universais se tratassem. O Santana dormia. Acordou estremunhado, mal disposto - não era caso para menos, ser acordado ao meio-dia por uma pequenez daquelas - e deu ordem às satanetes para averiguarem. As satanetes puseram-se em campo, todas de t-shirt amarela, pois na véspera tinham estado numa Manif., a exigir liberdade e carcanhois públicos para o ensino privado confessional, uma coisa chique, com umas faixas e umas pankartes que tinham encomendado, devidamente ladeadas por uns guarda-costas tipo blocos de cimento, Manif. abençoada pelo Senhor Arcebispo, acompanhadas pelo Santana que até tinha partido uma unha. As satanetes estavam cansadas, uma delas ainda tinha um olho negro, pois o esposo arriara-lhe em casa, não perceberam nada, mas, pelo sim pelo sim, sugeriram uma série de coisas sórdidas e obscenas a assacar pr'ós lombos do Portas.

O Santana rejeitou as propostas todas, não por serem sórdidas, mas porque teve medo que o resultado fosse o inverso do pretendido. A maralha tende a apiedar-se de quem parece na mó de baixo, identifica-se com os perdedores. Vá-se lá entender a ralé! Porém, pelo sim pelo sim, resolveu exigir mais tempo de antena nas TV's, nas Rádios, nos Jornais. Que estava a sentir-se oprimido, amordaçado, seguramente há um dia e meio que não aparecia nos écrans. Que tinha duas ou três ideias geniais que o Dever lhe impunha partilhar com o País.
Irritado, com as unhas a serem polidas e envernizadas por uma satanete mais habilitada, Santana revolvia o toutiço para desencortiçar as tais ideias geniais. Pôr uma bandeira nacional maior no alto do Parque Eduardo VII? Pôr outra bandeira ainda maior na Cidade Invicta e em Guimarães? Fazer mais um túnel em Lisboa, na zona do Saldanha, para desengarrafar o trânsito naquela zona e o engarrafar nas saídas da capital (esta pareceu-lhe boa, pois poderia dar a ideia de Lisboa-capital-monumental, uma Paris do Sul, mediterrânica, digamos)? Constituir  um "Governo Sombra", atuchadinha de ministros-sombra, para ensinar diariamente aos que assentam os rabos nos cadeirais do Poder como deveriam ter feito?
Esta última ideia estava a deslumbrá-lo, a desenhar-lhe mesmo uma auréola a néon sobre os cabelos grisalhos, untados com gel por outra satanete, quando lhe surdiu debaixo da cadeira o Marques Mendes, em presença virtual e halográfica. Santana teve dificuldade em reconhecê-lo dado o tamanho do personagem, ainda que halográfico, todavia a estridência da voz identificou o MM: "Quem julgava ele, Santana, que era? O PSD não estava em coma. Existia uma hierarquia , uma linha de avançados, capitaneada por ele próprio M ao quadrado, com avançados da categoria da Manuela Azeda o Leite, do Barrascoso... Ele, Santana, quando muito um ala para substituições de emergência. Que pensasse nas dívidas que deixara na Figueira da Foz, no Sporting, na Câmara de Lisboa. A gentalha, que tudo pagava, podia olvidar, porém, ele, M ao quadrado, jamais lho perdoaria !!! Deles dois, o único que podia constituir Um Governo Sombra, era Ele Próprio, M.M, e já o tinha pronto."
Santana estava siderado. Ignorava que o MM lhe enchera as diversas mansões de câmeras de vigilância, de aparelhos de escuta. Atropelavam-se-lhe nos neurónios esboços de vinganças, sanguinulentas, com cafés envenenados, punhaladas desferidas por sicários a soldo que morriam seguidamente em condições estranhas, atropelamentos brutais por carros não identificados, desaparecidos, cadáveres amortalhados em esquifes de cimento, atirados ao Tejo. Nos entretantos, sem resposta à altura, sorria, alisava os cabelos em cima da gola da camisa, simulava subserviência em relação... à imagem virtual. Tinha-se até levantado da cadeira e curvado a espinha.


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Amigos, hoje fico-me por aqui,

sinto-me enojado de escrever sobre esta choldra

amplexos confiantes do

Leopardo  
   

  


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