Reflexões do Leopardo

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quinta-feira, 31 de março de 2016

Mário de Carvalho, Monica Bellucci & Sua Excelência Excelentíssima

Na edição anterior do blogue estampei lá o rosto do Mário de Carvalho, pois tencionava alinhavar algumas palavras sobre ele e, depois, perdi-me... É o Alzheimer a bater à porta.
Bom, o Mário de Carvalho, sempre foi, e continua a ser, um dos meus escritores favoritos, veja-se, por exemplo, essa notável obra de erudição e conselhos sábios que é "Quem Disser o Contrário é Porque tem Razão", que se não possui a pretensão de ser um curso para nos ensinar a escrever, vai-nos avisando dos riscos que corremos se pretendemos escrevinhar uma prosa ficcional escorreita. A obra passou a ser um dos meus livros de cabeceira.
Principiei a  enamorar-me da arte ficcional do Mário com "Casos do Beco das Sardinheiras", onde me desbanco à gargalhada, fui agarrado pela "A Paixão do Conde de Fróis" (onde suspeito uma metáfora sobre a personalidade do Álvaro - não confesses, não confesses Mário, pois as lendas tecem-se com estes mistérios) , prolonguei o prazer com a ironia efabuladora da  "A Inaudita Guerra da Avenida Gago Coutinho", a tensão explosiva de "Os Alferes" , e essa obra ímpar, no meu modesto entender, "Um deus passeando pela brisa da tarde", na qual o Mário dá uma volta surpreendente à linguagem inventada e nos leva suspensos de novas aragens. 
Das 21 obras publicadas, mais uma nova prometida para Setembro, só expresso o que sinto sobre aquelas que li.
O Mário de Carvalho produziu ainda argumentos com Luís Filipe Costa, José Fonseca e Costa, dos quais resultaram filmes que nenhum cinéfilo deve perder.
Eu e o Mário , de há uns anos para cá, nem sempre ajuízamos da mesma forma esta ou aquela ocorrência política - o que nada interfere nas nossas fidelidades políticas comuns, penso eu de que.. - mas como haveríamos de entreter prazeirosamente as nossas velhices... "e podemos sempre trocar umas opiniões sobre isso...". 
       
  Resultado de imagem para fotos ou imagens do escritor Mário de Carvalho e das suas obras    Resultado de imagem para fotos ou imagens do escritor Mário de Carvalho e das suas obras  Resultado de imagem para fotos ou imagens do escritor Mário de Carvalho e das suas obras


Ora, para deixarmos o Mário de Carvalho em boa companhia, vou pedir a Vossa atenção para o Festival de Cinema Italiano, promovido pelo Istitutto Italiano di Cultura ( IIC ) e pela Ambassiata Italiana a Lisbona, a ocorrer em vários espaços de Lisboa - no São Jorge, no Centro Cultural de Belém, no Teatro Camões, na Cinamateca, e no IIC (evidentissimamente).

Ontem, o canal 2 da RTP brindou-nos com o magnífico filme "Malèna Scordia", do realizador ("reggista") Giuseppe Tornatore, com música de Ennio Morricone - músico cujas obras tanto contribuíram e continuam a contribuir para os êxitos hollywoodescos de Sérgio Leone e outros. 
O filme "Malèna" é invadido pela interpretação e deslumbrante beleza mediterrânica de Monica Bellucci, que ainda hoje, aos 53 anos de idade, mete num chinelo as loiras "lollypops" fabricadas a dietas, ginásios e intervenções cirúrgicas "made in Hollywood", beleza que fará dela a próxima "girl bond", ao lado do grande actor britânico Daniel Craig.
Em "Malèna" assistimos a esse inimitável ritmo italiano de nos fazer passar do riso ao choro, da tragédia mais cruel ao pormenor ridículo e verosímil num ápice, ainda a estupefacção horrorizada não assentou e já o sorriso desponta.
"Malèna"relata-nos, na rápida passagem de pouco mais de dois anos, a vida de uma pequena vilória siciliana sob o jugo dos fascistas italianos, sob a ocupação dos nazis hitlerianos, sob a "libertação" dos GI's norte-americanos, sob a ocupação dos seus próprios preconceitos ancestrais, e de como esses jugos são especialmente cruéis para as mulheres, sobretudo no caso de elas serem belas. A beleza deixa de ser "un dono" e revela-se uma maldição. 


Resultado de imagem para fotos ou imagens do filme italiano"Malèna" Resultado de imagem para fotos ou imagens do filme italiano"Malèna" Resultado de imagem para fotos ou imagens do filme italiano"Malèna"Resultado de imagem para fotos ou imagens do filme italiano"Malèna"


Bamos, então, a Sua excelente Excelentíssima Excelência. A dita cuja criatura atrás referida, alçada à categoria suprema do Estado Português, embora chefe das Forças Armadas (já é o segundo caso singular de pessoa que nunca fez o serviço militar porém, depois, se encontra alçado a seu comandante supremo) não está acima da Assembleia da República, dos Tribunais e, muito menos, da Constituição da República Portuguesa, da qual deve ser o fiel defensor. Sua Excelência Excelentíssima (a ordem das palavras é arbitrária, o resultado é sempre o mesmo) NÃO FAZ FAVOR NENHUM AO POVO EM DIZER O QUE PENSA SOBRE O ORÇAMENTO DE ESTADO PARA 2016. É SEU DEVER DIZÊ-LO COM CLAREZA !!! Sem habilidades oratórias fa-la-cio-sas ! Sua excelente Excelência Excelentíssima não pode comportar-se como um "capo" do PSD, um factor de contra-poder na Governação - como jurou fazê-lo! -, mascarado de uma "piazza" de convergências, afectos e o mais que o parta.
O QUE FOI ELEITO, TAMBÉM PODE SER DESTITUÍDO.

Também em relação ao Des-Acordo Ortografico/90  ou "Acordês" Sua Eiscelência não pode responder com um dos seus habituais "nim's", isto é, falando como aprendeu na escola primária há sessenta e tal anos e legendar as falas em consonância com o "Acordês". Pela Santa...


Resultado de imagem para fotos ou imagens do discurso do presidente Marcelo sobre o Orçamento de Estado para 2016  Resultado de imagem para fotos ou imagens do presidente Marcelo a assistir ao jogo de futebol Portugal- Bélgica



E, por hoje, é tudo Amigos, 

Os Leopardos requerem os seus descansos 

nos ramos mais altos das árvores

não vá o Dianho tecê-las.      

quarta-feira, 30 de março de 2016

Aos Amigos! e Duas Imprecações - Parte III

Debulhemos então esta terceira ronda da Amizade (Não será a "Ronda Nocturna" do Rembrandt).

"Io ero quasi quasi ad arrivare a" Filipe Diniz um Amigo de longa data com o qual - e com outros - assaltei o Sindicato de Professores afecto ao fascismo e o transmutámos numa organização sindical respeitável, democrática (que incluía até na sua Direcção umas baratas assumidas da Direita), o SPGL, que, hoje em tão péssimas mãos, maltrata o presente e o futuro dos professores e da Educação. Para além disso, o Filipe Diniz, com semanais palavras avisadas no único jornal inteiramente fiável do País - O "Avante!", claríssimo é bem de ver - , vai ajudando a afinar a bússola ao Norte "das manhãs que cantam".

E a Luísa Ortigoso? Com aquele escorreito e metafórico "Bem Vindos a Beirais", que, no mínimo, prova que é possível fustigar a rir uma série de facetas da sociedade portuguesa actual. E aquela sua excelente interpretação da beata ultra-católica e ultra-reaccionária, sempre a persignar-se e a revirar os olhos ao céu? Personagem que assumida a sério poderá servir de arquétipo ao Monsenhor Cardeal Patriarca português e ao Papa Francisco que se passeia de Papa-móvel pelo planeta, lava e beija (?) os pés a alguns mendigos, tentando varrer para debaixo do tapete cardinalício o apoio dado aos sacerdotes católicos incestuosos e os negócios nefandos do Banco do Vaticano (IOR).
Obrigada Luísa Ortigoso pela tua actividade-luta teatral, pelas intervenções políticas que te tenho ouvido exprimir em plenários de Artistas.

E, antes que eu me destrambelhe, subam as fotos à cena:


Resultado de imagem para josé colaço barreiros  Resultado de imagem para Filipe Diniz, político, escreve no AvanteResultado de imagem para Fernando Tavares Marques, actor e encenador Resultado de imagem para atriz luisa ortigoso Resultado de imagem para luisa ortigoso


                                           Resultado de imagem para mário de carvalho escritor

 
Vamos então agora às Imprecações:

Primeiro, é da mais elementar clareza, declarar que nunca me deixei enrolar nessas falsas ondas de , "emoções", "afectos", "transversalidades equidistantes" que o Senhor Presidente da República, professor-doutor Marcelo Rebelo de Sousa tem parangonado em torno da sua personagem, suando duro para criar um mito recém-nado. Só por ironia ou sarcasmo fui tratando a coisa, dedicando mesmo um blogue a explicitar em que um Mito se distingue de um falso Mito. Mas, a ironia, em política, não pode prolongar-se muito tempo, pois corre o sério risco de ser entendida como uma crítica mole ou, pior, como um colaboracionismo travestido.

As questões que quero colocar a Sua excelente Excelentíssima Excelência são as que se vertem a seguir:

- Qual a posição do senhor professor-doutor sobre o Orçamento de Estado para 2016;

- Qual a posição do Senhor Presidente da República "in charge" sobre o Acordo Ortográfico de 1990, mais conhecido pelo DesAcordo Ortográfico ou Acordêz.

E a minha tolerância às suas respostas é Zero, "nulla di nulla". Não me basta um dos seus habituais "nim's". Não coloco nenhuma delas acima da outra, pois se as consequências económicas e sociais do OE/2016 é expectável que ultrapassem uma década, as consequências culturais resultantes do Acordêz é muito verosímil que persistam para além disso.

Ora, Sua Excelência Excelentíssima já começou a responder. E mal, direi mesmo pessimamente.
Perorou Sua Excelentíssima Excelência: "O Orçamento de Estado de 2016, nasce em situação complexa e contraditória a nível nacional e internacional, uma situação aquém do que se previa em Outubro de 2015 (ah, ah, pois então não era?? Nessa altura , com os PÁF's no poder e a chanceler a todo o gás, eram só rosas...) e encontramo-nos agora com um deficite  superior. A Senhora União Europeia - na qual nos inscrevemos oficialmente e nos sonhos - exige cortar nas medidas sociais, reduzir o deficite. No OE/2016 existe uma preocupação social, mas as previsões não serão optimistas? O OE não virá a necessitar de ser rectificado? As receitas e despesas serão realistas? E a execução, a execução??... Este modelo, a apostar no consumo das famílias será realista? A execução é uma solução de compromisso."
Sua Excelência "não viu razões para apresentar o OE/2016 ao Tribunal Constitucional " (porque terá sido, se desejo não lhe faltava?...). Concluiu Sua Excelentíssima  Excelência, o Senhor-Professor-Doutor (será que é o único no País'...) "Resta saber se o possível é suficiente, suficiente para viver em estabilidade política, social, financeira."

Esta é a síntese de uma declaração presidencial de 11 minutos e picos, interpretada sem sorrisos - nada da carinha laroca que exibiu no jogo entre a selecção nacional portuguesa de futebol e a selecção belga, em que dava a intuir que a selecção portuguesa ganhou pela simples presença beatífica da Excelentíssima Excelência - interpretada numa voz de cangalheiro que pressagia que aquela caranguejola não chegará aos céus da União Europeia.

Também em relação ao Des-Acordo Ortográfico de 1990, Sua Excelência emitiu sinais inequívocos: as falas saíam nas sonoridades que aprendeu há sessenta e tal anos, as legendas que acompanhavam as falas no mais lídimo Acordêz tão querido das camadas dirigentes brasileiras.
Isto é, o Senhor Presidente pronunciou-se não como um Presidente de todos os Portugueses, mas como um presidente do PSD.
Declaro-lhe Senhor Presidente , com toda a transparência, que na sua caranguejola, ou tuc-tuc, não embarcarei nunca.


    Resultado de imagem para fotos ou imagens do presidente Marcelo Rebelo de Sousa no discurso sobre o Orçamento De Estado de 2016         Resultado de imagem para fotos do presidente Marcelo no jogo de futebol Portugal, Bélgica


Amigos, hoje findo aqui. 

Os Leopardos também são atreitos a artroses