Reflexões do Leopardo

Reflexões do Leopardo
Reflexões do Leopardo

sábado, 30 de julho de 2016

Políticas epitáfias

Ao revés do que parece induzir o título desta reflexão, julgo justamente o contrário: considero o pensamento político e o exercício da política uma das mais altas manifestações da actividade humana.
A anulação da política (do termo grego "polis", urbe, gestão dialogada da cidade) é o retrocesso ao exercício puro e duro da lei dos mais fortes, da lei das armas.

Objectar-se-á que no exercício dialogado da urbe ("urbe" por oposição ao campo inculto, não trabalhado pela cultura humana) os que são mais fortes a lidar com as artes do discurso - os mais ricos, os que têm tempo para o "ócio", uma pequena parcela da sociedade - estão em vantagem. É verdade, porém, o diálogo obriga à argumentação, à justificação na "ágora" - praça pública, espécie de parlamento ao ar livre - , na qual, pelo menos teoricamente, todos podem estar presentes e intervir.

Não devemos esquecer que a "democracia" (poder do povo) é introduzida pelos filósofos gregos "sofistas" - os primeiros filósofos a pedir pagamento pelos seus ensinamentos, pois, ao contrário dos "aristocratas" ( de "aristoi", "os primeiros"), como Platão (descendente de famílias terrafundiárias, tradicionalmente dirigentes de Atenas) , não possuem fortunas pessoais que lhes permitam custear a prática da filosofia ("a filosofia" era entendida não apenas como um exercício de conhecimento, mas também, sobretudo, como um exercício de crescimento anímico - de "anima" que significava "sopro vital").
E a luta de argumentos inicialmente - 540 anos a.C - passa-se entre os Sofistas (os democratas) e Platão (o aristocrata) , o qual elabora uma das primeiras teorias estruturadas do poder político, sublimando o que acontecia na região de Esparta, substituindo, porém, a liderança política dos chefes guerreiros espartanos (aristocratas terratenentes) pela liderança política aristocrática dos filósofos, aqueles que indicam a via do Bem moral.

Ora, como se colocam as coisas, hoje, no século XXI, momento em que galopa num crescendo para uma terceira guerra mundial, liderada pelos EUA, com o uso dos mais sofisticados sistemas de armas da panóplia nuclear?

Hollande enfurece-se porque um padre católico foi morto em território francês e berra que não vão mais euros franceses para mesquitas. A fúria atinge diapasões inauditos apesar de os inquéritos não se terem sequer iniciado e, sintomaticamente, - tal como sucede nos EUA - o presumível autor do atentado ser morto na hora... e os mortos não falam.
É óbvio que Hollande ultimamente só anda em bicos dos pés e consta que lhe vão ser oferecidos vários pares de sapatilhas de "prima ballerina", reforçadas nas pontas, para este tipo de bailados.

Nos EUA as pessoas riem-se e perguntam se vão votar no Donald Trampas ou na Trampas da Hillary.
Hillary esganiçou a asseverar que os EUA são os campeões da democracia mundial (com o marido, ex-presidente, a apoiá-la na campanha e a Mónica Lewinsky a microfonar que a traída foi ela).
Pelo mundo fora há quem se regozije por Hillary Clinton ser a primeira mulher a candidatar-se à Casa Branca, esquecendo-se que Barak Obama e Collin Powell - respectivamente chefes político e militar dos EUA -, apesar de serem de ascendência negra, em nada alterou a política dos EUA que, na verdade é conduzida pelos enormes complexos militar-industriais norte-americanos. Passaram a ser apenas mais dois multimilionários, de pele mais morena, no topo da hierarquia politicó-militar dos "States".

A República Popular da China (capital em Beijing) afirma-se ameaçada pela presença e exercícios das esquadras norte-americanas nos Mares do Sul da China, convocando os países da ASEAN e a Federação dos Estados Russos para avaliar a ameaça e os meios de a combater.

O Papa Chico passeia-se completamente só e num silêncio total pelo campo de extermínio hitleriano de Auschvitz. Perguntando-me eu, simplório, se o isolamento e o silêncio é tanto, porque o vejo eu tão bem no meu écran de TV em Lisboa. Decerto mistérios ou milagres do Altíssimo.

Os "mírdia" nacionais concentram-se no Futebolês e suspiram pelo próximo "derbie" entre o Benfica e o Braga, enquanto vão aviando tudo quanto é jogo entre clubes da estranja de alguma monta.

Sua Excelência Excelentíssima O Primeiro Primeiro aguarda o desenho completo da situação complexa e vai medalhando, beijocando, abraçando os nossos campeões do desporto. Sua Excelentíssima Excelência O Primeiro Logo A Seguir sorri oleosamente e indaga "qual é a pressa?...".

Portantos, portantos, devemos estar a viver uma nova edição, revista e ampliada, do "Fungágá da Bicharada", catrafilada ao pobre do Barata-Moura.

Que o Altíssimo Zé Povinho nos apoie!

Resultado de imagem para fotos ou imagens de Atenas Resultado de imagem para fotos ou imagens da Casa Branca Resultado de imagem para fotos ou imagensde Hillary Clinton




Resultado de imagem para Fotos ou imagens da República Popular da China Resultado de imagem para Fotos ou imagens da República Popular da China Resultado de imagem para fotos ou imagens de um porta-aviões norte-americano



Do Leopardo

confiante na Luta

   

   

domingo, 24 de julho de 2016

O terrorismo bom e o terrorismo mau

Cá o Leopardo já tinha descoberto faz décadas que existe um terrorismo bom e um terrorismo mau - há semelhança do BES bom e do BES mau - , porém, agora, apimentado pela confirmação de Sua Excelentíssima Excelência Vaca Merkel, a coisa adquire outro sabor.

O terrorismo mau é, por exemplo, uns disparos a esmo em Munique que assassinam 10 pessoas,  ou umas pedradas lançadas por palestinianos que racham umas tolas israelitas em Jerusalém, o terrorismo bom são bombardeamentos consecutivos de toneladas de bombas que assassinam uns milhares mal contabilizados de crianças, mulheres, velhos, militares na Síria de Assad ou de palestinianos nos montes Golan.
Sua Excelência ExcelentíssimaVaca Merkel é uma bavierense gorda, de um loiro recordado a anilinas, que é, por exemplo, mais tolerável ao olhar (quando não urla) do que herr Schaüble, todavia, menos tolerável do que o José Castelo Branco ou a ex-secretária de Estado norte-americana Condollezza Rice.

Os "mírdia" do rectângulo nacional, entretanto, parecem ter sido sujeitos a uma lobotomização dos lobos cerebrais frontais e perderam toda a memória. Funcionam de acordo com cassettes introduzidas no momento. Foi mesmo criado de urgência um Conselho Superior de Especialistas do SIS para deslindar (ou será alindar?...) o caso de Munique. A Pátria está, pois, salva e a segurança europeia e planetária em bons neurónios.

 Resultado de imagem para fotos ou imagens do atentado de Munique Resultado de imagem para fotos ou imagens do atentado de MuniqueResultado de imagem para fotos ou imagens de Merkel Resultado de imagem para fotos ou imagens dos bombardeamentos na Síria Resultado de imagem para fotos ou imagens dos bombardeamentos nos Montes Golan       Resultado de imagem para fotos ou imagens da Intifada




Saudações confiantes

de luta

do Leopardo 

terça-feira, 19 de julho de 2016

O último dia do Festival de Teatro de Almada... deste ano.

Quase me apetecia começar esta croniqueta teclando "foi mais do mesmo", porém não seria justo.
Cá o Leopardo tinha depositado umas esperanças que "Thanks for Vaselina" da "Carrozzeria Orfeo", quebrasse o estranho mutismo sobre a avançada galopante da terceira guerra mundial, nuclear, liderada pelos "States", mas ná, nada, "niente", "nulla di nulla".
A peça representada pela "Carrozzeria" representou pela enésima vez mais uma versão do lumpem-proletariado atravessado pelos problemas do comércio da droga, da transexualidade, da prostituição, da religiosidade, do complexo freudiano de édipo, dos feios nunca amados ou desejados - uma rapariga gorda que aspira, ao menos, a ser sodomizada - até, mesmo, por impulsos súbitos e inconsequentes para um terrorismo falacioso de "esquerda". A peça foi mal encenada e interpretada? Não, não foi, todavia também não trouxe ar fresco nenhum.

Se o Leopardo só tivesse frequentado o Festival de Teatro de Almada deste ano, julgaria ter entrado num curso acelerado, em doses maciças, de terrorismo verbal, de recorte "sérysista". Ele era droga, sexo, transexualidade , pistolas em riste em tudo que era canto do palco. Enfim, o Festival de Teatro de Almada e o seu actual director lá sabem os problemas que os agitam.

A noite foi salva pela Compañia Mercedes Ruiz , uma das companhias expoentes do Flamenco na Península Ibérica. Não vou tornar a repetir coisas que já escrevi numa das edições do meu blogue acerca do Flamenco.
O Flamenco (não as Sevilhanas, que são uma dança cortesã, de castanholas, "peiñetas", passes e rodopios metrificados) é uma dança de um Povo escorraçado da sua Terra natal, lá para as Índias, e que, de rejeição em rejeição, acaba por assentar arraiais num triângulo cujos vértices se encontram na Andaluzia, Múrcia e Estremadura espanhola. O Flamenco é uma dança visceral, saída das entranhas de um Povo, que de repúdio em repúdio, fala para as entranhas da Terra, exigindo-lhe nos ecos propagados do "cante", nos volteios dos "bailaores", nas patadas furiosas no solo, justiça. Justiça pela guerra sem quartel que lhes foi movida ao longo de séculos. Justiça pelas mortes sofridas, pela miséria, pela fome, pelas doenças, pelo preconceito, inimigo letal.
A Compañia Mercedes Ruiz, tem a sua estrela na "bailaora" que dá o nome à Companhia e que foi premiada pela originalidade da sua coreografia, em 2006, na Bienal de Sevilha. Mas, todo o resto do elenco está à sua altura: uma guitarra inimaginável nas mãos de Santiago Lara, réplicas excelentes a cargo dos  "cantaores" (um deles tenor e também "bailaor" inventivo ; o outro, baritono, escavando cântaros de uma sonoridade forte) e os restantes cúmplices da Festa Flamenca.

Logo, com a Compañia Mercedes Ruiz, o Festival de Teatro de Almada fechou com a Alma Flamenca e com Chave Vermelha. Que Viva El Flamenco !!!



                      Resultado de imagem para fotos ou imagens do Festival de Almada





Amplexos confiantes,

de luta

do Leopardo

           

segunda-feira, 18 de julho de 2016

Salada Russa & o enamoramento progressivo do Festival de Almada por posturas pró-seryse

Esta edição do blogue porta este título porque está em marcha e em marcha avançada uma desfilada para a terceira guerra mundial (claro que será nuclear!, onde já se registou uma potência imperial, que pretende assenhorear-se de todo o mundo da sua época, não empregar as armas mais fortes da sua panóplia?... ; no presente, será nuclear, com as diversas variantes do nuclear, e com o recurso a sistemas de armas estacionadas no espaço.)

Quem a está a conduzir? Os meus Amigos estão a brincar comigo ou estão empranhados de futebolês? O futebolês é mais anestesiante que a injecção atrás da orelha, é pior do que chutar para a veia!
É evidente que é a Casa Branca/o Pentágono/a CIA/ a Nato. Tanto quanto é possível saber é nalguns dos Estados dos EUA que se aloja o grosso do Grande Capital, e na City, uma milha quadrada no centro de Londres que não pertence à Inglaterra, é Washington que possui a liderança das Forças Armadas mais temíveis do planeta (esquadras de porta-aviões, submarinos nucleares, forças terrestres, tanques da última geração, uma Arma autónoma de Marines, forças especiais - rangers, paraquedistas, seal's - todas equipadas com mísseis nucleares telecomandados, e "le dernier cri", os drones que podem ser comandados e disparar a partir do território norte-americano, da casa pessoal de  militares especializados, que arranjam depressões, pois a dada altura não distinguem o real de um jogo), é Washington que avança, toma posições, ocupa todos os teatros estratégicos pelas suas reservas energéticas e de minérios, pelas suas situações geoestratégicas.

Os Russos? Ah, sim, o Estado Russo, Putin, fala-se muito. Porém, poucas manifestações existem desse poder militar, para além de uns avões abatidos ao "Estado Islâmico", algum apoio à Síria da família Assad, umas propaladas conversações com a República Popular da China. Mas é o Estado Russo (capitalista, por sinal) que está cercado por 15 bases militares norte-americanas em redor das suas fronteiras terrestres.

Sim, também se engendra muito sobre um hipotético poderio militar e científico da República Popular da China. De concreto, sabe-se que montaram sózinhos uma base no espaço sobre a qual não partilham informação e de grandes avanços na tecnologia de informação e comando à distância (o que condiz com os avanços referidos). O enorme Exército Vermelho chinês - 42 milhões de pessoas, só por si não é significativo, depende da modernidade do seu armamento e do seu sistema de comunicações e comando.

Ah, querem falar do recente atentado em França e das posições agressivas, xenófobas, racistas, das declarações de guerra de François Hollande, de apoio incondicional à NATO.
Há 3 semanas patrasmente Hollande caía em queda acelerada na opinião pública francesa. Nada lhe corria bem. A economia francesa estagnava, os assalariados franceses protestavam nas ruas com pedras e cocktail's molotov (há um ror de tempo que não eram filmadas em França). Até no Campeonato Europeu de Futebolês perderam contra o pequeno Portugal, levando-o, num gesto desastrado que traduz a alma, a iluminar a Torre Eifel com as cores francesas, e não as portuguesas como devia.

Hollande, numa febre de protagonismo e de recuperação de prestígio perdido, após um suposto atentado do Daesh em Nice, - onde morreram até ao momento mais de 80 seres humanos, 60% deles crianças e o número não pára de aumentar - não esperou 10 minutos pelo resultado do inquérito encomendado, pôs-se a berrar a pleno pulmões que o atentado tinha sido realizado pelo Estado Islâmico, decretou três dias de luto nacional, aumentou o estado de alerta vermelho (isto é, de guerra) para mais três meses e asseverou que vai amplificar e aprofundar a guerra contra o Iraque - o que é uma novidade, pois, oficialmente, a guerra neste país tinha sido encerrada com a prisão de Saddam e a farsa do seu julgamento - e contra a Síria dos Assad (família que foi colocada no trono pela Inglaterra, a qual, apesar disso é uma das monarquias da região com mais apoio popular), aconselhou a população francesa a não sair de casa a não ser quando estrictamente necessário e a denunciar todas as pessoas e movimentos suspeitos.
Posteriormente, tem vindo a lume que o motorista do camião numa deriva suicida e assassina, era desequilibrado mental, com internamentos registados em hospitais psiquiátricos franceses. Motorista que foi morto na hora pelas forças de segurança francesas... e como, é do conhecimento geral, os mortos, doidos ou não, não falam.

Hollande asseverou o seu apoio incondicional às posturas de guerra nuclear planetária de  
Washington/Pentágono/NATO/CIA. É obvio que Hollande se está a pôr em bicos de pés, as Forças Armadas francesas valem o que valem, mas Hollande e o Partido Socialista francês conseguiu ultrapassar pela direita baixa e caricata o Partido Socialista Italiano, escárnio de todos os partidos socialistas europeus (ao lado dos quais o Partido Socialista Português faz figura de um lince assanhado...social-democrata).

Ora, uma das consequências desta histeria e galope desenfreado para uma terceira guerra mundial nuclear liderada pela Casa Branca, é que a Comunicação Social dominante ou "mírdia" se tornou sua cúmplice, martelando todos os dias os tambores da guerra, e as posturas do Séryse - e esse seu caixeiro viajante no exterior, que dá pelo nome de Varoufakis - estranhamente (ou talvez não) seduzem pessoas e grupos inclinados para a Esquerda.

No caso que tenho acompanhado nas duas últimas semanas, o Festival de Teatro de Almada e o TMJB, com uma herança justamente conquistada ao longo de meio século de mostrar teatro de Esquerda e questionar as suas temáticas mais urgentes, este ano não mostra nem questiona o galope para a terceira guerra mundial nuclear. E, contudo, esse galope é claramente visível, pelo menos, no último quinquénio. O Festival, o TMJB, não o apresentam, não o questionam porquê? Não o consideram urgente? Dominante?

O Festival e o TMJB têm representado e dado palco a temas decerto importantes como os temas relacionados com o Amor, os desejos eróticos-sexuais, a manipulação e despersonalização através do sexo. Pergunto se os considera prioritários à temática da Guerra e aos argumentários a ela ligados.

Também, em relação aos jornalistas aos quais o Festival e o seu actual director acharam por bem distinguir com prémios e menções honrosas me deixa perplexidades. De uma forma global são jornalistas, velhos ou novos, com uma carreira que se pode enquadrar nas tais personalidades seduzidas pelo "sérysismo". A primeira das quais foi Saens, autor galego de um blogue e de uma revista de fraca expansão, anti-comunista assumido, que puxou para cima com ele outras figuras espanholas de recorte político semelhante. Nos jornalistas nacionais distinguidos figurava a revista de "Artes e Letras", "O Público" (uma jovem), etc.
É caso para afirmar que o actual director do Festival de Teatro de Almada e do TMJB esqueceu, desconhece ou não concorda com o famoso lema de Álvaro Cunhal - "a Revolução
faz-se com Revolucionários."
Joaquim Benite, personalidade cimeira do Teatro Português nos séculos XX e XXI, era conhecido pelo seu temperamento áspero, mas não era surdo mesmo para aquilo que lhe desagradava à primeira impressão. O actual director do Festival e do TMJB apresenta invariavelmente um "facies sorridente" , porém, sofre, no mínimo, de uma surdez parcial.



Amplexos confiantes do

Leopardo    

Resultado de imagem para fotos ou imagens da Casa Branca Resultado de imagem para fotos ou imagens de Obama Resultado de imagem para fotos ou imagens de Hollande     

                                       Resultado de imagem para fotos ou imagens do Festival de Almada