Vou por fim dedicar esta reflexão a Nuno da Rocha, jovem compositor português - de 31 Primaveras ! - que nos brindou no dia 23 de Setembro.2017, no Teatro Nacional de São Carlos , com uma revisitação da 9ª Sinfonia do monumental Beethoven num registo influenciado pela música atonal e pelo jazz.
Nuno da Rocha averba no seu currículo os estudos de composição com Vasco Mendonça, Carlos Marecos, Carlos Caires e, especialmente, com António Pinho Vargas . Na Áustria , trabalhou com Nigel Osborne, com o maestro Michel Windeberg e com o conceituado grupo de música contemporânea Klangformm Wien.
Porém, não me proponho explicar-lhes a música de Nuno da Rocha, que me chocou e surpreendeu pela positiva, nem disso seria capaz - tenho esperança que o próprio compositor Nuno nos abra caminhos para o compreender em comentários a esta reflexão - apenas aspiro a dar-lhe ( e a Vós ) as vias que me levaram até ele .
Oh Nuno, eu comecei a ouvir Ópera pelos 4 anos de idade, porque o meu excelente e afável Pai a ouvia num daqueles antigos rádios de madeira e aros de cobre, acrescentando-lhe posteriormente o rádio de um valente Morris 8. De quando em quando, íamos ambos ao Coliseu dos Recreios, ampla sala de espectáculos dedicada essencialmente ao Circo ( isto parece o itinerário de um filme do Fellini ... ) ouvir uma récita de Óperas estreadas no São Carlos, "dádiva" salazarenta para a plebe que não possuía dinheiros nem fatiotas para o Salão Operático por excelência e para excelências de casaca, fraque e madames roçagantes de vestidos compridos, luvas até ao cotovelo e jóias de família.
Tá visto que cá o Leopardo garoto começou a imitar as árias encantadas, mais sentidas que ouvidas, no casario da Lapa ( nem tudo lá eram palacetes...), numas escadas de salvação de ferro.
Como era menino e moço, ainda por cima bem parecido e sossegadito, as senhoras vizinhas , divertidas, escutavam o fedelho. Não lhe atiravam botas velhas ou tomates podres como teria sucedido se o evento se tivesse repetido uma dúzia de anos mais tarde.
Mas o vício tinha-se entranhado... pior que chutar para a veia ...
Portantos, tive de percorrer a minha Via Sacra, infelizmente a solo, sem a mão guia e protectora do Pai, que encerrara a sua Ópera Magna com pregos num caixão de mogno. Cheguei a vir de Moura, Alentejo ( em viagem de camioneta, de 4 horas, rezando uma oração ateia para que um dos rodados da sacolejante camioneta não furasse ) , numa pressa de rés-vés campo d'ourique, bilhete nos dentes, para arrivar no último minuto à Catedral ( que não era o Estádio do Benfica, claro, mas o São Carlos ).
Quando, eventualissimamente, procurava uma companhia feminina para me acompanhar na cerimónia iniciática, a resposta sacramental era : "Que vestido devo levar ?" !
Fiz-me amigo das bilheteiras, duas velhas senhoras dignas de integrar personagens com poucas deixas de uma Ópera "buffa"; percorri todos os lugares do São Carlos, desde a Geral ( onde se ouve lindamente e se vê pessimamente... ou não se vê ) , cadeiras "singles" em camarotes de 4ª ordem, 3ª ordem, 2ª ordem, por fim, plateia ! Já assisti ( ou participei ?... ) a obras em cima do palco, em encenações arrojadas, com público dentro e fora do palco.
A maioria dos "drammi per musica" não estou a vê-las pela primeira vez, estou a revê-las. Na temporada do São Carlos de 2017/2018, a única que nunca vi é "The Rape of Lucretia", do Britten .
Não me gabo. Escrevinho as pegadas de uma paixão que herdei em acaso de fortuna. Escrevinho-as para que um jovem-grande compositor possa talvez compreender alguns dos laços que ligam um Artista ao seu Público cúmplice. Escrevinho-as para que o Artista nos possa devolver a sua compreensão trocada em miúdos para gentios...
O restante desta reflexão provavelmente não merece entrar nela. Se estão felizes, parem de ler aqui. O resto é escória. Eu aproveito para a deitar fora e tentar passar um fim de semana mais ou menos tranquilo.
- O Estado Cowboy e o Estado israelita-sionista, versões actualizadas do nazismo , saem da UNESCO - à qual deviam milhões de dólares - o que representa simultaneamente um ataque à Cultura e o pôr fim a um entendimento da Cultura definitivamente ultrapassado. Representa uma navalhada na Cultura, pois esta, hoje, não pode ser pensada sem a presença de um Estado com o peso da Nação norte-americana. Representa um marco funerário de uma concepção cultural que já demonstrou todas as suas patologias.
- pelo 3º dia consecutivo a Bolsa de Xangai abre em queda, tudo indicando que está orquestrada uma "nova crise financeira", a qual, à semelhança das anteriores, é resolvida enchendo os cofres dos Bancos Privados , mal geridos, com os dinheiros provindos do aumento dos impostos das Arraias Miúdas a nível planetário.
- certamente reflexo dos pontos anteriores, no Ensino Superior Português não foram preenchidas 2.569 vagas, demonstrando à saciedade o abandono escolar precoce e a elitização do Ensino e Educação.
- igualmente relacionado com os pontos anteriores - é uma cascata, na qual cada queda é um produto das quedas mais acima - , no Porto, têm subido os crimes violentos, resultantes do roubo por "esticão".
- as Polícias Portuguesas ( de Segurança, Prisionais, GNR, SEF, Fiscais ) desfilam e protestam nas ruas de Lisboa , reclamando aumentos salariais e progressões nas carreiras, estagnadas, pelo menos, desde 2015.
- Manuela Azeda o Leite apoia a candidatura do Rio sem Sorrisos a chefe do psd , evidenciando a deriva desnorteada, desesperada da Direita pura e dura ao domínio do País... na próxima encarnação... se Sua Excelência, o profe Martelo tiver a gentileza de defuntar nos entretantos.
- Madonna, grã-mestra do "Show Biz", lacrimeja que "se sente triste", pois espera há meses um visto de residência, obrigando-a a estar hospedada num hotel em Lisboa , e não instalada num palacete histórico que comprou em Sintra.
Solidarizo-me com o pesar da Diva . Não percebo porque é que o SLB ainda não mexeu os seus cordelinhos para satisfazer a Estrela e qual a razão pela qual não meteu o adolescente filho dela na primeira divisão juvenil do clube - mesmo que o puto tenha dois pés canhotos ! Resolvia os pesares da Grã-Estrela e, sobretudo, os problemas financeiros dos Águias.
O Nuno da Rocha que me perdoe este "finale", mas nem só de sinfonias vive um empenhado blogue.
Aguardo confiante os comentários do Nuno da Rocha,
o sempre esperançado Leopardo
Oh Nuno, eu comecei a ouvir Ópera pelos 4 anos de idade, porque o meu excelente e afável Pai a ouvia num daqueles antigos rádios de madeira e aros de cobre, acrescentando-lhe posteriormente o rádio de um valente Morris 8. De quando em quando, íamos ambos ao Coliseu dos Recreios, ampla sala de espectáculos dedicada essencialmente ao Circo ( isto parece o itinerário de um filme do Fellini ... ) ouvir uma récita de Óperas estreadas no São Carlos, "dádiva" salazarenta para a plebe que não possuía dinheiros nem fatiotas para o Salão Operático por excelência e para excelências de casaca, fraque e madames roçagantes de vestidos compridos, luvas até ao cotovelo e jóias de família.
Tá visto que cá o Leopardo garoto começou a imitar as árias encantadas, mais sentidas que ouvidas, no casario da Lapa ( nem tudo lá eram palacetes...), numas escadas de salvação de ferro.
Como era menino e moço, ainda por cima bem parecido e sossegadito, as senhoras vizinhas , divertidas, escutavam o fedelho. Não lhe atiravam botas velhas ou tomates podres como teria sucedido se o evento se tivesse repetido uma dúzia de anos mais tarde.
Mas o vício tinha-se entranhado... pior que chutar para a veia ...
Portantos, tive de percorrer a minha Via Sacra, infelizmente a solo, sem a mão guia e protectora do Pai, que encerrara a sua Ópera Magna com pregos num caixão de mogno. Cheguei a vir de Moura, Alentejo ( em viagem de camioneta, de 4 horas, rezando uma oração ateia para que um dos rodados da sacolejante camioneta não furasse ) , numa pressa de rés-vés campo d'ourique, bilhete nos dentes, para arrivar no último minuto à Catedral ( que não era o Estádio do Benfica, claro, mas o São Carlos ).
Quando, eventualissimamente, procurava uma companhia feminina para me acompanhar na cerimónia iniciática, a resposta sacramental era : "Que vestido devo levar ?" !
Fiz-me amigo das bilheteiras, duas velhas senhoras dignas de integrar personagens com poucas deixas de uma Ópera "buffa"; percorri todos os lugares do São Carlos, desde a Geral ( onde se ouve lindamente e se vê pessimamente... ou não se vê ) , cadeiras "singles" em camarotes de 4ª ordem, 3ª ordem, 2ª ordem, por fim, plateia ! Já assisti ( ou participei ?... ) a obras em cima do palco, em encenações arrojadas, com público dentro e fora do palco.
A maioria dos "drammi per musica" não estou a vê-las pela primeira vez, estou a revê-las. Na temporada do São Carlos de 2017/2018, a única que nunca vi é "The Rape of Lucretia", do Britten .
Não me gabo. Escrevinho as pegadas de uma paixão que herdei em acaso de fortuna. Escrevinho-as para que um jovem-grande compositor possa talvez compreender alguns dos laços que ligam um Artista ao seu Público cúmplice. Escrevinho-as para que o Artista nos possa devolver a sua compreensão trocada em miúdos para gentios...
O restante desta reflexão provavelmente não merece entrar nela. Se estão felizes, parem de ler aqui. O resto é escória. Eu aproveito para a deitar fora e tentar passar um fim de semana mais ou menos tranquilo.
- O Estado Cowboy e o Estado israelita-sionista, versões actualizadas do nazismo , saem da UNESCO - à qual deviam milhões de dólares - o que representa simultaneamente um ataque à Cultura e o pôr fim a um entendimento da Cultura definitivamente ultrapassado. Representa uma navalhada na Cultura, pois esta, hoje, não pode ser pensada sem a presença de um Estado com o peso da Nação norte-americana. Representa um marco funerário de uma concepção cultural que já demonstrou todas as suas patologias.
- pelo 3º dia consecutivo a Bolsa de Xangai abre em queda, tudo indicando que está orquestrada uma "nova crise financeira", a qual, à semelhança das anteriores, é resolvida enchendo os cofres dos Bancos Privados , mal geridos, com os dinheiros provindos do aumento dos impostos das Arraias Miúdas a nível planetário.
- certamente reflexo dos pontos anteriores, no Ensino Superior Português não foram preenchidas 2.569 vagas, demonstrando à saciedade o abandono escolar precoce e a elitização do Ensino e Educação.
- igualmente relacionado com os pontos anteriores - é uma cascata, na qual cada queda é um produto das quedas mais acima - , no Porto, têm subido os crimes violentos, resultantes do roubo por "esticão".
- as Polícias Portuguesas ( de Segurança, Prisionais, GNR, SEF, Fiscais ) desfilam e protestam nas ruas de Lisboa , reclamando aumentos salariais e progressões nas carreiras, estagnadas, pelo menos, desde 2015.
- Manuela Azeda o Leite apoia a candidatura do Rio sem Sorrisos a chefe do psd , evidenciando a deriva desnorteada, desesperada da Direita pura e dura ao domínio do País... na próxima encarnação... se Sua Excelência, o profe Martelo tiver a gentileza de defuntar nos entretantos.
- Madonna, grã-mestra do "Show Biz", lacrimeja que "se sente triste", pois espera há meses um visto de residência, obrigando-a a estar hospedada num hotel em Lisboa , e não instalada num palacete histórico que comprou em Sintra.
Solidarizo-me com o pesar da Diva . Não percebo porque é que o SLB ainda não mexeu os seus cordelinhos para satisfazer a Estrela e qual a razão pela qual não meteu o adolescente filho dela na primeira divisão juvenil do clube - mesmo que o puto tenha dois pés canhotos ! Resolvia os pesares da Grã-Estrela e, sobretudo, os problemas financeiros dos Águias.
O Nuno da Rocha que me perdoe este "finale", mas nem só de sinfonias vive um empenhado blogue.
Aguardo confiante os comentários do Nuno da Rocha,
o sempre esperançado Leopardo
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