As posturas de Sua Excelência Excelentíssima o Senhor Presidente da República Portuguesa deixam-me dia a dia mais preocupado.
Logo após a sua entronização na função pública de PR, os começos não foram auspiciosos: a sua ostensiva falta de entusiasmo na aprovação do tímido Orçamento de Estado, OE, para 2016, o seu sublinhado no compromisso da dívida pública e nas contenções daí decorrentes, a imperiosa integração na estratégia (de Guerra, eufemisticamente apodada de Paz) da NATO/EUA/Pentágono/CIA, a sua atitude de "nim" face ao Des-Acordo Ortográfico/90 (com as falas dos seus discursos no português de há sessenta e tal anos e as legendas das ditas falas de acordo com o Des-Acordo Ortográfico/90).
O discurso de Sua Excelentíssima Excelência, o Senhor Presidente, na AR, Assembleia da República portuguesa, mais não fez que aumentar as minhas preocupações de forma substancial.
No referido discurso, mui louvaminhado pelos "comentadeiros" de serviço, Sua Excelência faz uma interpretação dos poderes presidenciais em que os sobreleva em relação aos poderes da AR e dos Tribunais (leitura do discurso que não é apenas a minha, mas igualmente a dos senhores "comentadeiros".
Ora, da parte de Sua Excelência, proceder a tal interpretação, equivale a subverter o equilíbrio de poderes estabelecido na Constituição da República portuguesa - que o Senhor Presidente jurou cumprir e defender ! - e avançar com patinhas de veludo para uma Constituição de tipo presidencialista. Em curto e grosso, da parte de Sua Excelência, consiste numa facada, numa traição à actual Constituição.
Porém, ainda me preocupa mais a recepção ao discurso do Senhor Presidente da parte do Público em geral, avaliando-a eu através da Rádio Pública, Antena 1, no seu programa de hoje de manhã ( o que, concordo, é correr um risco muitíssimo elevado de tais recepções andarem longe da recepção do País real).
No referido programa da Antena 1, os "comentadeiros" de serviço, saudavam entusiasmadíssimos o "Discurso" (com maiúscula e tudo) que inaugurava uma "Nova Era" (sempre com maiúscula, porque o ridículo não mata), abria não sei o quê. Dava mesmo um empurrão hábil no "arco da governação", sem cuspir nos olhos dos "Outros". Também, acrescentavam, depois de 10 anos de presidencialismo ríspido, hirto, "cara de pau", não era difícil fazer melhor...
Compreende-se esta avalanche de euforia da parte dos senhores "comentadeiros", pois é para isso que são pagos.
Da parte do Público, se corresponde ao Zé Povo Português real, é muitíssimo mais inquietante, pois demonstra que 48 anos de fascismo salazarento, somados a cerca de 39 anos de social-democracia às arrecuas - quer da parte do PS, quer da parte do PSD/CDS, quer de todos três coligados - executaram o seu trabalho de alienar o Povo Português dos seus reais problemas e das soluções para eles.
Como exemplo do que acabo de afirmar, duas das senhoras que falaram no programa da Antena 1, decerto animadas das melhores intenções, confessavam que nunca tinham votado, que Marcelo Rebelo de Sousa "era o homem (presidente, suponho) dos seus sonhos", "se pudessem andariam sempre abraçadinhas a ele", "como outrora a Ramalho Eanes" e que a Sua Excelência actual, num ápice, tinha realizado o milagre de unir os Partidos, compor, no dia 25, uma Assembleia da República tão bonita, com a mesa da presidência cheia de flores... O resto viria com o tempo, era preciso dar-Lhe o benefício da dúvida, dar tempo ao tempo... também não se pode fazer tudo num dia... não é?...
As grandiosas Manifestações que celebraram por todo o País, com milhares e milhares de pessoas, o apego do Povo ao 25 de Abril desmentem os programas da Antena 1 e outros programas quejandos. Desejo sinceramente que as senhoras que citei no parágrafo acima as tenham espreitado pelo menos atrás das cortinas das janelas.
O Povo está na Rua. A Revolução está em marcha.
Amplexos confiantes do
Leopardo
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