Trinta e três mineiros estiveram soterrados a 688 metros abaixo da superfície da terra, durante 69 dias. Em teoria, nas condições em que estavam - 38 graus centígrados de temperatura, humidade a rondar os 85%, umas latas de atum que talvez não atingissem a vintena, uns biscoitos, pouca água potável, sem iluminação solar e a maior parte do tempo com pouca ou nenhuma luz - estimava-se que poderiam viver durante 3 dias. Por cima deles tinham desabado rochas com o dobro do tamanho do Empire State Building, 800 mil toneladas de peso, que, a qualquer momento, poderiam descair mais mais um tanto e esborrachá-los num espaço de 52 metros quadrados, ao qual chamavam pomposamente "refúgio".
O desastre tornou-se rapidamente mediático, com as grandes cadeias de televisão e rádio a darem em directo, 24 horas atrás de 24 horas, para milhões de pessoas em todo o planeta, o que ia sucedendo ou o que se imaginava que ia sucedendo, as entrevistas que realizavam.
As famílias (que os seguranças não tinham conseguido expulsar), os amigos, as mais variadas organizações, a igreja, as feiticeiras das religiões indígenas tradicionais e os seus esconjuros, a profusão de altares e velas, as excursões de curiosos formaram um acampamento no recinto exterior - com comidas, bebidas, música, danças -, espécie de feira simultaneamente dramática e cómica. Por exemplo, tanto era possível observar a jovem esposa de um dos mineiros, prestes a dar à luz, que ninguém conseguia arrancar dali para uma maternidade , como a mulher e a amante de outro dos mineiros soterrados, que se empurravam, puxavam os cabelos, litigando antecipadamente pelo hipotético direito a uma futura indemnização.
O presidente do Chile à época, Sebastian Piñera, em crise de popularidade, apostou o seu futuro político na salvação dos 33 mineiros e exigiu ao seu ministro para os Minérios - principal riqueza do Chile - que se envolvesse de corpo e alma no mesmo, o que este parece ter assumido de "motu" próprio.
As grandes companhias de exploração do subsolo, com as perfuradoras mais potentes e modernas do momento - dos "States", do Canadá, da Austrália, do Brasil - rapidamente perceberam a projecção e os negócios em perspectiva que o acidente lhes proporcionava e convergiram para o local com os seus melhores técnicos e máquinas.
O resultado saldou-se pela salvação das vidas dos 33 mineiros, que as ficaram a dever sobretudo à solidariedade que se desenvolveu entre eles, à liderança que foram capazes de eleger, ao fortíssimo desejo de viver que construíram e do qual, apesar de algumas flutuações, nunca desistiram. Isto é, o verdadeiro oiro dentro daquela mina eram eles próprios e a sua Humanidade.
Depois do salvamento, os mineiros tiveram inúmeras ofertas: muitas camisolas de futebol assinadas pelos "craques" para os aficionados, uma colecção de discos do Elvis Presley para um deles que era fã do "Rei", uma luva de basebol (assinada, claro), um taco de basebol com a palavra "speranza" gravada, creio que um CD com a canção "Gracias a la vida que me ha dado tanto", "and so on".
Ofertas de significado afectivo sem dúvida tocante, mas nunca foram indemnizados pelos proprietários da mina de San José nem pelas Companhias de Seguros dos riscos corridos e das sequelas na saúde. De facto, a maioria deles passou a ter dificuldade em empregar-se novamente pois os proprietários temiam que os "33" os denunciassem pela falta de segurança generalizada nas minas.
Segundo afirmam os "mírdia", "Os 33" todos os anos se reúnem para festejar a sua amizade, fénix renascida da adversidade... mas, na praia, junto ao mar.
O filme realizado por Patrícia Riggen, exibe um elenco de actores de luxo, onde avultam os nomes de Antonio Banderas, Juliette Binoche, Rodrigo Santoro, Gabriel Birne, James Boolon, Lou Diamond Philips, Mario Casas, Jacob Vargas. É uma co-produção chilena, norte-americana, estreada a 29/10/2015. Se fosse produção só norte-americana, teria estreado em 2011 !!
E, porque não, convidar esses "33" de Copiapó para festejar com os nossos mineiros de Urgeiriça... na Costa da Caparica??...
Amplexos confiantes do
Leopardo
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