Afonso de Albuquerque (nascido em Alhandra em 1453 e que faleceu no regresso de Goa a 16 de Dezembro de 1515, portanto com 62 anos) é planetariamente reconhecido como um génio da estratégia militar da expansão e projecção de forças a longas distâncias com o mínimo emprego de forças. É de tal forma um arquétipo da chefia militar que o seu estudo é obrigatório na mais prestigiada academia militar dos EUA, a Academia de West Point (que por sua vez servirá de modelo para muitas outras).
O seu prestígio é tanto, que nos dias de hoje, uma equipa de investigação, subsidiada e apetrechada com a mais moderna tecnologia, procura determinar se a representação pictórica mais divulgada de Albuquerque corresponde de facto ao modelo original ou se foi elaborada um século mais tarde por um bom pintor em moda que alterou a figura anterior. Para quem não sabe a estátua, no topo de uma altíssima coluna, em frente ao Palácio de Belém, em Lisboa, pretende representar o genial estratega. O prestígio do "Terribil" Albuquerque pode ainda ser avaliado pelo acontecido no seu enterro - há 600 anos atrás - em território goês, a população hindu acorreu em massa para verificar se o "Leão dos Mares" estava de facto morto, ou ainda - 600 após - nos distritos de Goa, Damão e Diu, o português mais popular, depois de Cristiano Ronaldo..., é Afonso de Albuquerque.
A estratégia de expansão de Afonso de Albuquerque - coroada de êxitos - tinha por objectivos fechar todas as passagens navais (na época não existiam ainda aviões) para o Oceano Índico - no Oceano Atlântico, Mar Vermelho, Golfo Pérsico e Oceano Pacífico - construindo uma cadeia de fortalezas, em locais chave, para transformar o Oceano num "mare clausum" português, sobrepondo-se ao poder dos Otomanos, Árabes e seus aliados hindus.
Os cognomes que lhe foram apostos - "O Grande", "O César do Oriente", "O Leão dos Mares", "O Terribil", "O Marte Português" - espelham tanto a sua ferocidade e carácter implacável nas batalhas (usando sem hesitar o terrorismo militar - decapitando ou mutilando cidades de milhares de habitantes - para submeter populações e estabelecer alianças favoráveis; traçando planos para interferir no sistema de irrigação do Nilo, secá-lo e reduzir o Egipto a um deserto de fome; ou envenenar as águas do "Corno Dourado" de Istambul, desestabilizando a capital do império Otomano) como uma actividade diplomática titânica que se estendeu a numerosos Reinos da Índia, à Etiópia, ao Reino do Sião, à Pérsia (sensivelmente o actual Irão, que não fala árabe, mas "farsi"), até à China.
Conquistou Ormuz (entrada do Golfo Pérsico"), as Ilhas Molucas ( "Ilhas das Especiarias", que valiam ouro), Goa, Malaca (cidade mais oriental do comércio da Índia). Não conseguiu conquistar Áden, ponto estratégico muito importante, do qual nunca desistiu, pois para tal não lhe sobrou vida.
Tudo isto, nos últimos 6 anos da sua vida (após uma carreira militar longa no Norte de África) , com contingentes militares nunca superiores a 4 mil homens (na maioria dos casos mal chegavam a mil) e com um números de navios - entre caravelas e naus - que habitualmente andavam pela meia dúzia.
Afonso de Albuquerque morre no mar, destituído do cargo de Vice-Rei por D.Manuel I, "O Venturoso" - que não chegava aos calcanhares do seu antecessor o genial D. João II, "O Príncipe Perfeito". Conta-se que Albuquerque terá pronunciado pouco antes de morrer (pois estava a ser substituído por um inimigo pessoal sem grande valia, Lopo Soares de Albergaria, que usava a sua estadia na Corte, em Lisboa, para intrigar) : "Mal com el-rei por amor dos homens, mal com os homens por amor de el-rei." Afonso de Albuquerque morreu pobre.
Bom, ninguém estará à espera que Maria Luís Albuquerque fique "de mal com el-rei por amor por do Banif, nem de mal com o Banif por amor da Arrow Global ou da filial portuguesa da Arrow". Nem que morra pobre. Também ninguém suspeita que exista qualquer parentesco, mesmo longínquo, com o genial e "terribil" Afonso de Albuquerque.
E, contudo, subtraindo-lhe a inteligência, num estilo tosco, Maria Luís Casanova Morgado Dias de Albuquerque tem sido "terribil" para a economia portuguesa e para o Povo português.
Nata em Braga a 16.Setembro.1967 (logo, 48 anos), casada com António Dias de Albuquerque (jornalista de profissão), com três filhos, licenciada, em 1991, na Universidade Lusíada de Lisboa (de não mui boa fama),com o grau de mestre em Economia/Finanças, professora na mesma Universidade Lusíada, onde foi professora de Pedro Passos Coelho (que nunca correrá o risco de ser apontado como um produto excelente, ou até só razoável, da sua leccionação), militante do PSD, ministra das Finanças entre 2013 e 2015 (período da coligação PSD-CDS, que virou PÁF), Maria Luís (para o gentio) continuando deputada na AR pelo PSD, firmou um contrato, como auditora, com a grande firma inglesa Arrow Global.
Ora o negócio da Arrow é comprar dívidas a bancos e empresas em crise para depois negociar essas dívidas. O Banif foi um desses bancos, que em 2013 foi salvo por dinheiros públicos e que 3 anos depois entrou de novo em ruptura e pedincha outra intervenção estatal.
Maria Luís garante que esteve afastada deste "tema" entre 2007 e 2011, mas a verdade é que nesse período aprovou uma "swap" das Estradas de Portugal.
Por outro lado o PCP levanta dúvidas quanto à legitimidade da contratação de Maria Luís pela Arrow, questionando e exigindo ver esclarecido na AR se o denominado "período de nojo" foi respeitado.
O Regime Jurídico regula o "período de nojo"- isto é, o período de tempo durante o qual um ex-governante não pode assinar contratos com empresas privadas, de molde a resguardar as informações e influências que o ex-governante possui e pode eventualmente usar dentro do aparelho do Estado. No seu artigo 5º, o Regime Jurídico prescreve um período de 3 anos contado a partir "da data de cessação das respectivas funções".
É liminarmente claro que no caso de Maria Luís o "período de nojo" não foi respeitado e os interesses do Estado e dos cidadãos anónimos (e contribuintes!) não estão a ser salvaguardados. Maria Luís tem-se enovelado em explicações trapalhonas (que é apenas administradora não executiva) que a desfavorecem mais e mais. A tal ponto que Manuela Ferreira Leite (colega de Partido, PSD, e também ela ex-ministra das Finanças) acusa Maria Luís de "ausência total de bom senso" por ter aceite o cargo na Arrow e, acrescenta MFLeite, "não creio que haja alguma comissão de ética na assembleia (da AR) que vá aprovar uma coisa destas".
Portantos, fica óbvio que não existe parentesco entre Maria Luís Albuquerque e o genial estratega e defensor do Reino de Portugal Afonso de Albuquerque excepto a coincidência de um apelido e o carácter "terribil", embora por motivos diversos e mesmo contrários.
Os meus leitores consideram que a Maria Luís merece umas imagens?... Vá lá, algumas, numa espécie de muro da vergonha ou da desvergonha.
Amplexos indignados do
Leopardo
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