Há poucos dias veio à baila o mítico filme "Belarmino" do nacional e internacionalmente muito premiado realizador Fernando Lopes.
Como fui um bom praticante amador de boxe, como vi o filme, do qual gostei bastante, como sabia uma série de pormenores sobre a vida privada do boxeur Belarmino Fragoso, fui de imediato consultar uns "sites" sobre o assunto.
O primeiro no qual tropecei levou-me ao tapete tal a ignorância e o atrevimento das comentadoras. Objectarão que topei comentadoras sem responsabilidades. Não senhora, as comentadoras eram críticas profissionais de cinema, algures de países do "Leste". Destroçavam o homem real Belarmino Fragoso, que consideravam um falhado, inteiramente responsável pelo seu próprio fracasso na vida, destroçavam o realizador Fernando Lopes, autor de um filme "chato", de uma "lentidão entorpecente", no qual só salvavam a excelência da fotografia de Augusto Cabrita.
Mas que sabiam de boxe as comentadoras-críticas-profissionais-de-cinema , do homem Belarmino Fragoso, dos meios sociais do boxe profissional, de Portugal sob o domínio do fascismo salazarento e no pós- 25 de Abril ( fiquei mesmo com a dúvida, se não pensariam que Portugal é uma província espanhola ) ?? Nada, "rien de rien", "nulla di nulla" . Sobre o realizador Fernando Lopes desprezavam e contrariavam o reconhecimento e os prémios internacionais. A originalidade do entrelaçamento da música de jazz, autoria de Manuel Jorge Veloso, não lhes mereceu uma palavrita ( talvez tenham visionado uma versão sem som... ).
Ter-se-ão as comentadoras-críticas informado que o homem real Belarmino Fragoso apenas realizou a 3ª classe na idade adulta? Que trabalhou como engraxador, a colorir fotos, como porteiro numa das "boites" mais reles do Martim Moniz? Para sustentar a família, a mulher e a filha, obrigações que faziam parte da sua ética pessoal? Que convivia com prostitutas e ladrões que partilhavam ética idêntica? Que possuiu de facto um talento inato para o boxe, que praticou, e foi reconhecido em França, podendo ter alcançado lugar de primeiro plano não fora a sua reconhecida tendência para a cerveja e "as ervas"? Que o boxe profissional, na Europa como nos "States", é dominado por uma máfia que vive das apostas, do tráfico de armas e de "carne branca"? Que viveu os últimos anos da sua vida ligado a uma prostituta, com quem casou, num andar arruinado de um pardieiro, no mesmo Largo do Martim Moniz, quase em frente da tal boite-prostíbulo onde trabalhava agaloado de porteiro?
Julgo que as críticas profissionais de cinema têm todo o direito a exprimir a sua subjectividade pessoal ( tal como eu expresso a minha ), porém, o seu estatuto de profissionalismo deveria impor-lhes notas de objectividade ou de uma objectividade partilhada. Senão, temos o direito de nos interrogar se falam sobre a realidade do boxe, sobre essa realidade reflectida, repensada num filme, ou se sofrem de assombrações.
Estas reflexões tornaram-se-me imperiosas não pela importância das comentadeiras-críticas-de-cinema, mas porque considero que todo o fio científico condutor da destrinça entre o real e a sua interpretação é esboroado intencionalmente, transitando a batalha política, ideológica e cultural para os meios de comunicação, nomeadamente para os "mírdia", onde o capital manda e desmanda à vara larga.
As notícias recentes dos "mírdia" são uma boa amostra do que sustento.
Os "mírdia"incriminam a Rússia na destruição de Aleppo - cidade carismática, tanto do ponto de vista religioso como patrimonial, para os Sírios; promovem o "o estado islâmico" (criação estado-unidense) a "exército de libertação da Síria de Assad"; ameaçam a Rússia de guerra pelas Forças Armadas dos EUA, da Grã-Bretanha e da França ; ameaçam a Rússia com a condenação da ONU, com a condenação de Benjamim Netanahiu, "político "controverso", porém, agora com postura positiva" ( Netanahiu que deu cobertura política aos massacres de palestinianos em Sabra e Chatila, massacres prepetrados sob a liderança do general sionista Moshe Dayan).
Os "mírdia"também se encarniçam sobre o novo satélite de observação chinês, prestes a ser lançado no espaço, com o objectivo confessado de tentar encontrar fora do sistema solar outras espécies vivas de inteligência e de linguagem.
É óbvio que este novo satélite chinês tem despertado a maior curiosidade nos meios científicos e estatais do "Ocidente", que pressionaram o Governo Chinês para partilhar os conhecimentos e a execução do projecto. Estas curiosidades científicas e interesses estatais "ocidentais" compreendem-se perfeitamente, dado que o satélite de observação chinês abre a porta a especulações sobre uma capacidade desconhecida de comunicar e comandar à distância e , até, de tele-transporte.
Propostas que encontraram uma firme e clara rejeição desde o seu início da parte do Estado Chinês.
Os "mírdia"andam a desencantar supostos comentadeiros científicos, até hoje submersos, que utilizam um argumentário não original, mas variegado, que concorre no sentido de desvalorizar a realização do projecto chinês e de levar o Estado Chinês a aceitar a"colaboração" "ocidental".
No argumentário elenca-se: é magalomanamente caro - 160 milhões de euros; porque implica uma estação-observatório espacial com uma dimensão equivalente a 10 estádios de futebol; porque já foi tentado a "Ocidente" sem resultado; pela impossibilidade de descodificar qualquer resposta recebida no caso, altamente hipotético, de ela se vir a verificar.
Não pretendo possuir um QI ao nível dos reputados cientistas, porém, em dias da minha vida, nunca assisti a Estados capitalistas dispostos a investir sacos e sacos de moeda sonante em projectos falhados... Decerto desconfianças de leopardo...
Saudações de Leopardo,
confiante na luta de massas
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