Já aqui dei umas alfinetadas na cantora Mariza, alfinetadas dadas não por ela ter a voz portentosa que todos sabemos que ela tem, mas por ter como alvo de vida ser a Dona Amália II, ou seja, por não possuir um reportório próprio.
Ora, aqui há dias ouvi a canção que dá o título a esta crónica - que é tão bela que é um gosto repeti-la, "É preciso perder pr'a depois se ganhar" - e congeminei para comigo: "Mariza acabas de me "agarrar"/ganhar".
Porque é preciso ser uma grande cantora para que a voz, sempre a descer no "perder", não se transforme num grito quando chega ao "ganhar" (que seria o que me aconteceria a mim, que só me permito cantar no chuveiro a fim de os vizinhos não me expulsarem do prédio).
Contudo, a questão central vai para além da capacidade vocal - repito, "portentosa" - da cantora, a questão é que aqueles dois versos contêm um lema de vida (do qual a cantora obviamente ainda não se deu conta) : "devemos/temos a obrigação de apostar em nós próprios, mesmo que isso signifique perder no imediato, para que a "verdade"/humanidade/criatividade que existe em cada um de nós se revele e faça o seu caminho.
Ora, querida Mariza (dê-me licença que a trate virtualmente assim), não é atrelando-se à carroça do professor-presidente Marcelo que irá desaguar em qualquer clareira de jeito. A carroça do professor-presidente Marcelo não passa de uma carroça - que ele imagina um coche real - à qual, mais cedo que tarde, se vai partir o semi-eixo e as molas, deixando todos os passageiros perdidos no escuro da floresta.
Querida Mariza tenha o seu mote sempre presente:
É preciso perdeeer
pr'a depois se ganhaaaar
Com os volteares de cauda espectáveis num
Leopardo
Sem comentários:
Enviar um comentário