Reflexões do Leopardo

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terça-feira, 3 de maio de 2016

Os Papéis do Panamá & outras minudências maxidentes

Esta edição do blogue em parte era bem escusada de ser escrita se pelo menos os Camaradas do Partido lessem o "Avante!", o que não fazem porque se o fizessem não os via tão entusiasmados com os ditos "Papéis do Panamá" ou "Panama Paper's"(na versão inglesa).
Que os nossos Companheiros de viagem e os nossos Amigos o não façam compreende-se, não são Camaradas, convergem connosco quando entendem, estão no seu direito (embora me poupassem muito trabalho). Agora para os Camaradas deveria ser obrigatório lerem o nosso incontornável semanário da capa à contra-capa (notas de rodapé incluídas), tal como terem as quotas em dia, conhecerem os Estatutos do Partido e as principais resoluções do último Congresso (ouço umas tosses nas filas lá detrás, mas isso cura-se com uns rebuçados dr.bayard...). Esta falta de leitura ou leitura atrasada, lava-os a esperar que da cartola dos "Panama Paper's" saiam esvoaçantes pombas brancas revelando o mel dos "off-shores" capitalistas. Apesar de repetidas advertências de que é no mínimo estranho que nos ditos "Papéis" não conste surgirem as siglas de grandes empresas norte-americanas...

Ora, o camarada Agostinho Lopes (no "Avante!" de 21 de Abril.2016, pp. 25 a 27, "Tira o capitalismo da chuva...") desenrola um excelente artigo que ilumina a matéria em causa e previne ilusões injustificáveis.
Como é óbvio não vou aqui tentar transcrever-lhes uma síntese do extenso artigo de A. Lopes, tão rico e denso ele é, apenas chamar a atenção para algumas opiniões que julgo determinantes, que o camarada A.Lopes foi respigar a jornalistas com preocupações de objectividade e seriedade (as quais se podem ler todas na p.26).
Assim, Carlos Pimenta (na "Visão", online,7Abril.16) :"(...) os paraísos fiscais, a facilidade de criação de empresas fictícias e o encobrimento dos seus proprietários, logo o sigilo dos actos aí praticados, é uma mega estrutura mundial perfeitamente legal. A lei dos poderosos do mundo (ou não fossem os maiores países capitalistas os seus proprietários) (...) existe para proteger a propriedade dos donos da riqueza. Por isso, a riqueza privada nos paraísos fiscais é pelo menos metade do produto mundial anual."
Ou Sandro Mendonça ("Expresso", 9Abril.16) : "Mas os paraísos fiscais não são um fenómeno na margem do sistema. Não são meras excepções: são fulcros que asseguram regras cada vez mais apertadas impostas a tudo o resto. São um aspecto estrutural do mainstream. Estão no coração desta nova fase de globalizaação financeirizada que vem desde os anos 70."
Ou Rui Sá ("Jornal de Notícias, 11 Abril.16) : "É o capitalismo, estúpido".

Segundo o FMI , já em meados dos anos 90, pelos paraísos fiscais passava metade dos fluxos financeiros internacionais. O escândalo do Panamá é uma gota no oceano dos mais de 80 paraísos fiscais, que estão bem distribuídos pelo planeta. A sua localização é só por si elucidativa sobre a "identidade" dos comandos políticos e económicos dessas infra-estruturas financeiras. (...) o maior offshore do mundo é "a City de Londres, uma milha quadrada de jurisdição especial, no coração de uma capital europeia. Na Europa, junta-se à Suiça, ao Luxemburgo, à Irlanda, à Bélgica e a Chipre. E, fora da Europa, a Israel (porque será que ninguém ouve falar deste paraíso?) e aos estados norte-americanos de Delaware, Nevada, Dakota do Sul e Wyoming.
Segundo a Bloomberg, os paraísos fiscais hoje favoritos no mundo estão nos EUA. Etecetera, etecetera, etecetera...
Todas estas pérolas esclarecedoras no nosso "Avantesinho!", ao preço da uva mijona. Amigos, Compagnons de Route e Camaradas toca a ler o artigo na íntegra.

E agora mudando de via ou continuando na mesma por sendeiros mais modestos, Sua Excelência Excelentíssima o nosso PR está adentrado em Moçambique, Estado soberano (convém lembrá-lo), onde lavra a guerra reacesa pela Frelimo , que sempre se distinguiu pelas práticas terroristas mais sanguinárias e genocídios conduzidos contra o seu próprio Povo.
A nossa Excelentíssima Excelência, recebida com pompa e circunstância, "encantau" com umas moçoilas moçambicanas, vestidas a preceito com vistosas capulanas e lenços, a dançar modas tradicionais do País, igualmente "encantau" com vendedeiras de rua, anciãs, a sorrir para as câmaras e a oferecer cajús, papaias, quiabos (o Povo é muito generoso), a nossa Excelência Excelentíssima , quando lhe deu para o sério, foi deixando cair com ar grave que esta coisa do des-Acordo Ortográfico deve ser pensada e repensada (confesso que não percebi se queria dizer que devia levar uns pensos rápidos, uns pensos higiénicos ou outra coisa qualquer; Sua Excelência tem umas sentenças grávidas de significados...).
Como se sabe, Moçambique é um dos países da CPLP - Comunidade dos Países de Língua Portuguesa - que ainda não assinou o AO/90 e onde, além do Português (língua oficial), se fazem sentir fortes influências do inglês, afrikander, francês, para além dos dialectos locais (o eixo longitudinal mais extenso de Moçambique é superior a 3.000 quilómetros).
Portantos, Sua Excelentíssima Excelência sente-se bem em terras de Manica e Sofala, derrama-se em "smiles", não se compromete com afirmações substantivas nenhumas, nem mesmo em relação ao desgraçado "Acordês" (em Moçambique esqueceu a fórmula do "Referendo").

Ou seja, "tudo como dantes, quartel-general em Abrantes". Em todo o caso não percebo o súbito feitiço que atingiu alguma da "inteligentsia" portuguesa, que sabem a criatura foi criada no marcello-caetanismo, estagiou durante decénios no PSD "alone", no PSD conluiado com o CDS, no psd fundido ao cds no PÁF de vida curta, retornado ao PSD "alone", e logo recauchutado numa candidatura presidencial "isenta", "imparcial", "acima" e "equidistante" dos Partidos, e a dita cuja "inteligentsia" parece crer na "transversalidade", prenhe de afectos, da criatura. Também, os "milagres" de Fátima não fazem parte da ortodoxia católica, mas ninguém está proibido de acreditar neles.

A situação objectiva que se vive hoje em Portugal é que existe um Governo social-democrata, apoiado pontualmente à Esquerda (em lugar do Governo de Direita, da situação anterior), existe uma Assembleia da República com uma maioria de Esquerda (embora matizada), temos um Presidente da República pendular, umas Forças Armadas, Forças Para-Militares e Policiais feridas nos seus privilégios tradicionais.

E agora querido Zé Povinho a quem vais fazer o manguito?...   



  Resultado de imagem para fotos ou imagens dos "Papéis do Panamá"     Resultado de imagem para fotos ou imagens da "City" londrina 

                                        Resultado de imagem para fotos ou imagens do Presidente Marcelo no Maputo

Amplexos perplexos,

mas mui amistosos

do Leopardo

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