Reflexões do Leopardo

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sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Cabaret's ou Tavernas 2

Antes de entrar no que aqui me traz verdadeiramente hoje, despachemos um filme que está em cartaz, que suscita muitos aplausos, sem que um só desses aplausos seja meu. O filme em questão, "Elle", é supostamente realizado por Paul Verhoeven e interpretado pela famosa actriz francesa Isabelle Huppert (as fãs que tanto a admiram pelo menos aprendam a grafar o nome dela correctamente).
"Elle" foi na realidade realizado por Isabelle Huppert, que sobrepôs, até aos mais ínfimos pormenores, a sua direcção à de Verhoeven, e relata a estória de uma produtora de filmes publicitários muito bem sucedida e conceituada no mercado, que dirige ditatorialmente uma enorme equipe de artistas criativos, produtora que é violada com uma brutalidade inusitada no interior da sua luxuosa residência. Seguir-se-á a vingança, igualmente brutal, conduzida pela produtora, executada por intermédio de um seu filho, talvez um dos poucos caracteres moralmente bondosos da estória - tonto, mas bondoso; os caracteres bondosos desta obra serão, no máximo, dois, e fracos da moleirinha.
Não recomendo este filme nem aos meus inimigos, pois considero-o um filme de uma maldade perversa, perversidade a que Huppertt parece ser atreita, pois as cenas da violação, repetidas vezes sem conta, parecem um "remake" de uma outra cena de violação da fita "A pianista", executadas no chão, com violência para paladares fortes. Atrever-me-ia mesmo a dizer que a crueldade desapiedada, cínica, prepetrada de preferência por terceiros, se assemelha bastante à que é conduzida sob a bandeira Trump.

E, para nos desinfectarmos da pestilência da Huppert, regressemos ao "Cabaret Alemão" do quinteto Maria Rueff, Sofia de Portugal, Luísa Costa Gomes, António Pires, Gabriel Gomes. É, voltei à magnificente taverna (na sala de manjar do TMJB). Tenho algo de novo para teclar?... Não e sim. Não, porque caí mais uma volta sob o encanto das interpretações e das pequenas variações à viola que vão introduzindo. Sim, porque as actrizes/ores estão a trabalhar e a atmosfera de festa crítica que induzem nos fazem esquecer esse trabalho profissional e nos criam a ilusão de que a Festa é total e de todos. Posso concluir, garatujando que, se arranjasse bilhetes para os restantes espectáculos, tornariam a encontrar-me lá ! É um espectáculo de humor inteligente (o mais difícil !), nos antípodas da estupidez belicosa dos Trampas, da banda da alegria de viver e conviver.

Igualmente nos antípodas da fúria acéfala e letal do trumpismo, nas praias dos porvires que cantam e dançam, situa-se o XX Congresso do PCP - no Complexo Municipal dos Desportos, na cidade de Almada, nos dias 2, 3 e 4 de Dezembro.2016.
XX Congresso , longamente preparado, ao longo de meses e meses, ascultando organizações amplas e outras de menor abrangência, que os "mírdias", ostensiva e arrogantemente, ignoram e silenciam.

Assim, como "esquecem" o 25 de Novembro de 1975 , data na qual Mário Soares , mancomunado com a hierarquia religiosa católica e as forças políticas nacionais e internacionais mais reaccionárias, se preparava para mergulhar Portugal na guerra civil e dividir o País em dois. "Mírdias", por outro lado, tão solícitos a transmitir qualquer fumo de cigarro electrónico do "futebolês" ou pensamento em queda livre do senhorito Passaralhos Coelho.

Todavia, devo acrescentar que as alegrias não me florescem apenas dos "Cabaret's Alemães" ou do XX Congresso, elas brotam igualmente da militância do meu camarada Rogério, que,  entre outros deveres militantes e a escassez de dinheiros, ainda encontra pachorra para ler os meus blogues, ou de um amigo virtual, Luís Rodrigues, que afirma "ter lido com atenção o meu blogue "Cabaret's" e ter gostado". De facto, não existe uma balança para distinguir as alegrias umas das outras...

De roldão com as alegrias pingam também alguns desgostos. Então o Benfica, depois de ter o jogo com o Besikas nas botas, não deixa empatar aquilo?!... Prefiro não teclar sobre as frases tatuadas do Quaresma, mas não posso deixar de perguntar à minha querida amiga Rueff (permita-me que a trate assim) em que meio de transporte foi ela à Turquia, se à noite já estava a actuar no TMJB ?... Foi no seu táxi particular das 13 horas radiofónicas ou escapuliu-se discretamente para a UBER??... Não quero crer no último suponhamos, todavia, de qualquer forma, permanece um mistério super-sónico... A partir de agora, tenho as minhas orelhas em cima de si (não, não são tão grandes como as do Orelhas de Abano)...

Por fim as preocupações profundas: não é possível deixar de mencionar as derivas galopantes das Administrações  Cowboys para uma 3ª guerra mundial : ele são os "muros" no México e em Berlim, ele são os super-poderes das Agências de Informação Secretas (vulgo, agências de espionagem) e a publicitação pública da legalidade e eficácia das suas técnicas de espionite paranóica.

Concluindo entre o humor e a farsa: as sondagens da Católica. A Universidade Católica há anos que erra as suas sondagens. Não obstante, os "mírdia", sempre prestimosos, reverentes, obsequiosos para com ela, publicitam esses erros, rapidamente desculpados porque não se podia prever a taxa das abstenções ou por outra razão qualquer.
Desta feita, registei apenas 3 das "previsões" (há quem as considere tentativas de manipulação da opinião pública):  a taxa de popularidade do presidente Marcelo Rebelo de Sousa é a mais alta que qualquer Presidente da República já teve; o PSD desce, e Passaralhos Coelho tem uma percentagem de apoio inferior à do PAN (!); o PS talvez tenha possibilidade de obter uma maioria absoluta mesmo sem o apoio da "esquerda radical" (entenda-se PCP e BE).
A previsão do apoio popular a Sua Excelência Excelentíssima não surpreende dada a habilidade de Sua Excelência a distribuir sorrisos, medalhas, abraços, condecorações, a proferir discursatas "nim", ou seja, nem sim nem sopas, e o estardalhaço que os "mírdia" sempre desempenham em lançar para os éteres tais fogos-fátuos.
A "previsão" referente ao psd é um claro aviso ao partido e à necessidade de mandar para o banco dos suplentes um jogador incansável a chutar bolas para as bancadas.
O aceno ao PS com uma maioria absoluta sozinho é uma indisfarçável casca de banana lançada aos sapatos de pelica do sr. António Costa.



Resultado de imagem para fotos do Cabaret Alemão Resultado de imagem para fotos do Cabaret Alemãohttps://encrypted-tbn3.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcT_h3RBBc-cC2FZqz74pyDyzcCCGgls6xUjYD03rO86LiBbBJcDAQ

                             Resultado de imagem para fotos do Complexo Municipal dos Desportos, em Almada



Encerro por hoje, seguro que nem os meus melhores amigos, aguentam tanta verborreia.

Amplexos cordiais de luta

do Leopardo  

terça-feira, 22 de novembro de 2016

"Cabaret's"

No resultado da contagem dos votos das eleições cowboys, Hillary Clinton contabiliza, parece, mais 1 milhão e 166.000 votos que o Trampas. É verdade que no sub-continente estado-unidense, com cerca de 300 milhões de habitantes e, talvez, cerca de 150 milhões de votantes, um milhão representa apenas 1 % dos cidadãos votantes... ninharias... mas, enfim, levaram tantos dias a contá-los, que se pode concluir que no país dos cowboys é mais fácil contar vacas que votos. 
Quanto ao Trampas , que ainda não é legalmente presidente, já se permitiu ameaçar um crítico teatral por este criticar um espectáculo norte-americano que considera apoiar o indefensável genocídio que o Estado sionista de Israel leva a cabo nos territórios palestinos na Faixa de Gaza. E o Trampas exige mesmo ao dito crítico teatral que apresente desculpas públicas ao tal espectáculo. Hitler, em seu tempo, praticou "diktat's" semelhantes ao de Trampas. Afinidades afectivas...

Na mesma linha do praticó-concretamente (expressão felizmente respigada do anonimato  por Lobo Antunes) o MI.5  - sigla dos serviços secretos ingleses, com fama de serem dos mais eficazes do planeta - já possui legislação que lhe permite, legalmente, invadir mensagens pessoais de qualquer telemóvel ou e-mail pessoal de qualquer habitante da Terra.
Técnica de espionagem invasiva que me parecia inacessível pela impossibilidade prática de analisar em tempo útil uma tal enxurrada de informação. Oliver Stone, no seu filme "Snowden", mostra-nos que tal é credível devido ao avanço de técnicas automáticas de filtragem da informação.

Ontem, uma representante de uma ONG a trabalhar no Egipto, temporariamente em Portugal, aos micros da Rádio, Antena 1, queixava-se que no Egipto, actualmente, "são proibidos os ajuntamentos de mais de 10 pessoas, desapareceu o direito a opiniões livres, todos sentem medo de usar expressões que saiam fora do discurso oficial e, por isso, serem presos subitamente, que agora a luta é pela sobrevivência económica (situações que os portugueses conhecem intimamente das vivências anteriores ao 25 de Abril)
Ou seja, o mundo trumpetiza-se ou trampetiza-se !

No pólo contrário a este correr e discorrer de acontecimentos, um português foi nomeado para ser candidato aos Grammy's (soube-o também pela Rádio, Antena 1). Não fixei o nome do cantor (as minhas desculpas!), homem simpático, modesto, que em lugar de enfatizar a sua prestação (como é habitual praticar-se hoje...) p referiu homenagear a geração de cantores à qual considera dever a sua formação: Max, Francisco José, Toni de Matos, etc, etc. Encantadora a modéstia, a generosidade deste cantor que puxa para os holofotes da ribalta nomes que julga mais importantes que o seu, como, por exemplo, o de Mariza . 
Daqui lhe desejo veementemente que lhe seja atribuído o Grammy.

Também completamente no pólo contrário ao trumpetismo/trampetismo em voga, devo referir  as "Conversas Com o Público" havidas no "Foyer" do TMJB, em Almada, e depois continuadas no magnífico espectáculo "Cabaret Alemão".
Primeiro, no "Foyer", depois, na sala de jantar do Teatro, o diálogo com o público processou-se liderado pela escritora Luísa Costa Gomes, pelas encenadoras/or e actrizes/or Maria Rueff, Sofia de Portugal, António Pires.

Antes de prosseguir, justifica-se citar uma óptima introdução de Mário Vieira de Carvalho : "Há quem aponte o Cabaret Artistique de Rudolf Salis (1880) como momento fundador do cabaret . Pouco depois chamava-se Chat Noir e pertencia a Aristide Bruant, um dos mais célebres comediantes do novo género (cujo Aristide, se a memória não me atraiçoa, vi num filme, em tempos da minha adolescência, em Caminha, a interpretar a personagem do Fantômas). Era uma taverna (cabaret) como qualquer outra, mas que ganhava uma nova qualidade: um lugar onde se fazia arte. Essa qualidade já era certamente inerente a esse tipo de local, e desde tempos imemoriais, se pensarmos que a taverna sempre terá proporcionado manifestações mais ou menos espontâneas, de carácter mais ou menos artístico, incluindo recitações de poesia e música. Bocage seria um cabaretista "avant la lettre?".

Estavam a gostar, não estavam?... Então vão assistir-participar às últimas representações do "Cabaret Alemão", no TMJB !

Como ia a dizer, os artistas acima elencados receberan-nos no átrio do Teatro e desataram a bombardear-nos com verdades como punhos:
Luísa Costa Gomes - "O comício não deve entrar no teatro. A linguagem do comício é o mais unívoca possível: diz ao participante o que deve pensar. A linguagem do teatro é equívoca, desperta vários significados, interroga, pretende pôr o espectador a pensar por si.
Maria Rueff - "Vivemos tempos em que é preciso lembrar o óbvio. Saramago dizia que a Humanidade não é flor que se cheire. A improvisação, o cómico aprende-se no palco, é um trabalho colectivo, é o resultado de ensaios sem fim,  horas e horas, tentativas e erros. Herman José ensinava-nos, contem-te, retém a tua palavra-chave, se for proferida fora do tempo exacto, o seu efeito perde-se."
Sofia de Portugal - "Chegámos a uma situação em que nos sentíamos esvaziados de conteúdo, mas nem sequer podíamos revelar que éramos censurados, tinham-nos tirado o pio. E o machismo dominante atingiu em primeiro lugar as mulheres, éramos as primeiras a ser despedidas, éramos mortas em vida. Tenho duas filhas em casa que preciso de alimentar, educar..."
António Pires - "Não somos nós que vamos ter com os textos, são os textos que vêm ter connosco. Apaixonamo-nos pelos textos. Não se pode representar um texto em piloto automático, temos de vivê-lo, recriá-lo".

Riquíssimo, não é? Pois, se os dinamizadoras/or das "Conversas" estavam à espera de um público passivo, tímido, temeroso de se expor, enganaram-se. Almada é Almada . Tem os seus pergaminhos, a sua história municipal, assaltou o terrível forte de Almada e esquartejou o seu cruel director ainda durante a monarquia. A revolta de Almada durou pouco? Enquanto durou foi uma chama!  O público das "Conversas" daquele dia arregaçou as mangas e vá de ripostar à mesa das dinamizadoras/or com as suas experiências, as suas opiniões próprias, quase sempre para corroborar o que tinha sido expendido, mas a partir de vivências pessoais... apaixonadas.
Uma das intervenções do público, sublinhou que não devendo ser certamente a peça teatral uma paráfrase do discurso político, a esfera do político não deve ser imaginada fora da esfera teatral, dado que qualquer peça de teatro reflecte melhor ou pior uma consciência de classe (reaccionária, revisionista ou revolucionária) e qualquer consciência de classe é portadora de uma visão da sociedade, de valores éticos e ideológicos. Atrevidote o público daquele fim de tarde...

Não me é possível sintetizar o espectáculo da noite ( e não creio que seja possível para quem quer seja por muito dotado que for, pois se fosse possível era dispensável o palco; o teatro - ainda que Shakespeare, Molière, Brecht, Samuel Beckett, Dario Fo, Tchekhov, Gil Vicente, Bernardo Santareno - vive-se em cima das tábuas ). Após o espectáculo da noite, Maria Rueff deu início ao verdadeiro exercício de improviso, trabalho de equilibrista em cima do arame, a muitos metros do solo, sem rede: passeou-se entre as mesas, provocando inesperadamente os espectadores em momentos de humor crítico irresistível.
Sofia de Portugal, afirmou que ela seguia rigorosamente os textos, ensaiados vezes sem fim, mas só os textos, nada mais que os textos. Improvisar, improvisar apenas com a Rueff, emérita em todas as artes de representar. A Rueff improvisa e ela, Sofia, tenta acompanhá-la, segura de seguir piloto seguro.
Devo teclar que tenho as maiores dúvidas em dar crédito às modestas afirmações de Sofia, pois já a vi representar várias feitas, conheço um dos encenadores com o qual trabalha frequentemente, José Peixoto, director, encenador e actor do Teatro dos Aloés, e o Zé confidencia-me que nunca dorme descansado quando trabalha com a Sofia, visto que ela, de récita para récita, altera sempre as actuações. Todavia, já se sabe que isto de artistas são todos um pouco marados... e eu também o sou por querer indagar onde reside a realidade real.

E como tenho estado a falar da difícil arte da comédia - fazer rir é mais difícil que puxar a lágrima - não posso terminar sem referir o novo folhetim das Rádios e Tv's: saber se o senhorito que dirige tão mal o Sportém, o sr. B.de.C. cuspiu ou soprou fumo de cigarro electrónico para as fuças do sr. presidente do Arouca. Confesso que não sabia que soprar fumo de cigarro electrónico para a cara de alguém era uma manifestação nova de delicadeza cívica e amizade desportiva. Porém, o presidentezito do Arouca, que também não é flor que se cheire, enviou uma carta ao SCP, justificadamente prestigiado até à direcção de B.de.C., carta na qual aconselhava vivamente uma lipo-aspiração ao corpo de B.de.C., porém não seria de admirar que encontrassem a caixa craniana vazia de conteúdo. Em suma, os presidentezinhos em questão estão bem um para o outro... ao nível da sarjeta.

E finalizando de vez esta edição do blogue: discordo frontal e profundamente da afirmação de Saramago, segundo a qual "a Humanidade não é flor que se cheire". Frase de fino recorte literário e cínico, todavia não leva em linha de conta a longa linhagem de vivências generosas, altruístas, dadivosas que há milénios consideram os outros homens, todos os homens, como seus irmãos.


Desta feita deixo as habituais fotos para a próxima edição.

Cordialmente do

Leopardo

      

quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Miuçalhas 2

Na sofreguidão de Vos transmitir o lodaçal que foram as eleições estado-unidenses - lodaçal que porta no bojo inúmeros ovos de serpente, lodaçal cujo único aspecto positivo que tem revelado é uma enorme rejeição da eleição do Trampas por parte substancial da população dos EUA -, esqueci-me de Vos falar de dois espectáculos a que assisti recentemente. Nessas eleições-lodaçal que importa já que os 155 mil votos que Hillary teve a mais tenham subido para 668 mil votos nas contagens que ainda não fecharam, ou que a actual mulher do Trampas , 30 e tantos anos mais nova do que ele, tenha pousado nua para a revista porno "Playboy" ou que tenha dançado no varão?!... Pelo que é dado observar, ser mulher do Presidente da "maior democracia do mundo", os "States", é uma lexívia que lava tudo...

Dentre os dois espectáculos esquecidos, um deles magnífico, um "capolavoro", a Ópera "OEdipus Rex", que resplandeceu no Teatro de São Carlos (em Lisboa, ao Chiado) durante três exíguas sessões.
Acrescento já que o único aspecto censurável é que uma obra de tal esplendor , e tão dispendiosa, só seja exibida 3 vezes (sempre com a lotação esgotada), e não seja levada, pelo menos, ao Porto.
Nas três récitas levadas ao palco do São Carlos não sei o que mais devo salientar: se a interpretação exemplar do Coro (elemento crucial da obra), dirigido pelo maestro Giovanni Andreoli (um italiano em aportuguesamento progressivo), se o tenor Nikolai Schukoff (OEdipus), se a mezzo-soprano Cátia Moreso (Jocasta), se a encenação com um ritmo trágico de estatismo de Ricardo Pais, se o despojamento espectacular da cenografia e figurinos de António Lagarto, se o acerto à altura da obra (o que não é dizer pouco) da Orquestra Sinfónica Portuguesa , dirigida superiormente pelo maestro Leo Hussain , de renome internacional em ascensão, se do empenhamento e acompanhamento invulgar de todos os que integraram as récitas. 

A Ópera, resultante de uma colaboração entre Igor Stravinsky e Jean Cocteau, reinterpretou a tragédia grega de Sófocles, vazou-a no latim clássico, não tanto para nos dar o drama familiar (elemento central da teoria psicanalítica de Sigmund Freud) ou para se constituir como uma parábola sobre o Destino, mas, sim para ser uma alegoria entre as pulsões insubordinação/orgulho e a submissão que habitam o espírito humano. Além disso, Stravinsky pretendia virar uma página da Música, afastando-a das influências dominantes germânicas, "nebulosas",  de Wagner e do romantismo de Debussy.
"OEdipus Rex" foi recebida sem entusiasmo pelo público nas primeiras récitas, que só lhe encontrava desarmonias, e recebeu dos músicos opiniões muito dissemelhantes, desde o louvor extremo ao desagrado total.
Entre os primeiros, Francis Poulenc - "A vossa arte alcançou tais alturas que seria necessária a língua de Sófocles para poder expressá-la" - e Maurice Ravel - "Stravinsky nunca está, felizmente, satisfeito com as suas últimas obras: ele está sempre à procura. (...) OEdipus Rex  mostrou que, enquanto ele se diverte com as velhas formas, ele está, na realidade, a encontrar algo de novo." 
Da banda dos segundos, Benjamim Britten - "(...) O entusiasmo do maestro pareceu não se ter transmitido aos espectadores. O coro cantou com a necessária precisão, mas monotonamente e sem grande vitalidade. A atitude da orquestra pareceu ser a mesma: os solistas (...) pareciam estar totalmente à deriva." Arnold Schönberg  (considerado o pai do dodecafonismo) ajuizou: "Não sei o que deva gostar no OEdipus... é tudo negativo; invulgar teatro, invulgar encenação, invulgar resolução da acção, invulgar escrita vocal, invulgar representação, invulgar melodia, invulgar harmonia e contraponto, invulgar instrumentação - tudo "in" sem ser nada em particular... Tudo o que Stravinsky compôs é ruído, tudo o que é desagradável esta sua obra deve inspirar."

Quando Stravinsky morreu - a 6 de Abril. 1971, em Nova York, sendo sepultado, a seu pedido expresso, a 15 de Abril do mesmo ano, no cemitério ortodoxo San Michele, em Veneza - já ninguém contestava o marco incontornável que as suas obras constituem no património da Música, música de um finlandês que tão bem assumiu o espírito tradicional da música russa.

E depois de ter escrevinhado sobre a obra-prima "OEdipus", chamo-Vos a atenção para o filme "O Herói de Hacksaw Ridge", não para o irem ver, mas para não caírem na esparrela de o verem.
Inspirado num caso verídico da 2º guerra mundial, no caso de um americano, objector de consciência, que se oferece voluntariamente a ir para o campo de batalha, integrado nos serviços de saúde, para salvar vidas, mas se recusa a usar uma arma e, muito menos dispará-la. Afirma que deus é que o comanda e é o seu escudo. Em pleno campo de batalha, praticando actos de um heroísmo extremo e de improvisos de inteligência, salvará 86 militares americanos e uns tantos japoneses (japoneses que os serviços de saúde norte-americanos deixaram morrer) , na batalha pela ilha de Okinawa (no Japão, único teatro de guerra no qual as Administrações dos EUA investiram realmente, desejosas que estavam - e estão - de penetrarem economicamente na China e na Índia).
Portanto, um caso inspirado em acontecimentos reais - e entrelaçado com uma história romântica, igualmente inspirada no real - que poderia ter uma leitura pacifista, tão necessária nos tempos hodiernos. Porém, assim não pensam os donos de Hollyhood. Entregaram a direcção do filme a Mel Gibson e, nas mãos deste realizador troglodita, todas as películas se transformam num campo virtual de batalha sanguinolenta com os tambores da guerra a sobreporem-se a qualquer lampejo de pacifismo.
Se, apesar da minha advertência, insistirem em ir ver as duas horas de palavrões, explosões, estertores mortais, tudo servido em bandas sonoras mega-estereofónicas, verifiquem no final se algum sangue não Vos escorre também nos neurónios.

Todavia, no domingo jogou a Selecção Nacional de Futebol - sénior, masculina - superiormente liderada pela cara torturada do Fanan (do qual sou "tiffoso" à séria... tocam-me a alma a sua modéstia, ponderação, coragem, capacidade de sofrimento). Lá ganhamos, como não podia deixar de ser, a uns matarruanos de uns lapónios, brutos com'às casas... Eu, que não percebo nikles de futebol nem exibo pretensões a perceber, falhei no resultado (costumo acertar, vá-se lá saber porquê). Tinha previsto que ganhávamos por 3 a 0 e o Fanan compensou-nos com 4 a 1. É de míster !! Eu festejei com uma garrafa de bom tintol da península de Setúbal e umas aguardentes velhas. É também o meu desforço sobre o Trampas .

No registo trágico-cómico tivemos a prisão do Piloto . O psicopata com vários assassínios às costas, que os "mírdia" agora apodam de "presumível delinquente", entregou-se às forças policiais exigindo a presença dos órgãos da Comunicação Social. E as polícias anuíram ! O malandro, acolitado e instruído por uma equipa de advogados (pelos vistos dinheiros não faltam...) , exibindo um focinho de pão sem sal,  defende-se afirmando "eu sou maluco!, então não se vê logo?! não me lembro de nada", afirmações que demonstram que psicopata será, mas com perfeita consciência de tudo o que cometeu.
E eis o Piloto transformado em folhetim nacional... Isto não se faz à Teresa Guilherme que praticó-concretamente usufruía do exclusivo com a sua Casa dos Segredos dos"bas-fond" ...

É verdade que o Piloto apresenta uma vantagem: parece que o homem sobreviveu durante um mês a castanhas. O que constitui, como é óbvio, uma excelente propaganda à boa da castanha nacional. Proponho imediatamente que se proponha a Castanha Nacional a Património Cultural da Humanidade. E que se envie uma arroba de castanhas nacionais ao Obama, ao Trampas e à Hillary... só para aquilatarem o que são os portuguesinhos valentes... 

Outro caso de milagre são as descidas e subidas da economia nacional e alemã. Todos os dias sobem ou descem, variam (ou vareiam? ou varejam? , o sr. Malaca Castel-Queijo que me desculpe, porém aquele seu iluminado Açordês deslumbra-me e entontece-me !)  uns pontos. O Instituto Nacional de Estatística (INE) concluiu à pouco que o PIB (Produto Interno Bruto) português, em 2016, subiu para 1,61. É de maravilha, sobretudo face à economia alemã que desceu não sei quantos pontos, apesar da alegria incurável de herr Schültz e da chanceler Merkel .

Sua Excelência Excelentíssima, o nosso Primeiro Absoluto nos Negócios do Estado encontrou uma expressão sublime para definir a subida do nosso PIB: afirma Sua Excelentíssima Excelência que mais ponto menos vírgula do nosso PIB, ele prefere ver "o copo meio cheio" em lugar do "copo meio vazio" dos do bota-abaixismo. Medir o PIB aos copos só uma inteligência com'à dele s'alembraria... Digamos que é uma pipa de esperança que Sua Excelência oferta à Nação. Retiro-me, curvado, às arrecuas.

E para terminar com sal esta parlenga de hoje, quero recordar que o nome Vatel não surge por acaso como marca de alguns tipos de sal. Foi repescado de um famoso cozinheiro do rei Luís XIV (século XVII) que bastante contribuiu para a fama, justificada, da cozinha francesa. Entre outras coisas é-lhe atribuída a invenção de creme de "chantilly" (o que é contestado por italianos, espanhóis e "tutti quanti" eram Nações de peso na época... a cozinha tem igualmente um importante papel político e ideológico!). Vatel ficou de tal forma famoso que, quando se quer afirmar que fulano é um grande cozinheiro, se diz "é um Vatel". O grande actor Gerard Depardieu já interpretou a figura de Vatel numa excelente película, lição de história sobre a centralização do poder no rei e a transformação da poderosíssima nobreza feudal numa nobreza de corte.
E, vejam lá, segundo rezam as crónicas, o talentoso e ambicioso Vatel suicidou-se aos 40 anos por supor que iam falhar uns festejos que Luís XIV o encarregara de organizar para inaugurar a abertura do Palácio de Versalhes. Festanças que duraram 2 semanas, para 60.000 convidados, festanças que incluíam espectáculos musicais, óperas, teatro, ballet, performances diversas, para além dos banquetes.
Mas, a que propósito vem esta minha referência a Vatel? Devido ao sal. O sal, usado inicialmente como um produto farmacêutico (por causa do seu preço), tornou-se posteriormente fundamental na alimentação, nomeadamente para temperar as belas das castanhas - as batatas só chegaram, infelizmente, depois da descoberta do Novo Mundo, as Américas. Ora, sem sal, que seria das belas castanhinhas portuguesas com a sua quota parte na subida gloriosa do nosso PIB ?!!...

E, como o senhorito B.de.C. não contribuiu nos últimos dias com nenhuma altercação nova para nos alegrar as existências cinzentas, para além de se ter apurado que cuspiu para o cara do presidente do Arouca e de nos termos inteirado que o designado presidente do Arouca está à altura litigiosa de B.de.C. , termino por hoje este blogue, antes que a trampa me entupa a paciência.


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                                       Resultado de imagem para fotos de castanhas assadas
Saudações amistosas

e um pouco mal-cheirosas

do Leopardo