Poema de Pé manco
Primeiros, desejo esclarecer
Que esta espécie de poema
Vai em versalhada livre
Não porqu'eu não seja capaz de contar as silabas
ou não conheça aquelas oralidades das rimas
cruzadas, interpoladas e quejandas,
mas porque a alma, o sopro vital, não me flui em cadências que acertam no termo,
só acertam quando lhes dá na gana.
Assim, busquei a capa das cadências gregas,
sílabas breves, sílabas longas, sílabas assim-assim
e, enquanto o leitor se distrai a medir o poeta,
o poeta distrai-se a medir os sonhos.
Sonhos vagabundos,
despertados por dois vagabundos,
dois Joães-Joões,
militantes das ideias de dias mais altos,
dois Joães-Joões, dois amigos,
pois são os Amigos que levantam as auroras,
ampliam os firmamentos,
fixam as rotas das galáxias, das estrelas e demais astros esgrouviados.
Os dois Joães-Joões merecem a istória que bou contar,
melhor, recontar,
dado que já foi tantas bezes papagueada
que o termo exacto é recontar-contar-contar...
Quatro mulheres todas de negro atabiadas,
nos lagedos milenários de Caminha,
Caminha dos fenícios, dos gregos, dos romanos, dos godos, dos berberes, dos duques medievais caminhenses, das hostes miguelistas,
logo, nestes lagedos graníticos, quatro mulheres:
uma toda rebestida a panos negros, soltos,
à qual, a filha continuamente compunha uma écharpe fina, preta e com mais dois tons de cinza
- a filha de jeans cinzento chumbo, t-shirt preta -,
outra velha de calça preta, camisa ás riscas pretas e ainda outra belha de calças negras, blusa de seda, cores espampanantes a atirar para o esverdeado.
Obviamente tratava-se de condolenciar a primeira belha,
viúva de fresca data,
e foi a espampanante que arrumou as condolências com um:
"pois, folguei muito em bê-la minha Amiga !"
Desejo sinceramente que os meus Amigos Joães-Joões
igualmente folguem com estes recontares-tares minhotos.
De momento é o que se me oferece .
Saudações estivais do
Leopardo
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