Na edição anterior do blogue estampei lá o rosto do Mário de Carvalho, pois tencionava alinhavar algumas palavras sobre ele e, depois, perdi-me... É o Alzheimer a bater à porta.
Bom, o Mário de Carvalho, sempre foi, e continua a ser, um dos meus escritores favoritos, veja-se, por exemplo, essa notável obra de erudição e conselhos sábios que é "Quem Disser o Contrário é Porque tem Razão", que se não possui a pretensão de ser um curso para nos ensinar a escrever, vai-nos avisando dos riscos que corremos se pretendemos escrevinhar uma prosa ficcional escorreita. A obra passou a ser um dos meus livros de cabeceira.
Principiei a enamorar-me da arte ficcional do Mário com "Casos do Beco das Sardinheiras", onde me desbanco à gargalhada, fui agarrado pela "A Paixão do Conde de Fróis" (onde suspeito uma metáfora sobre a personalidade do Álvaro - não confesses, não confesses Mário, pois as lendas tecem-se com estes mistérios) , prolonguei o prazer com a ironia efabuladora da "A Inaudita Guerra da Avenida Gago Coutinho", a tensão explosiva de "Os Alferes" , e essa obra ímpar, no meu modesto entender, "Um deus passeando pela brisa da tarde", na qual o Mário dá uma volta surpreendente à linguagem inventada e nos leva suspensos de novas aragens.
Das 21 obras publicadas, mais uma nova prometida para Setembro, só expresso o que sinto sobre aquelas que li.
O Mário de Carvalho produziu ainda argumentos com Luís Filipe Costa, José Fonseca e Costa, dos quais resultaram filmes que nenhum cinéfilo deve perder.
Eu e o Mário , de há uns anos para cá, nem sempre ajuízamos da mesma forma esta ou aquela ocorrência política - o que nada interfere nas nossas fidelidades políticas comuns, penso eu de que.. - mas como haveríamos de entreter prazeirosamente as nossas velhices... "e podemos sempre trocar umas opiniões sobre isso...".
Ora, para deixarmos o Mário de Carvalho em boa companhia, vou pedir a Vossa atenção para o Festival de Cinema Italiano, promovido pelo Istitutto Italiano di Cultura ( IIC ) e pela Ambassiata Italiana a Lisbona, a ocorrer em vários espaços de Lisboa - no São Jorge, no Centro Cultural de Belém, no Teatro Camões, na Cinamateca, e no IIC (evidentissimamente).
Ontem, o canal 2 da RTP brindou-nos com o magnífico filme "Malèna Scordia", do realizador ("reggista") Giuseppe Tornatore, com música de Ennio Morricone - músico cujas obras tanto contribuíram e continuam a contribuir para os êxitos hollywoodescos de Sérgio Leone e outros.
O filme "Malèna" é invadido pela interpretação e deslumbrante beleza mediterrânica de Monica Bellucci, que ainda hoje, aos 53 anos de idade, mete num chinelo as loiras "lollypops" fabricadas a dietas, ginásios e intervenções cirúrgicas "made in Hollywood", beleza que fará dela a próxima "girl bond", ao lado do grande actor britânico Daniel Craig.
Em "Malèna" assistimos a esse inimitável ritmo italiano de nos fazer passar do riso ao choro, da tragédia mais cruel ao pormenor ridículo e verosímil num ápice, ainda a estupefacção horrorizada não assentou e já o sorriso desponta.
"Malèna"relata-nos, na rápida passagem de pouco mais de dois anos, a vida de uma pequena vilória siciliana sob o jugo dos fascistas italianos, sob a ocupação dos nazis hitlerianos, sob a "libertação" dos GI's norte-americanos, sob a ocupação dos seus próprios preconceitos ancestrais, e de como esses jugos são especialmente cruéis para as mulheres, sobretudo no caso de elas serem belas. A beleza deixa de ser "un dono" e revela-se uma maldição.
Bamos, então, a Sua excelente Excelentíssima Excelência. A dita cuja criatura atrás referida, alçada à categoria suprema do Estado Português, embora chefe das Forças Armadas (já é o segundo caso singular de pessoa que nunca fez o serviço militar porém, depois, se encontra alçado a seu comandante supremo) não está acima da Assembleia da República, dos Tribunais e, muito menos, da Constituição da República Portuguesa, da qual deve ser o fiel defensor. Sua Excelência Excelentíssima (a ordem das palavras é arbitrária, o resultado é sempre o mesmo) NÃO FAZ FAVOR NENHUM AO POVO EM DIZER O QUE PENSA SOBRE O ORÇAMENTO DE ESTADO PARA 2016. É SEU DEVER DIZÊ-LO COM CLAREZA !!! Sem habilidades oratórias fa-la-cio-sas ! Sua excelente Excelência Excelentíssima não pode comportar-se como um "capo" do PSD, um factor de contra-poder na Governação - como jurou fazê-lo! -, mascarado de uma "piazza" de convergências, afectos e o mais que o parta.
O QUE FOI ELEITO, TAMBÉM PODE SER DESTITUÍDO.
Também em relação ao Des-Acordo Ortografico/90 ou "Acordês" Sua Eiscelência não pode responder com um dos seus habituais "nim's", isto é, falando como aprendeu na escola primária há sessenta e tal anos e legendar as falas em consonância com o "Acordês". Pela Santa...
E, por hoje, é tudo Amigos,
Os Leopardos requerem os seus descansos
nos ramos mais altos das árvores
não vá o Dianho tecê-las.
Sem comentários:
Enviar um comentário